Censura prévia

Esse dia 07 de junho, que é lacrado como o “Dia da Liberdade de Imprensa”, me faz lembrar e comparar os tempos atuais, com aqueles tempos da “ditadura” no Brasil. Quando atuei na Rádio Guaçu de Toledo, na década de 80, pasmem, um simples texto comercial de qualquer empresa que comprava inserções publicitárias, tinha que ser datilografado em três vias (carbonado) e enviado à PF de Foz do Iguaçu para ser aprovado ou reprovado.

A música era a ferramenta subliminar

Entre as décadas de 60 e 80, muitas músicas foram censuradas, como ‘Rock das aranhas’, de Raul Seixas, que realmente desvirtuavam a moral cívica e familiar. Outras músicas também sofreram censura de cunho político, como ‘Pra não dizer que não falei das flores’, de Geral Vandré. Nunca fui contra essas censuras prévias, pois os artistas tinham que escrever letras com “conteúdo”, fosse ele direto ou subliminar. Se antes eram as músicas (letras) que enviavam mensagens (subliminares) políticas ou satíricas, hoje temos as redes sociais abertas (democracia-hic*), que alimentam os cidadãos, de todo o mundo, com verdades e também com as tais fake news.

Liberdade de imprensa?

Agora, em que vivemos em uma país “democrático”, onde todos têm vez e voz, a minha liberdade de imprensa não existe. Nos dias atuais, eu, como tantos outros comunicadores, estou sendo submetido ao crivo dos censores, a cada virgula, a cada interrogação, a cada intepretação e posição que minha intelectualidade e conhecimento me concedem. Pior, essa censura não é feita pela Policia Federal, e nem mesmo pelo governo federal, que ironicamente é pró-militar, e sim pelo Supremo, que adotou a “ditadura”, ferrando com qualquer jornalista, blogueiro, que questione as ações do STF.

Liberdade de imprensa? I

ALLAN DOS SANTOS, jornalista, é investigado em dois inquéritos do STF. Um, segundo STF, por divulgação de fake news e ataques aos ministros, e outro, como sendo ele membro de uma milícia digital contra a democracia. O jornalista Allan vive nos EUA há mais de um ano e o ministro Alexandre de Moraes pede sua extradição.

Liberdade de imprensa? II

OSWALDO EUSTÁRIO teve sua prisão decretada, e a motivação seria uma live feita entre o blogueiro bolsonarista e o caminhoneiro Zé Trovão. Moraes também determinou o bloqueio das contas de Eustáquio no Instagram, Youtube e Twitter, pois ele teria usado as redes, em transmissões ao vivo, para convocar a população para aqueles atos do 7 de setembro de 2021.

Liberdade de imprensa? III

WELLINGTON MACEDO, outro jornalista, foi preso em 3 de setembro de 2021, por ter entrevistado o cantor Sergio Reis e sob a acusação de ter financiado manifestações do Dia da Independência, a favor do governo Jair Bolsonaro, quando na verdade, ele apenas defendia a marcha da família pela liberdade das igrejas cristãs.

ELISEU LANGNER DE LIMA, condenado pecuniariamente, mesmo cumprindo com as determinações judiciais, por ter feito seu papel dentro da função jornalística que desempenha e dar espaço a familiares do jovem que foi assassinado em 2017 dentro de órgão do estado, cuja responsabilidade segue até hoje sem definição judicial.

Sobre um dos casos mencionados, a Associação Paulista dos Jornalista emitiu essa nota a época:

 O jornalista foi vítima de um atentado contra sua dignidade humana, pois foi encarcerado inocente”, ressalta a associação, no pedido a Bolsonaro. “É aviltada sua liberdade para sangrar de morte o seu inalienável direito à vida.”

Liberdade de imprensa? IV

Li um artigo do Procurador de Justiça e Professor de Processo Penal da Bahia, Romulo de Andrade, onde ele descreve: Tal como na mitologia fenícia, parece-nos que estamos diante de um verdadeiro “Monstro do Caos”, frente à liberdade de imprensa e a de expressão. Depois de países como Argentina, Equador, Venezuela e o Reino Unido lançarem medidas de controle da imprensa, agora é a vez do STF unir-se à polêmica.

A propósito, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) afirmou que a liberdade de imprensa na América Latina viveu, e vive, seu “pior semestre” dos últimos cinco anos, com o assassinato de catorze jornalistas e a aprovação de uma série de medidas estatais de censura aos meios de comunicação.

As ameaças de governantes, mancomunados com os demais poderes em todos os países, têm se dedicado a fechar a boca de quem contra-atacar ou tecer críticas aos poderes Judiciários.

“Existe um plano de demolição das democracias para sustentar líderes que querem voltar e perpetuar-se no poder” com apoio dos homens “togado”. A censura à imprensa também foi o centro do debate na Conferência de Liberdade de Expressão e Democracia promovida pela Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, em Nova York, no final do ano passado.

Para refrescar a “memoria”:

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