Por Dilceu Sperafico*
Para o bem da atividade produtiva, público consumidor e preservação de recursos naturais, o agronegócio brasileiro vem ampliando a geração própria de energia solar e reduzindo custos com combustíveis fósseis. Dessa forma, agricultores aderem à energia solar vendo nas baterias oportunidade de substituir o diesel, com integração de fonte renovável como nova fronteira tecnológica, que permite estabilizar o suprimento elétrico de propriedades rurais e avançar com ampliações da capacidade produtiva. Assim, a busca do agronegócio por baterias pode ajudar a dar impulso ao uso de novas tecnologias no Brasil, tanto em grandes projetos, com expectativa de leilões para integração no setor elétrico, quanto em pequena escala, com a regulamentação pela agência reguladora do uso de energia solar pelos consumidores.
As empresas que fornecem soluções de energia afirmam que o interesse de produtores rurais por sistemas de armazenamento de eletricidade se intensificou e deve se consolidar neste ano, com projetos começando a sair do papel, após a queda recente nos custos das baterias. A área rural responde atualmente por cerca de 14% de toda a potência solar instalada no Brasil, com 4,8 gigawatts (GW) distribuídos em pequenas instalações fotovoltaicas, muitas vezes construídas em telhados ou terrenos baldios. A capacidade solar no agronegócio do País cresceu mais de sete vezes desde 2020, quando a fonte renovável deslanchou em todo o Brasil, enquanto o número de unidades consumidoras atendidas no meio rural saltou de 54 mil naquele ano para 471 mil ao final de 2024, conforme levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
São diversas as aplicações da energia solar no campo, desde suprir energia para irrigação de lavouras, até climatização e iluminação de granjas, bombeamento de água para reservatórios e abastecimento de câmaras frias. Se antes a energia solar era visada principalmente pela economia considerável na conta de luz, em função dos incentivos tarifários dados à fonte, agora agricultores estudam sofisticar suas instalações, agregando baterias para estabilizar o suprimento de energia em áreas onde a rede elétrica está em condições precárias. Importantes grupos de produtores de grãos do Mato Grosso, por exemplo, avaliam a adoção da nova tecnologia apostando na redução de perdas produtivas causadas por falta de energia, entre outras vantagens.
A utilização de baterias também tem potencial para reduzir o consumo de diesel nas propriedades rurais que usam geradores movidos pelo combustível fóssil, para garantir energia na irrigação ou em máquinas nas áreas rurais onde a rede elétrica de distribuidoras não chega. A transição passa por soluções híbridas com gerador a diesel e sistemas híbridos capazes de reduzir em até 30% o consumo do combustível nas propriedades. Em diversos Estados a maioria das propriedades têm geradores a diesel para suprir qualquer necessidade de energia e os produtores também estão buscando a integração com baterias para viabilizar ampliações de capacidade produtiva, pois regiões têm problemas na distribuição de eletricidade, por estarem em desenvolvimento acima da média nacional há vários anos, com redes de distribuição sem conseguir acompanhar esse crescimento. No Paraná, mesmo também em desenvolvimento e com abundância de eletricidade, a energia solar é importante opção.
*Dilceu Sperafico é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado
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