Dilceu Sperafico. Foto: José Fernando Ogura/AEN

Por Dilceu Sperafico*

Não são somente os produtores e trabalhadores rurais dos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, que estão pedindo socorro às autoridades federais, estaduais e municipais, para sobreviverem e se manterem na atividade, após as perdas de cerca de 45 bilhões de reais, com as estiagens dos últimos meses, pois os danos atingem todos os demais segmentos econômicos e/ou produtivos da região, incluindo os urbanos.

O volume dos prejuízos foi apurado na 1ª quinzena de janeiro por órgãos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e de Secretarias Estaduais e Municipais de Agricultura, além de diversas instituições, como federações, cooperativas e sindicatos de agricultores, demonstrando a gravidade da situação econômica e social da área atingida pela adversidade climática.

As perdas da safra paranaense, de acordo com projeções do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), atingiram 37,8% da 1ª safra da soja ou mais de 13 milhões de toneladas, somando valor superior a 22,5 bilhões de reais nas lavouras da leguminosa. Na cultura do milho a quebra era de 42% ou mais de 2,7 milhões de toneladas, no valor de 2,5 bilhões de reais. Somente nas lavouras de feijão, os prejuízos atingiram 168 mil toneladas ou 429,2 milhões de reais.

Em Santa Catarina, as perdas com a estiagem chegavam a 1,5 bilhão de reais, com maiores quebras nas lavouras de milho do Oeste do Estado. A falta do grão afetará também de forma direta as cadeias produtivas de carne, como frango e suíno e de leite. No Rio Grande do Sul, as perdas na soja somavam 14,36 bilhões de reais e na cultura do milho 5,41 bilhões de reais. No Mato Grosso do Sul, os prejuízos estavam estimados em 105 milhões de reais, totalizando no País cerca de 45 bilhões de reais, somente na agricultura.

Para minimizar os prejuízos, produtores, entidades, autoridades e lideranças estaduais e municipais esperam pela cobertura do Seguro Rural e do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), pelas principais instituições financeiras, como alternativa para reduzir os prejuízos financeiros e garantir o plantio de lavouras e criações de animais por pequenos e médios produtores, das regiões afetadas pela estiagem.

No Paraná, que é o 2º maior produtor de soja do País, conforme levantamentos de especialistas, 44,6% da área de cultura de soja e 34,3% da lavoura de milho estavam seguradas. Já no Mato Grosso do Sul, o a cobertura da cultura da soja era de 27% e de 16,1% das lavouras de milho. Esses índices ainda podem sofrer ajustes com o cancelamento de apólices e operações do Proagro.

Menos mal para o agronegócio brasileiro, base da economia e do desenvolvimento social do País, é que de forma geral produtores enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com financiamento de custeio, por obrigatoriedade legal tinham 100% de contratação de Proagro ou Seguro Rural.

Já os médios produtores beneficiados com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), tinham de 79% a 95% das operações de crédito rural com cobertura de seguro, conforme e cultura, Estado e instituição financeira, mas tudo depende agora de laudos técnicos das perdas e eventual reprogramação de vencimentos de custeios agrícolas da safra de verão e pecuários.

*Dilceu Sperafico é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br