Avicultura. Foto: Reprodução/Alltech

De acordo com o ICPFrango de junho, da Embrapa Suínos e Aves, o custo de produção de aves está 52,3% mais caro do que no mesmo período em 2020

A nutrição sempre representou grande parte dos custos de produção avícola. Entretanto, a alta no preço do milho e da soja, mais recentemente causada pelo impacto da seca e geada em todo o país, tornou a produção de aves ainda mais desafiadora. De acordo com o ICPFrango de junho, da Embrapa Suínos e Aves, o custo de produção na avicultura está 52,3% mais caro do que no mesmo período em 2020. 

Para o Doutor em nutrição de monogástricos Anderson Lima, as expectativas são de que a queda nos preços dos grãos não ocorra tão cedo. Por isso, buscar alternativas como o uso de complexos enzimáticos e uma estratégia de controle de micotoxinas nas rações são peças-chave para economizar e manter-se na atividade. “Temos acompanhado todos os dias a movimentação de oferta e demanda do mercado, a fim de compreender a conjuntura de preços dos grãos para os próximos seis meses”, explica Lima.

Uso de enzimas

O uso de soluções multi enzimáticas (fitase, protease, pectinase, betaglucanase, xilanase, celulase e amilase) é o mais indicado para aproveitar melhor os nutrientes das rações. A associação de carboidrases, que disponibilizam mais energia, proteases, que melhoram o aproveitamento das proteínas e fitase, que facilitam a quebra dos fitatos e utilização do fósforo, são ferramentas nutricionais importantes para redução do custo das rações.

Em uma meta-análise realizada com base em resultados de pesquisas científicas independentes, foi possível identificar nos animais que tinham complexo multi enzimático em sua dieta, um aumento de 3,76% no ganho de peso e melhora de 2,74% na conversão alimentar.

Lima destaca que algumas enzimas necessárias para o melhor aproveitamento das rações e consequente maior desempenho, não são produzidas pelos animais, por isso a importância de inseri-las nas rações. “Essas enzimas, conhecidas como exógenas, permitem que os animais acessem nutrientes indisponíveis naturalmente, evitando que esses sejam desperdiçados, e eliminados nas fezes, além de contribuírem para redução da poluição ambiental. Por isso, a alta dos preços dos grãos reforça ainda mais a necessidade de utilização dessas ferramentas nutricionais”, explica Lima.

Controle de micotoxinas 

Além de disponibilizar nutrientes de maneira eficiente para os animais, é preciso que a ração seja de qualidade, por isso ter cuidado com grãos contaminados com micotoxinas é essencial. O consumo de ração com micotoxinas causa danos ao trato gastrointestinal, atrapalha o funcionamento normal do sistema imunológico, aumenta a exposição à agentes patogênicos prejudiciais ao organismo e, consequentemente, gera impacto negativo sobre o desempenho do animal. 

De acordo com Lima, os fungos que produzem as micotoxinas são um desafio presente na plantação de milho, soja, entre outros grãos e cereais, pois variações climáticas e até mesmo metodologias de cultivo tornam o ambiente propício para o seu desenvolvimento. “O mais correto é manter um programa de análise e avaliação de riscos, baseado em informações técnicas que direcionam o uso correto de adsorventes de micotoxinas, a fim de neutralizar os possíveis danos, cuidando assim da saúde intestinal e imunidade do animal”, finaliza Anderson Lima.