Em campanha de 2022, cobertura chegou a quase 80%. Foto: Eduardo Rian

Por Marcos Antonio Santos

Até o final de abril de 2023, a secretaria municipal de Saúde registrou apenas 33,53% de crianças aptas a tomarem a vacina da poliomielite. A cobertura é em menores de 1 ano de idade. Não entra o reforço com a vacina pólio oral. A meta para o município de Toledo é chegar a 95%, “claro que temos até o final do ano para atingir a meta”, relata a diretora de Vigilância em Saúde, Juliana Beux Konno.  O vírus da poliomielite é transmitido de pessoa a pessoa por via fecal-oral ou, menos frequentemente, por um meio comum, a água ou alimentos contaminados, por exemplo, e se multiplica no intestino. Embora muito raro, o vírus pode atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte. Há 30 anos, a pólio paralisou quase 1.000 crianças por dia em 125 países em todo o mundo, incluindo países das Américas, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Juliana Beux explica que a baixa demanda de vacinação se deve pela falta de doses da vacina oral poliomielite (VOP), em gotas, que são enviadas pelo ministério da Saúde. “O problema da vacina da poliomielite é a ausência de abastecimento pelo ministério da Saúde, é uma vacina que está em falta. Não é um problema de demanda, as mães vêm procurando a vacina, mas as Unidades de Saúde estão fazendo a lista de espera para entrar em contato com os pais das crianças para receberem a vacina. Assim que as doses chegarem ao município, elas serão contactadas para levar as crianças as Unidades de Saúde para tomarem as doses de 15 meses e quatro anos de idade. Não é um desabastecimento exclusivo de Toledo, é o Brasil todo. Porém, a previsão é ruim; o ministério não envia para o estado e por consequência o estado não encaminha para o município”.

De acordo com Juliana, as crianças tomam as doses da vacina da poliomielite com dois, quatro e seis meses, e nessa idade, a vacina é injetável, que não está em falta, mas o que está faltando é a vacina da gotinha, que as crianças devem tomar com 15 meses e quatro anos de idade. “São os reforços das vacinas injetáveis. O que está em falta é a pólio oral, de gotinha”.

Ela comenta que o fornecedor da vacina da pólio, a Fiocruz, está com dificuldades na produção da bisnaga, que acondiciona a vacina. “Por esse motivo as entregas previstas para 2022 atrasaram e foram reprogramadas para 2023.  Diante disso, o ministério da Saúde realizou a aquisição de um outro laboratório, que já foi aprovado pela Anvisa, e agora está tramitando no Instituto Nacional de Controle de Qualidade para ser liberado. Após esse processo, as doses serão distribuídas”.

Zé Gotinha se tornou símbolo da vacinação. Foto: Eduardo Rian

ZÉ GOTINHA – Em 1994, o Brasil foi certificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), junto com os demais países das Américas, como livre da poliomielite. O combate à doença fez surgir um dos personagens mais conhecidos da cultura médica nacional, o Zé Gotinha. O nome se refere à vacina atenuada oral (VOP), aplicada como dose de reforço dos 15 meses aos quatro anos de idade.

Mas o esquema vacinal começa antes. O Programa Nacional de Imunizações recomenda que a vacina inativada, em forma de injeção, deve ser aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade e depois o reforço. A vacina está disponível em todos os centros públicos de saúde e pode ser administrada simultaneamente com as demais dos calendários de vacinação do ministério da Saúde.