Dilceu Sperafico. Foto: Assessoria

Por Dilceu Sperafico*

A integração entre lavoura, pecuária e floresta, técnica que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), desenvolve no Brasil há algumas décadas, está transformando o agronegócio nacional ao ampliar a geração de renda para produtores e trabalhadores rurais e reduzir a emissão de carbono e outros danos aos recursos naturais.

A técnica, no entanto, não representa nenhuma novidade para os povos tradicionais, incluindo os indígenas, pois há séculos costumavam fazer a rotação de produções e/ou culturas diferentes numa mesma área de terra. Com a elevação das emissões de gases de efeito estufa, poluição do solo, do ar e dos recursos hídricos e destruição ambiental, devido também às monoculturas, a técnica está sendo resgatada no agronegócio moderno.

Com os bons resultados econômicos e ambientais, a integração das atividades produtivas, como lavouras e criação de bovinos, ovinos, suínos e equinos, integrada às áreas florestais ou reflorestadas, ganha cada vez mais adeptos e espaços, mesmo que, por enquanto, apesar do entusiasmo com a produção integrada e a questão financeira fazendo parte dessa avaliação, a rotação de culturas no campo ainda ocupe parte pequena das terras agrícolas do País.

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Conforme levantamentos da Associação Rede de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), atualizados no começo deste ano, cerca de 18,5 milhões de hectares já estão sendo explorados no sistema totalmente integrado no País. Desse total, 83%, usam a técnica de integração de lavoura e pecuária, enquanto 9,0% incluem florestas às outras atividades, 7,0% integram pecuária e matas e 1,0% lavouras e áreas florestais.

A ILPF se trata de parceria público-privada composta por empresas como Embrapa, John Deere, Syngenta, Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar), Banco Bradesco, Sementes Oeste Paulista (Soesp) e Ceptis Agro Soluções em Tecnologia de Agronegócios. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, o mais recente disponível, a agropecuária ocupa área total de cerca de 350 milhões de hectares do País, o que demonstra o amplo espaço para expansão da técnica.

Conforme especialistas, as barreiras para que a técnica da produção integrada ganhe mais espaço em todo o Brasil são o processo lento e gradual na sua adoção, a falta de investimentos em capacitação de mão-de- obra e conhecimento técnico, sobretudo, de profissionais de assistência técnica para apoiar a implantação da tecnologia, de acordo com os interesses de produtores e aptidões da região onde a propriedade está localizada.

Além disso, faltam disponibilidade e adequação de crédito para a ampliação da técnica, abertura de mercado para sua produção, reconhecimento de benefícios ambientais, econômicos e sociais da agricultura de baixo carbono e convencimento do produtor rural de que a inovação irá fechar e/ou melhorar as contas da propriedade e/ou atividade produtiva. Em outras palavras, o grande desafio, é demonstrar ao produtor que o investimento na integração irá garantir excelentes retornos financeiros, além de beneficiar seu patrimônio com práticas sustentáveis.

Exemplo prático dos ganhos da integração estão em muitas propriedades rurais de todo o País, onde são utilizadas áreas muito menores de pastagens para engorda do mesmo número de bois, com maior qualidade da produção e efeitos positivos na sua comercialização.

*Dilceu Sperafico é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br