Técnica lançada pela Embrapa e pela Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC) traz cálculo inédito que indica quanto o pecuarista obterá de ganho extra pelos filhos de reprodutores com melhor genética. Dessa forma, fica mais fácil enquadrar os rebanhos bovinos em programas de carne premium.
O Índice Bioeconômico de Carcaças (IBC) é uma fórmula que, inserida nos programas de melhoramento genético, identifica os touros capazes de gerar descendentes que produzam carne de alta qualidade. O IBC apresenta uma perspectiva inédita para o melhoramento genético de bovinos no Brasil, uma vez que seleciona os animais e já informa o quanto esse incremento pode render economicamente para o produtor quando for feita a venda do animal para o frigorífico.
O pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Fernando Flores Cardoso explica que o antigo índice gerava apenas um ordenamento dos melhores touros. O novo índice inova ao estimar o valor a ser agregado. “É uma ferramenta que relaciona o desempenho e as características dos animais com a rentabilidade. O produtor tem agora como tomar a decisão de seleção sabendo quanto vai agregar de valor ao produto final”, conta o pesquisador.
Como o produtor acessa a tecnologia
O IBC já está disponível nos Sumários de Touros 2018/2019 da ANC. O projeto teve início com animais Angus e Brangus, mas é possível estender a ação a outras raças e programas de melhoramento genético, com o ajuste dos parâmetros do modelo com os dados específicos de cada raça. “Qualquer produtor que for usar um reprodutor por meio de inseminação artificial vai poder olhar nessa lista e ver o valor bioeconômico que é esperado dos filhos daquele reprodutor”, explica o pesquisador da Embrapa.
Além disso, todos os touros jovens que são selecionados pelo Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo) da ANC que passaram pela avaliação de carcaça por ultrassonografia também têm a informação sobre seu rendimento econômico. Em 2018, mais de dois mil animais foram avaliados e selecionados com essa informação.
O touro líder em IBC do Sumário da ANC 2018/2019, por exemplo, tem capacidade de gerar terneiros 6% mais valorizados do que a média.
Sem custo adicional
O novo indexador não representa custo adicional aos criadores, mas traz ganhos consideráveis aos rebanhos. As vantagens não são restritas ao pecuarista. A indústria agrega valor às matérias-primas, o comércio oferece novos produtos e o consumidor tem acesso a essa carne de alta qualidade. “É uma mudança no conceito de melhoramento genético, com viés mais voltado para os ganhos econômicos dentro e fora da porteira. Esses indexadores são o futuro da pecuária nacional”, pontua o presidente da ANC, Ignacio Tellechea.
Conforme o gerente de sustentabilidade da Marfrig Global Foods, Leonel Almeida, a relação da indústria com o pecuarista é fundamental para levar produtos de qualidade à mesa dos consumidores e o IBC é mais uma ferramenta de agregação de valor à carne. “A empresa sempre estimula ferramentas de boas práticas agropecuárias que propiciem aumentos de produtividade e que sejam compatíveis com a sustentabilidade. O Índice Bioeconômico de Carcaça (IBC) se enquadra nesses quesitos ao permitir a avaliação de desempenho dos reprodutores quanto à capacidade de produzir descendentes com alta probabilidade de enquadramento em programas de carne premium e, por consequência, permitir uma melhor remuneração desse produto”, reforça.
Fonte: Embrapa