Mensalmente, as despesas do Bom Jesus chegam a R$ 5,4 milhões. Foto: Gazeta de Toledo

Hoesp teve, entre junho e outubro de 2023, R$ 27,5 milhões de despesas, e receitas de R$ 20,7 milhões

Por Marcos Antonio Santos

Neste ano de 2023, o Hospital Bom Jesus, de Toledo, que tem como mantenedora a Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná (Hoesp), está completando 52 anos de fundação.

O Bom Jesus, para se manter e atender os pacientes dos 18 municípios de abrangência da 20ª Regional de Saúde de Toledo, conta com receitas privadas, de doações e emendas, além das receitas de produção do Sistema Único de Saúde (SUS).

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Até o período da manhã do dia 21 de dezembro, o sistema do hospital registrava 13.220 atendimentos em 2023, sendo 9.842 pelo SUS e 3.378 atendimentos particulares, apresentando uma média de 30 novos atendimentos por dia em seus 212 leitos, sendo 82 particulares e 130 pelo atendimento SUS.

RECEITAS – O Bom Jesus recebe mensalmente receitas do setor privado, entre elas da Unimed, BRF, Sempre Vida, SAS, doações particulares, Nota Paraná e Emendas/Siconv/SIT. Entre os meses de junho e outubro deste ano, os valores atingiram cerca de R$ 7,8 milhões.

A superintendente da Hoesp, que está no cargo deste 2017, Zulnei Bordin, disse que para o mês de novembro, com um novo contrato, o valor do Sistema de Assistência à Saúde (SAS), que atende aos funcionários estaduais, o hospital passou a receber uma verba de R$ 650 mil. Antes eram repassados R$ 472 mil, sendo esse o maior valor das receitas privadas. Na sequência, aparecem a Unimed, com R$ 276 mil; Sempre Vida, com R$ 226 mil; e receita de particulares, no valor de R$ 214 mil.

SUS – Dentro das receitas, o hospital recebe ainda pela produção SUS. Entre junho e outubro, os valores chegaram a R$ 12,3 milhões. O total, entre as receitas privadas, doações e emendas, e também via SUS, é de R$ 20,7 milhões nesse período. A superintendente confirmou que em outubro de 2023, o hospital começou a receber um incremento para urgência/emergência-eletiva no valor de R$ 385 mil, dividido em 18 parcelas mensais distribuídos 20% para urgência e emergência e 150% sobre a eletiva”, afirma Zulnei.

Zulnei assumiu a superintendência da Hoesp em 2017. Foto: Gazeta de Toledo

DESPESAS – Segundo Zulnei Bordin, as despesas mensais do Bom Jesus chegam a R$ 5,4 milhões. Ela também informa que somente de junho a novembro de 2023, o total dos custos de manutenção ultrapassa os R$ 27,5 milhões.

Entre as despesas e as receitas, o Bom Jesus teve um déficit total acumulado entre os meses de junho e outubro na ordem de R$ 6,6 milhões, perfazendo assim uma média de R$ 1,3 milhão por mês. O hospital somente consegue pagar as dívidas de cada mês, graças à colaboração de doações de pessoas físicas e das empresas.

Emendas parlamentares

Outras fontes vêm por meio das emendas parlamentares, por exemplo, as emendas feitas pelo deputado federal Dilceu Sperafico (Progressistas/PR), que destinou R$ 7,5 milhões para o hospital e mais R$ 5 milhões para a construção da nova sede do Hospital Bom Jesus, obra essa que está orçada em mais de R$ 200 milhões, com previsão de início em 2024. Os gestores da entidade mantenedora também agradecem aos deputados federais Elton Welter (PT/PR), que destinou R$ 1,4 milhão, Sergio Souza (MDB/PR), que contribuiu com R$ 1 milhão em equipamentos, Diego Garcia (Republicanos/PR), que conseguiu R$ 500 mil em equipamentos, e Aroldo Martins (Republicanos/PR), que destinou R$ 377 mil a Hoesp.

Maiores custos estão na folha de pagamento    

Os maiores custos da entidade são com a folha de pagamento, com todos os encargos, que entre o mês de junho e outubro chegaram a R$ 9,9 milhões. O Bom Jesus tem hoje cerca de 500 funcionários. “São enfermeiros, técnicos de enfermagem, copeiros, serviço de limpeza, fisioterapeutas, farmacêuticos e nutricionistas, entre outros”.

“Toda essa quantidade de funcionários é necessária para manter o funcionamento e a assistência devido a quantidade de leitos destinados ao público. Ainda temos os médicos. Em média são 90 médicos plantonistas. Mas o nosso corpo clínico do Hospital Bom Jesus passa de 200 profissionais”. As despesas com médicos entram em serviços médicos hospitalares prestados e o valor, entre junho e outubro, foi de cerca de R$ 8,3 milhões.

OUTRAS DESPESAS DETALHADAS – Se destacam também nas planilhas os valores pagos com medicamentos com um total nesse período de R$ 1,9 milhão, serviços laboratoriais e exames de imagem, com custo aproximado de R$ 1,3 milhão, materiais hospitalares, que passam de R$ 1,1 milhão, lavandeira e resíduos hospitalares, perto de R$ 1 milhão, material de copa e cozinha, que custaram cerca de R$ 500 mil. Ao todo, as despesas do Bom Jesus têm 33 setores diferentes.

Hospital completa 52 anos de fundação em 2023. Foto: Gazeta de Toledo

Programação orçamentária para o hospital

VALORES PRÉ-FIXADOS – O Bom Jesus atende a média e alta complexidade, no âmbito ambulatorial, tendo a meta financeira mensal de R$ 23,5 mil, e anual de R$ 282,9 mil. Média complexidade hospitalar tem uma meta mensal de R$ 1,1 milhão, anual de R$ 13,6 milhões. Incentivo de adesão a contratualização IAC/IGH tem meta mensal de R$ 419 mil e anual de R$ 5 milhões. O total pré-fixado é de R$ 1,6 milhão mensal e de R$ 18,9 milhões anual.

PÓS-FIXADO – A alta complexidade ambulatorial tem uma meta financeira mensal de R$ 10 mil e anual, de R$ 120 mil. Alta complexidade hospitalar – fonte 255 tem meta mensal de R$ 140 mil, anual de R$ 1,7 milhão. Alta complexidade hospitalar – fonte 100 tem meta financeira mensal de R$ 45 mil, anual de R$ 540 mil. FAEC hospitalar tem meta mensal de R$ 4 mil e anual de R$ 48 mil. Total pós-fixado tem meta mensal de R$ 199 mil e anual de R$ 2,4 milhões. Total geral: meta mensal de R$ 1,8 milhão e anual de R$ 21,3 milhões.

CONSULTAS ESPECIALIZADAS – O Bom Jesus atende em média 1.000 consultas especializadas: ortopedia são 528, obstetrícia, 374, bucomaxilofacial, 40, consulta pós-alta da UTI, 50, e cirurgia geral, 8. “O Bom Jesus libera mensalmente para a Regional de Saúde um quantitativo de consultas e a Regional distribui para os municípios e faz os agendamentos. Os pacientes passam pelo nosso consultório, se é cirúrgico, o médico faz o pedido e fica tudo registrado no sistema”, diz Zulnei.

Procedimentos hospitalares SUS

AIH – As unidades hospitalares participantes do SUS (públicas ou particulares conveniados) enviam as informações das internações efetuadas, por meio da Autorização de Internação Hospitalar (AIH), para os gestores municipais (se em gestão plena) ou estaduais (para os demais). Segundo o Ministério da Saúde, neste ano de 2023, até o mês de outubro, o Bom Jesus teve 8.632 AIHs aprovadas. Em 2022, foi um total de 9.248 AIHs; 2021, 8.988; e 2020, 7.812.

Segundo os dados do Ministério da Saúde, até o mês de outubro deste ano foram 4.429 AIHs aprovadas para pequenas cirurgias e cirurgias de pele, tecido subcutâneo e mucosa; cirurgia de glândulas endócrinas; cirurgia em oncologia; entre outros procedimentos.

De acordo com Ministério da Saúde, a Hoesp recebeu em caráter de atendimento eletivo, entre janeiro de 2016 e outubro de 2023, 4.228 AIHs aprovadas. Até o mês 10 deste ano foram 820.

 “Cada paciente que entra aqui no Bom Jesus tem uma AIH liberada. O hospital não pode aceitar um paciente que vem da sua casa para se internar direto aqui, ele tem que ser regulado via UPA. Precisamos comprovar as internações. Para receber os recursos é preciso produzir, se nós não atingirmos a meta não recebemos o valor. Temos um teto de internamentos via AIHs e 90 dias do momento da internação para a apresentar as contas”, menciona Zulnei.    

MÉDIA COMPLEXIDADE HOSPITALAR – A AIH de urgência/emergência tem uma meta pactuada de 690 por mês e o valor é de R$ 1 milhão. E a AIH eletivo tem meta de 20 a cada mês, com valor de R$ 66 mil, porém, produzimos muito acima do teto, com uma média de 80 cirurgias eletivas de média complexidade, com o total de 710 AIHs com valor de R$ 1 milhão. Ainda têm a Portaria nº 160/2022 e a Portaria nº 404/2022: reajuste dos valores da diária UTI para 20 leitos e UTI adulto tipo II – R$ 66 mil. E a Portaria nº 160/2022 e Portaria nº 404/2022: reajuste dos valores da diária UTI neonatal tipo II – R$ 33 mil. Total: R$ 1,1 milhão.

Bom Jesus recebe pacientes dos 18 municípios da Regional de Saúde. Foto: Gazeta de Toledo

PORTA ABERTA – O Bom Jesus é um hospital de porta aberta para o Samu e Siate. “Se o Samu socorreu um paciente grave que estava em casa ou na rua pode trazer direto para a porta aberta da Hoesp. Para maternidade a porta aberta é total e não precisa de AIH. A maternidade tem uma regulamentação diferente no Paraná. A gestante entrou no hospital, automaticamente fazemos o atendimento e registramos no sistema de regulamentação de leitos. As outras patologias têm que ser reguladas via central de leitos, ou pelo Consamu, porque são pacientes que veem direto para o hospital”, explica Zulnei Bordin.

RECURSOS FINANCEIROS – O valor mensal estimado para a execução do presente contrato de número 17.320.746-8, entre a Hoesp e o governo do Paraná, importa em até R$ 2,6 milhões, sendo R$ 450 mil com recursos provenientes do Tesouro do Estado – fonte 100, e R$ 2,1 milhões com recurso do bloco média e alta complexidade do Sistema de Saúde – fonte 255, totalizando o valor anual de R$ 31,1 milhões. Perfazendo-se o valor total de até R$ 155,8 milhões para a execução do presente contrato durante os 60 meses de vigência.     

NOVA SEDE – No dia 5 de fevereiro de 2021, a HOESP/Bom Jesus recebeu a primeira doação para a construção da sede própria do Hospital. A contribuição veio da Unicred Centro Sul, que ofertou R$ 10.000,00. De lá pra cá, a mantenedora do hospital recebeu outras contribuições, como a significativa importância de R$ 5 milhões encaminhados através de emenda parlamentar do deputado federal Dilceu Sperafico.

As novas instalações do Hospital Bom Jesus, que serão construídas próximas da PUC Campus Toledo, abrigarão 500 leitos e ampliarão a capacidade assistencial aos pacientes em um ambiente ainda mais acolhedor, que contará até mesmo com área para heliponto. Além de área ampliada, a estrutura potencializará as condições tecnológicas para a realização dos procedimentos hospitalares que a Hoesp oferece.

Há um ano, foi oficializada a doação do terreno que abrigará a nova estrutura hospitalar, registrada no cartório de Novo Sarandi, pela Pontifícia Universidade Católica. O terreno possui mais de 50 mil metros quadrados, tendo valor estimado em R$ 12 milhões.

Projeto da nova sede da Hoesp/Hospital Bom Jesus. Imagem: SACC Arquitetura