Banco de Leite Materno da Hoesp. Foto: assessoria

Por Marcos Antonio Santos

Doar leite ajuda a salvar vidas de bebês que não puderam ser amamentados pelas mães, logo depois do nascimento.  E esta semana é dedicada à importância do leite materno. A campanha da Semana do Aleitamento Materno neste ano tem como tema “Possibilitando a Amamentação: Fazendo a Diferença para Mães e Pais que Trabalham”.

Na Hoesp (Hospital Bom Jesus, de Toledo), todas as novas mamães recebem orientações sobre a amamentação, além disso, o Banco de Leite Doutor Jorge Nisiide também recebe doações de leite, que são destinados aos bebês internados na UTI Neonatal.

ESTRUTURA – A Enfermeira do Banco de Leite da Hoesp, Tatiane Maria Pauli, relata qual a estrutura que o Banco de Leite Humano (BLH) possui para garantir a qualidade do leite materno. “Contamos com quatro funcionárias que realizam o atendimento diretamente com as mães, desde a orientação e acudo na amamentação, até a coleta de leite materno, e atualmente uma funcionária responsável pelo processo de pasteurização do leite. Na sala de pasteurização ficam armazenados em freezers os leites que já passaram por todo esse processo de pasteurização.  E no BLH contamos com um freezer para armazenamento do leite cru e duas nutricionistas”, diz.

Foto: arquivo Banco de Leite Materno

O Banco de Leite recebe em média 150 litros de leite mensalmente, que passam por todo esse processo de pasteurização, análise de qualidade e então são destinados aos bebês. “O leite materno tem validade de 12 horas resfriado e 15 dias congelado. Então se a mãe quer armazenar para oferecer a seu bebê, pode deixar resfriado, se for para doação tem que ser congelado”, explica Tatiane Pauli.

JOÃO – Desses 150 litros, muitos mililitros vão para o pequeno João Miguel, de dois meses de vida, filho da Samara Biron. “Tivemos muitos problemas com a amamentação no início, nosso pequeno não sugava e isso acarretou uma mastite séria. Com muita dor procurei ajuda no Banco de Leite, onde fui muito acolhida. As profissionais além de me ajudarem com o esgotamento do leite empedrado me deram a direção de conversar com o meu médico para utilizar a medicação correta. Mesmo com muita insistência, não conseguimos amamentar no peito e tivemos que recorrer a mamadeira. Tínhamos o desejo muito grande de oferecer leite materno para o João, por saber da importância do leite, e assim com a autorização das profissionais que avaliaram o nosso caso, foi disponibilizado o leite de doação, o qual pegamos toda semana e ele tem recebido muito bem, inclusive tem ganhado bastante peso”, conta Samara.

Samara e o filho João. Foto: arquivo pessoal

AGRADECIMENTO – “Minha eterna gratidão por se disponibilizar a doar esse alimento tão precioso. Mesmo passando por tantas coisas, cuidados com os seus próprios bebês e sua própria recuperação, pensar no próximo que irá necessitar, faz com que o gesto seja muito nobre. Todas as mães tem o desejo de amamentar, mas em alguns casos não é possível, coisa que muitas vezes não é exposto para as futuras mamães, como foi o meu caso. É gratificante poder partilhar essa informação. A ajuda que tive do Banco de Leite no momento que mais precisei foi muito importante”, avalia Samara.

01 DE AGOSTO – Um detalhe muito importante para as atuais e futuras mães e seus bebês, é a celebração do 01 de agosto, onde é comemorado o Dia Mundial da Amamentação. O foco da data está na importância do leite materno como o principal e mais completo tipo de alimentação para os bebês.

Segundo Tatiane Pauli, com a pasteurização, o leite materno acaba perdendo alguns nutrientes devido as altas temperaturas que é submetido. “Porém, mesmo assim, ele é o melhor alimento que um bebê pode receber. O leite materno tem todos os nutrientes, proteínas, e é essencial para o desenvolvimento”.

Ela conta que toda mãe saudável com excesso de produção de leite pode ser doadora. “O leite doado tem como prioridade os bebês que estão na UTI Neonatal do Hospital Bom Jesus. Quando estamos com bom estoque conseguimos liberar para mães externas, mediante avaliação da equipe do BLH. Após pasteurizado, o leite de validade de 6 meses congelado, depois de descongelado de 24 horas”. Ela disse que alguns motivos podem acontecer para que a mãe não consiga produzir o leite para amamentar o seu bebê. “Dor, estresse, pega incorreta do bebê”.

Foto: arquivo Banco de Leite Materno

MÃE DOADORA – Maria Eduarda Debiazzi Bombardelli, mãe do pequeno Vicente, de seis meses de vida, conta que iniciou a doação depois de já começar o estoque do filho, com mais ou menos 2 meses. “Eu sou ginecologista e entendo perfeitamente a importância desse leite doado, até porque meu filho também precisou de leite do Banco no primeiro dia de vida. Me sinto muito feliz e abençoada por poder ao mesmo tempo alimentar meu filho e ajudar os bebês que precisam de leite. E assim ajudar os pequenos a terem energia e imunidade nesses dias e também evitar o uso precoce de fórmulas infantis que sabemos que estão envolvidas em alergias alimentares e uma série de outras complicações”, diz Maria Eduarda.

Maria Eduarda e o filho Vicente. Foto: arquivo pessoal

Para ser uma doadora basta fazer o cadastro no Banco de Leite pelo telefone: (45) 2103- 2013. As equipes levam os materiais necessários para que a mãe não precise fazer o deslocamento. “As mães podem entrar em contato com o BLH, onde será preenchido o cadastro e entregue os vidros para armazenamento do leite materno. Toda semana uma das colaboradoras passa na casa da mãe para recolher o leite que ela coletou. Vale lembrar que qualquer ml é essencial”, ressalta Tatiane Pauli.