Por Marcos Antonio Santos
O Conexão Empresarial teve início nessa terça-feira, 24, no Teatro Municipal de Toledo, com uma palestra ministrada pelo ex-jogador Zico, ídolo da seleção brasileira de futebol. Tendo participado de três Copas do Mundo e sendo o maior artilheiro da história do Flamengo, com 509 gols pelo clube e 771 no total de sua carreira, Zico compartilhou com os presentes sua trajetória de determinação, liderança e sucesso, com o intuito de inspirar os empresários locais.
Segundo Zico, muitas pessoas foram fundamentais para que ele se tornasse uma liderança no Flamengo, desde quando chegou ao clube, aos 14 anos de idade. Ele destacou a importância dessas influências em sua vida.
“Na palestra, falo sobre as pessoas que foram importantes na minha carreira, tanto dentro quanto fora de campo, momentos que vivi e que foram significativos desde que cheguei ao Flamengo. Houve situações em que precisei tomar decisões e assumir responsabilidades em momentos cruciais. Liderança é isso: você precisa agir, não pode hesitar, independentemente de agradar ou não. Deve tomar a decisão que considera melhor, dentro do que está buscando, com um objetivo claro. No empreendedorismo, é preciso inspiração, liderança pelo exemplo, saber ouvir e ter responsabilidade. Esses são pontos essenciais para quem deseja ser um líder. Eu me tornei líder por acaso, não era algo que me preocupava. Apenas fazia meu trabalho como profissional, mas, com o tempo, os jogadores passaram a ver em mim alguém capaz de assumir a responsabilidade nas situações que precisavam ser resolvidas dentro da equipe”.
Zico, além de ídolo no Brasil, também é reverenciado no Japão, onde teve grande influência no desenvolvimento do futebol profissional. Após se aposentar, atuou como jogador e treinador em diversos países, fundou escolas de futebol no Brasil, nos Estados Unidos e no Japão, e trabalhou como diretor de futebol e comentarista.

JAPÃO – Zico explica que sua contribuição para o futebol japonês foi tornar o esporte mais profissional, já que, apesar de os japoneses saberem jogar, ainda não havia um ambiente de profissionalismo. “Ajudamos a melhorar isso. No Japão, às vezes, as pessoas, para te valorizar, exageram um pouco em algumas coisas. Mas eu sou muito correto nesse ponto. O Japão já havia conquistado a medalha de bronze no futebol nas Olimpíadas de 1964. Sei disso porque meu irmão quase foi convocado para essa Olimpíada, mas acabou não indo, o que foi uma grande frustração para ele, assim como, mais tarde, tive minhas próprias frustrações. Na época, o futebol não era profissional; os jogadores trabalhavam em outros empregos e depois iam treinar. Quando cheguei lá, a ideia já era criar a J-League, a liga profissional, e mostrar como o futebol profissional deveria funcionar. Com minha experiência na Itália, no Brasil e conhecendo ligas de todo o mundo, pude orientar os japoneses. Se você quer ser um jogador profissional, não pode ter outro trabalho, pois o tempo não permite. Eles entenderam isso, e o trabalho coletivo que fizemos em Kashima, uma pequena cidade com 40 mil habitantes, foi muito bem-sucedido. Hoje, o Kashima é uma grande referência no futebol japonês, e fico feliz em ver que o Japão, desde que se profissionalizou, não deixou de disputar uma Copa do Mundo”.
FLAMENGO – Zico revela por que nunca foi treinador ou presidente do Flamengo. “Não, e nem será no Brasil. Se eu quisesse ser treinador da seleção brasileira, precisaria me desligar do Flamengo. Mas, como sou torcedor do Flamengo, jamais faria isso. E, agora, com a minha idade, não há a menor chance. Por isso nunca quis ser treinador da seleção”.
TREINAMENTO – De acordo com Zico, para alcançar o sucesso no futebol, ou em qualquer profissão, é necessário treinamento. “Seja no futebol, na música ou em qualquer área, você precisa treinar para obter resultados. No futebol, não é diferente. Há fundamentos essenciais: passe, chute, cabeceio, domínio de bola e cobranças de falta. Eu não treinava tiros de meta, porque não cobrava durante os jogos. Isso era para o goleiro ou o zagueiro. Também não treinava laterais, porque não fazia isso em campo. Eu focava no que fazia nos jogos e no que esperavam de mim. Sempre tive essa visão como técnico: olhava o jogador e dizia o que ele precisava melhorar, e eu o ajudava a crescer”.

GOLS – Um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro, Zico marcou 509 gols em 771 partidas oficiais ao longo de sua carreira, entre clubes e a seleção brasileira. Se somarmos os amistosos e outras competições não oficiais, seu número total de gols ultrapassa 800, tornando-o um dos artilheiros mais brilhantes de sua geração. Ele se destacou especialmente no Flamengo, onde viveu seu auge, conquistando quatro títulos brasileiros, a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes, quando o Flamengo venceu o Liverpool por 3 a 0 em 1981, entre outros títulos com o manto sagrado.