Por Marcos Antonio Santos
O Hospital do Câncer de Cascavel (Uopeccan) lamentou a morte das duas médicas residentes de oncologia clínica, Arianne Albuquerque Estevan Risso e Mariana Comiran Belim. Elas estavam a bordo do avião que decolou do Aeroporto Regional de Cascavel e caiu em Vinhedo (SP). A queda ocorreu na última sexta-feira, 9 de agosto. A aeronave tinha como destino Guarulhos (SP). Estavam a bordo 58 passageiros e 4 tripulantes. Ninguém sobreviveu.
Na manhã desta segunda-feira, 12 de agosto, foi realizada uma cerimônia religiosa nas dependências do Uopeccan em homenagem a Mariana e Arianne.
O reverendo Guinter Alencastro Hervella comentou que, com o fim de semana transcorrido no meio de toda essa tragédia, retornar à instituição fez com que as pessoas começassem a se dar conta de tudo o que está acontecendo. “É por isso que tivemos, junto com todos, um momento de dor, um momento em que ainda não conseguimos entender bem o que está acontecendo. A realidade é essa: estamos ainda tentando assimilar todo esse processo. E, claro, se olharmos para onde vamos conseguir forças, se olharmos para nós mesmos, nossos corações estão em pedaços. Não há como querer buscar força em nós mesmos. E é aí que está a questão de buscarmos a Deus, Nele encontrarmos a força para este momento. Pelo menos assim, suportar – superar, não, mas suportar, sim – essa dor, e apenas com a força que Deus nos dá”.
Para o oncologista Lucian Lucchesi, o momento mais difícil foi chegar ao hospital e encontrar o consultório delas vazio. “Não vê-las lá, não ver o sorriso delas… Não tem como descrever, é uma dor, uma marca que a gente vai carregar, uma cicatriz que vai demorar a fechar para nós.”
Lucian Lucchesi comenta que ambas eram pessoas muito dedicadas e que iriam participar de um congresso em Curitiba. “A Mariana era uma que sempre me pedia: ‘Quando surgir uma oportunidade, se houver uma vaga, lembre de mim.’ E quando surgiu, não pensei duas vezes. Falei: ‘Mariana, está aqui, vamos em frente.’ E ela, na hora, topou, ficou superfeliz. Foi uma oportunidade também para a Arianne. Na verdade, era um evento médico-científico que aconteceria em Curitiba. Acabaram indo para São Paulo, provavelmente fariam uma escala, mas era uma oportunidade de ouro para elas estarem em contato com o que há de mais atual dentro da oncologia, em contato com outros médicos de outras localidades, trocando experiências. Era algo para o crescimento profissional delas e, por que não, para nós também, para trazer essas novidades. Elas estavam muito, muito felizes com essa oportunidade”, ressalta Lucchesi.
Conforme explica a diretora de Serviços de Saúde da Uopeccan, Gladys Mari Rodrigues, o hospital sentirá muito a falta delas. “Retornamos às atividades, mas há uma falta muito grande. O hospital está de luto. As equipes que trabalhavam diretamente com as doutoras Mariana e Arianne estão desoladas, com os olhos inchados de tanto chorar. Por isso, tentamos acalmar o coração de todos os membros da equipe e dos pacientes por meio da oração. Convidamos os grupos para esse momento de oração, que foi coordenado pelo reverendo Guinter, que se colocou à disposição da instituição para dar esse suporte emocional. Sabemos que a equipe vai realizar seu trabalho hoje em homenagem a elas. Elas tinham um respeito e um carinho imensos pelos colaboradores. Então, hoje, eles vão dar conta do seu trabalho, e a equipe médica, talvez ainda mais, para homenageá-las, porque a vida continua. As duas eram muito importantes, realizavam consultas e atendiam os pacientes todos os dias no ambulatório. Sabemos que, além de médicas, elas eram dedicadas e humanas, eram batalhadoras. Elas atendiam um grande número de pacientes, e a equipe que fica terá que buscar alternativas. Sabemos que os pacientes precisam da nossa atenção, da assistência, e que, dentro do possível, tudo será conduzido de maneira que ninguém seja prejudicado. Tenho comentado com as equipes: vamos fazer tudo isso em homenagem a elas”, enfatiza Gladys Mari Rodrigues.
