Foto: Jaelson Lucas/Arquivo AEN

Por Marcos Antonio Santos

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) iniciou o processo de mudança para o novo esquema vacinal contra a poliomielite, substituindo as duas doses de reforço com a vacina oral poliomielite bivalente (VOPb), conhecida como “gotinha”, por uma dose da vacina inativada poliomielite (VIP), que é injetável.

TOLEDO – A enfermeira da Vigilância Epidemiológica de Toledo, Thais Schmidt Vitali Hermes, explica que a VOP sairá de circulação nesta sexta-feira, 27, e a VIP começará a ser aplicada a partir de 4 de novembro. “Esse período de pouco mais de um mês será para a logística reversa, como chamamos. A partir desta segunda-feira, 30, começamos a recolher as vacinas orais das unidades de saúde e as levamos para a Regional de Saúde. De lá, a Regional as envia para a Sesa, e o estado, para o Ministério da Saúde. Para garantir uma transição segura e evitar o risco de administração incorreta de uma vacina que não está mais indicada, as doses de VOP serão recolhidas em todo o território nacional para o descarte correto pelo Ministério da Saúde”, explica.

34 ANOS – Ela confirma que essa é uma mudança nacional e que vem sendo discutida há bastante tempo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com as Câmaras Técnicas, pois completam-se 34 anos desde a erradicação do vírus selvagem da poliomielite no Brasil. “Não temos casos há bastante tempo no Brasil e no mundo. A vacina oral contém um vírus vivo, apenas atenuado, ou seja, enfraquecido. Portanto, existem alguns riscos devido à presença desse vírus vivo. Já a vacina injetável contém o vírus inativado, ou seja, morto, o que a torna muito mais segura. Como estamos há todos esses anos sem a paralisia causada pela poliomielite no Brasil, e o cenário mundial é favorável, essa mudança torna a vacinação ainda mais segura. A vacina oral, por conter o vírus vivo, apresentava mais riscos, embora fosse muito eficiente na produção de anticorpos e na erradicação da paralisia, que causou muito sofrimento às crianças nas décadas de 1970 e 1980. Além disso, promovia a imunização de rebanho, protegendo toda a comunidade. Agora, como a poliomielite foi erradicada, a vacina injetável, por conter o vírus morto, é mais segura, o que justifica essa mudança”, afirma a enfermeira.

OBRIGATÓRIA – De acordo com Thais Schmidt, a vacina contra a pólio continua sendo obrigatória. “A faixa etária não mudou, então, aos 15 meses, a criança já deve tomar outras vacinas. A vacina continua sendo obrigatória no calendário e necessária para a matrícula escolar, tanto na rede pública quanto na privada. Não faremos mais o reforço aos quatro anos, ou seja, será uma vacina a menos, mas, por ser segura e eficaz, oferece a mesma proteção”, enfatiza.

PNI – Seguindo as recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, a partir de 28 de setembro a vacina via oral não será mais utilizada, sendo substituída pelo novo esquema vacinal contra a doença, exclusivamente com a VIP.

Com base nessa alteração, a Divisão de Vigilância do Programa de Imunização da Sesa já repassou a orientação aos municípios paranaenses sobre a substituição e o processo de operacionalização das vacinas.

Para a chefe da Divisão, Virginia Dobkowski Franco dos Santos, a comunicação com os municípios é fundamental para a mudança. “São os municípios que realizam a vacinação, por isso, após recebermos o informe, já repassamos aos responsáveis e, gradativamente, seguiremos o programa nacional, como sempre fazemos. A partir do dia 28, iniciaremos o recolhimento da VOP”, ressaltou.

Nos últimos anos, a cobertura vacinal contra a poliomielite (VIP) no Paraná em crianças menores de um ano foi de 80,75% (2021), 84,12% (2022) e 91,80% (2023). Atualmente, a cobertura está em 89,06%, de acordo com o Painel de Cobertura Vacinal do Ministério da Saúde.