Equipe de Toledo está em 5º lugar na classificação. Foto: arquivo pessoal

Por Marcos Antonio Santos

Manter um esporte amador sem financiamento suficiente para participar de competições apresenta vários desafios significativos. A falta de recursos financeiros é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos atletas. Sem dinheiro, é quase impossível adquirir e manter equipamentos e uniformes de qualidade, essenciais para um bom desempenho. Além disso, os custos de viagem para competir em outras cidades ou estados, incluindo transporte, hospedagem e alimentação, são proibitivos para muitos.

Essa grande dificuldade é enfrentada pelo time de futsal feminino Toledense Futsal, que disputa a Série Prata do futsal do Paraná. Um bom exemplo dessa barreira financeira foi revelado pela jogadora Bruna nas redes sociais. “Olá, tudo bem? Espero que sim. Meu nome é Bruna, sou do time feminino de Toledo. Estamos disputando o campeonato paranaense, representando nossa querida cidade de Toledo. Domingo, iremos para a cidade de Itaipulândia enfrentar o time da casa, onde, com uma vitória, garantimos a classificação à segunda fase com quatro rodadas de antecedência. Estamos novamente em busca de parceiros que possam nos ajudar com os gastos de alimentação, que serão em torno de R$ 1.000,00. Selecionamos alguns parceiros e amantes da nossa modalidade, 100 pessoas, e pedimos encarecidamente uma ajuda de R$ 10,00 por pessoa. Fico aqui com meu agradecimento e peço que, se possível, nos ajudem e nos apoiem nesse grande objetivo.”

Após essa postagem, a solidariedade e empatia por essas meninas foram generosas. Em pouco tempo, as doações financeiras começaram a surgir. Alguém fez um PIX de R$ 330,00, e outros seguiram contribuindo com valores variados: R$ 10,00, R$ 13,50, R$ 20,00, R$ 30,00, R$ 50,00 e R$ 100,00. No total, 56 pessoas físicas e empresas colaboraram com a ‘vaquinha virtual’.

A equipe tem 25 jogadoras, porém somente 14 são relacionadas por partida. Foto: arquivo pessoal

PRESTAÇÃO DE CONTAS – O grupo fez questão de divulgar o valor arrecadado: total de R$ 1.510,50. Despesas: alimentação R$ 786,93; farmácia R$ 54,00; combustível R$ 480,00; total de R$ 1.320,93; sobra em caixa R$ 189,57.

“Em nome da equipe feminina que representa Toledo no Campeonato Paranaense, agradecemos a todos que conseguiram nos ajudar de alguma forma.   Mando um abraço ao Marcos Breda, que nos ajudou duas vezes. Então, somente agradecer. Temos ainda muita competição pela frente e sabemos da dificuldade em buscar apoio, mas vamos à luta. Vamos juntas, domingo, a Itaipulândia representar nosso município,” agradeceu Bruna. O time de Toledo perdeu a partida por 3 x 1 para o Itaipulândia.

Agora, o time volta as atenções para os dois próximos compromissos em Toledo. Bruna disse que, quando elas jogam em Toledo, a responsabilidade da arbitragem é do time da casa. “Ou seja, vamos também fazer uma ação para buscar esses valores para os dois próximos jogos. Cada jogo custa R$ 1.050,00 para o pagamento dos árbitros. Agora vamos buscar R$ 2.100,00,” afirma. Os jogos em Toledo serão nos dias 4 e 12 de agosto.

Recentemente, em uma partida, a equipe de Toledo teve uma atleta que se lesionou e sofreu uma fratura. Foi realizada uma cirurgia, e ela está sob cuidados delicados. Com isso, o time teve que gastar além do normal de sua estrutura. A equipe tem 25 jogadoras, porém somente 14 são relacionadas por partida.

Time unido. Foto: arquivo pessoal

O DINHEIRO ACABOU – O técnico da equipe do TEC/Toledo, que também participa da Série Prata do Paranaense Feminino, o professor Jaime Lira, disse que o futsal feminino está representado pela Associação Clube Atlético Toledense (ACAT), presidida por Willians Sanches. O Toledense ainda disputa a Série Bronze do Paranaense masculino.

Lira relata que as três equipes de Toledo foram aprovadas com o projeto Esporte Cidadão, com um valor de R$ 52 mil, que inclui alimentação e transporte fora da cidade, mas esse dinheiro acabou em junho. “R$ 52 mil é um valor muito baixo pelo fato de termos três equipes que utilizam a mesma associação. Ou seja, estamos no mês de julho e já acabou esse dinheiro. O Willians tentou um acordo com a prefeitura de Toledo e não teve sucesso. Hoje, a associação masculina, que joga a Série Bronze Paranaense, e o TEC Feminino, que disputa a Série Prata do Paranaense, estão sofrendo muito porque não têm transporte. Nós fomos para Itaipulândia de carro. Dinheiro para alimentação também não temos. Fizemos toda a prestação de contas nas redes sociais. E, agora, dia 4, são os jogos em Toledo, e temos a taxa de arbitragem, que é R$ 1.050,00 por jogo,” revela Lira.

PROJETOS – Segundo Jaime Lira, a ACAT sempre teve projetos esportivos aprovados. Ele revela que a Associação dos Amigos e Atletas do Futsal Feminino de Toledo (Afeto) e o Esporte Futuro não têm projetos aprovados. “Temos que correr, trabalhar, tentar buscar apoio. Conseguir transporte com o município também é muito difícil, mas temos algumas questões em que pedimos ajuda à Secretaria de Esportes e Lazer e não fomos atendidos. Os times da Afeto, e do Esporte Futuro, que joga a Liga Nacional, utilizam valores da prefeitura sem ter um projeto aprovado, como nós temos o Esporte Cidadão. Esse é o nosso questionamento: qual o valor que esses dois times têm para gastar durante o ano? Porque tivemos no papel R$ 52 mil, e eles não têm projetos aprovados,” afirma Jaime Lira.

Fotos: arquivo pessoal