Dilceu Sperafico. Foto: Assessoria

Por Dilceu Sperafico*

Sem contar com a alternativa da logística reversa, como acontece com embalagens de defensivos agrícolas, o uso de plástico no comércio e transporte de alimentos e bens de consumo, industrializados ou não, está se tornando tragédia internacional. Sacolas, garrafas, copos e outras embalagens plásticas, além de tonéis, latas e embalagens Tetra Pak (compostas por papelão, polietileno e alumínio), são produzidas e poluem cidades, solos, rios e oceanos de todos os continentes.

Conforme especialistas, o plástico representa a maior parte do lixo poluente depositado no solo e chega às areias das praias do mundo inteiro, trazido pelos próprios frequentadores ou depois de ser lançado ao mar pelas embarcações e percorrer longas distâncias. Trata-se de grave problema global e que há décadas vem sendo alertado por pesquisadores e entidades preocupadas com a degradação ambiental, pois lixo plástico representa ameaça crescente a todo o ecossistema do planeta. 

A gravidade da situação voltou a ser destacada em reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada entre os dias 28 de fevereiro e dois de março deste ano, no Quênia, na África (UNEA – 5.2), onde líderes de 193 países discutiram a criação de comissão especial para debater a poluição plástica, visando novo acordo global sobre o tema.

[bsa_pro_ad_space id=17] [bsa_pro_ad_space id=15]

Segundo especialistas, a extensão do problema tornou impossível controlar a tragédia com ações apenas locais. A pandemia de plásticos nos oceanos e em terra firme é hoje uma questão e preocupação global, assim como o aquecimento do planeta. Conforme estudos realizados, 80% do plástico produzido desde 1950, em torno de 8.3 bilhões de toneladas métricas, estão atualmente em aterros, oceanos ou espalhados no meio ambiente terrestre.

Apesar da produção ter caído em 2019 devido à pandemia de Covid-19, com redução da produção de 367 milhões de toneladas, a gravidade da situação persiste. Se nada for feito o montante do material deve triplicar até 2050 e será quase impossível reciclar a maior parte desse plástico, conforme especialistas, o que destaca a gravidade da ameaça.

Segundo estudos realizados, os impactos da produção e poluição de plástico na crise planetária de mudança climática, perda acelerada da biodiversidade e poluição de recursos naturais, representam catástrofe em andamento. A exposição do plástico prejudica a saúde humana e afeta a fertilidade, hormonal, metabólica e atividade neurológica das pessoas, enquanto a queima a céu aberto dos resíduos contribui para a contaminação do ar e do solo.

De acordo com especialistas, até 2050 as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção, uso e descarte de plásticos seriam responsáveis por 15% do volume permitido, com o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 ° C, como estabeleceu o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, mas esses limites já foram superados. Tanto que mais de 800 espécies marinhas e costeiras são afetadas por ingestão, emaranhamento e outros perigos da poluição.

Atualmente cerca de 11 milhões de toneladas de resíduos plásticos fluem todos os anos para os oceanos e esse volume pode triplicar até 2040, caso não sejam adotadas medidas práticas e imediatas por parte dos quase 200 países que concordaram em iniciar negociações sobre acordo internacional para controlar a crise do plástico, como é visível até mesmo nas pequenas comunidades.

*Dilceu Sperafico é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br