A Embaixada Solidária foi fundada pela jornalista toledana Edna Nunes. Foto: Gazeta de Toledo

A entidade atende migrantes e refugiados de 38 países e de todos os estados brasileiros com trabalho voluntário, já considerado modelo para outras regiões

“A Embaixada Solidária é fruto da fraternidade da comunidade de Toledo e do esforço diário de um grupo de pessoas que dedica seu tempo e talento em prol de um trabalho humanitário que parecia impossível, mas que hoje é referência para outras regiões. Temos muito orgulho e acordar todos os dias pra tornar o mundo um lugar melhor e mais feliz.” A frase é da fundadora da Embaixada Solidária, Edna Nunes.

O primeiro atendimento da Embaixada Solidária foi realizado em 19 de maio de 2014, uma iniciativa emergencial que se transformou em uma das principais referências do estado no atendimento a migrantes, refugiados e apátridas. A entidade já recebeu o reconhecimento de agências da Organização das Nações Unidas e de outros importantes órgãos ligados à migração e refúgio. O projeto não tem financiamento governamental e trabalha com recursos próprios e doações da comunidade.

As comemorações dos dez anos estavam preparadas para essa semana, mas foram adiadas por um justo motivo. A Embaixada Solidária está mobilizada em organizar e articular a vinda dos migrantes que estavam em território gaúcho para cidades de todo o Brasil. O pedido de socorro chegou horas depois da tragédia, pois o Rio Grande do Sul é um dos estados que mais recebe migrantes para trabalhar. Desalojados e diante de uma nova tragédia humanitária, eles buscam outras regiões para recomeçar suas vidas. A Embaixada tem auxiliado no processo de realocação das comunidades por todo o território nacional.

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Vários dos migrantes desalojados já estão na Região Oeste, e o processo de recomeço de suas vidas depende de algumas situações pontuais como moradia, emprego e o acolhimento por entidades e políticas públicas que possam dar suporte durante o processo.

Edna Nunes ressalta que a oferta de vagas no Oeste do Estado do Paraná é a principal motivação para que os migrantes e refugiados escolham a região. “O trabalho e a renda são fatores determinantes no resgate dos direitos e a dignidade de pessoa. É uma troca em que toda a comunidade ganha. Quem vem ganha a chance de recomeçar e quem recebe tem a oportunidade de conhecer o mundo sem sair de casa, além de termos pessoas para juntos com os brasileiros atuarem no nosso crescimento”, destaca.

MOTIVAÇÃO – A Embaixada Solidária foi fundada pela jornalista toledana Edna Nunes. A jornalista, que desde criança sonhava em resgatar crianças vítimas de guerras e desastres, encontrou na vida adulta uma oportunidade de realizar sua missão. “Algo se incendiou dentro de mim e essa chama jamais apagou. Eu tive honra de encontrar pessoas que se apaixonaram comigo pela causa e fizeram dela sua missão de vida. Ninguém acreditava, mas nunca me faltaram amigos e incentivadores com brilhos nos olhos e dedicação que me motivam acordar todos os dias e fazer o melhor, ignorando literalmente o preço que existe quando lutamos por uma população ainda invisibilizadas e com muitos direitos”, declara a jornalista.

COLETIVO – O trabalho é realizado de forma voluntária e autogerida, fundamentalmente por mulheres de todas as profissões e etnias. Uma equipe é responsável pelo pequeno e organizado bazar que mantém os trabalhos da entidade. A população pode auxiliar o projeto realizando doações de todos os itens que uma pessoa precisa para recomeçar sua vida. Outra forma de auxiliar a continuação dos serviços é através do trabalho voluntário, que pode ser das mais diversas áreas.

FRAGILIDADE – A falta de financiamento do atendimento por qualquer órgão do estado brasileiro é uma fragilidade constante para a Embaixada Solidária. Edna Nunes lembra que o trabalho da Embaixada não substitui a necessidade de políticas públicas eficientes e efetivas. “Enquanto uma organização da sociedade civil, estamos atentos à garantia dos direitos e do justo acolhimento, e trabalhamos para contribuir com a construção de políticas públicas permanentes e eficientes. Nosso papel é de interlocutores culturais e sociais e também de suporte humanizado e suporte. Enquanto o cenário for de ausência de políticas públicas, vamos seguir lutando e construindo um mundo melhor e mais justo para todos”, declara a jornalista.

Fonte e Fotos: assessoria