Dilceu Sperafico. Foto: José Fernando Ogura/AEN

Por Dilceu Sperafico*

A eventual falta de áreas adequadas para a instalação de extensos conjuntos de painéis solares e de ventos constantes para a geração de energia eólica, mesmo em países com a extensão territorial do Brasil, já conta com alternativas avançadas, sem a ocupação de terras férteis com aproveitamento no cultivo de grãos e criação de animais.  

Trata-se do lançamento de usinas solares ao espaço, como acontece com os atuais satélites, com transmissão usando microondas da energia gerada para equipamentos instalados na superfície. Conforme especialistas, o tempo de ocupação de áreas agrícolas com a construção e manutenção de hidrelétricas e/ou instalação de painéis solares ou turbinas eólicas e mais ainda do uso de combustíveis fósseis para a geração de eletricidade, para o bem da humanidade, está com os dias contados.

De acordo com estudos já concluídos, cada satélite equipado com geradores fotovoltaicos poderá fornecer cerca de dois GW de energia à rede de distribuição terrestre, com potência comparável a de atuais usinas nucleares, sem riscos e problemas de sistemas tradicionais de produção de energia. Diante disso, especialistas afirmam que parece bom demais para ser verdade, mas a ideia de coletar energia solar no espaço só depende de decisão de governantes e investidores.

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Para dirigentes da Space Energy Initiative (SEI), dos Estados Unidos, criada com colaboração de acadêmicos e da indústria de energia, os primeiros painéis solares espaciais poderão ser lançados já em 2035, pois a instituição está trabalhando em projeto chamado Cassiopeia, que planeja colocar conjunto de grandes satélites em órbita alta da Terra, onde uma vez instalados os equipamentos colheriam energia solar e a enviariam à estações terrestres, com potencial de produção quase ilimitado.

Entre os pesquisadores, há até os que afirmam que teoricamente, os painéis espaciais poderiam fornecer toda a energia elétrica consumida no do mundo em 2050, pois há espaço suficiente em órbita para satélites de energia solar e o suprimento de energia do Sol é muito vasto. Tanto que faixa estreita em torno da órbita geoestacionária da Terra recebe mais de 100 vezes a quantidade de energia solar por ano que toda a humanidade poderá consumir em 2050.

Prova do potencial da nova geração de energia é que no início deste ano, a Inglaterra já havia anunciado verba de três milhões de libras para o financiamento de projetos de geração de energia solar baseada no espaço, após estudo de engenharia de consultoria concluir que a tecnologia era viável.

Conforme os especialistas, o funcionamento do novo sistema de tecnologia é simples, pois os satélites seriam compostos por centenas de milhares de pequenos módulos idênticos produzidos em fábricas na Terra e montados no espaço por robôs autônomos, que também realizariam os serviços e manutenção. A energia solar coletada pelos satélites seria convertida em ondas de rádio de alta frequência e irradiada para antena retificadora na Terra, que as converteria em eletricidade.

Na superfície da Terra a luz do sol é difundida pela atmosfera, mas no espaço vem diretamente do astro gerador, sem interferências, o que permite que o painel solar colete mais energia. Diante dessa viabilidade, projetos semelhantes estão em desenvolvimento em diversos outros países, por iniciativa do poder público e da iniciativa privada.

*Dilceu Sperafico é deputado federal eleito pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br