Por Marcos Antonio Santos
O Volkswagen Brasília foi lançado em 1973 pela Volkswagen do Brasil, com produção até 1982. Desenvolvido para substituir o Fusca, o Brasília combinava a robustez do motor refrigerado a ar com um design mais moderno e espaçoso. Seu nome homenageava a nova capital do Brasil, inaugurada em 1960.
O modelo se destacou por seu estilo único, com linhas retas e grande área envidraçada, além de ser um dos primeiros veículos projetados e construídos fora da matriz alemã. Durante sua produção, o Brasília foi exportado para diversos países e se tornou um dos carros mais queridos pelos brasileiros.
Para celebrar esta data, neste domingo, 8 de junho, Ronaldo Jank, membro do Veteran Car Club de Toledo, conta sua história e paixão pela sua Brasília vermelha, ano 1974.
Depoimento Especial no Dia Nacional da Brasília
No Dia Nacional da Brasília, celebro não só a paixão por um clássico da Volkswagen, mas também uma conexão profunda com minhas memórias de infância.
Comprei minha Brasília em 2023, no Rio Grande do Sul. Eu e meu cunhado viemos rodando com ela até Toledo — uma viagem que já começou com emoção e nostalgia. Ela é ano 1974, quase gêmea da que meu pai teve — a dele era uma 1977, um pouco mais escura que a minha.
Quando entrei nela pela primeira vez, aquele cheiro inconfundível de gasolina me levou direto de volta à infância. Era como estar novamente no banco de trás da Brasília do meu pai. Naquele instante, não tive dúvidas: fechei negócio na hora.
Meu pai faleceu em 2002, e naquela época eu tinha apenas 8 anos. Não sabia dirigir, mas já guardava na memória a imagem da Brasília dele, o som do motor, os passeios curtos que pareciam grandes aventuras. Sempre tive o sonho de ter uma igual, como forma de manter viva essa lembrança.
Mais do que um carro antigo, a Brasília se tornou um elo entre gerações. Uso ela para passear com minha mãe, levar as crianças na escola de vez em quando, ir aos encontros de carros antigos… Mas, principalmente, para criar novas memórias. Porque, no fim das contas, é isso que ela representa para mim: memórias que andam, que vivem, que seguem adiante.
Aproveito para convidar a todos para o 4º Encontro Internacional de Veículos Antigos, que acontecerá em Toledo, nos dias 14 e 15 de junho, no Parque Ecológico Diva Paim Barth (Lago Municipal), promovido pelo Veteran Car Club de Toledo. Um momento especial para estar em família e reviver histórias.
Brasília Amarela
A Brasília amarela se tornou ainda mais famosa por sua associação com a banda Mamonas Assassinas. No videoclipe da música “Pelados em Santos”, lançado em 1995, o veículo aparece em cenas que capturam o espírito irreverente da banda. Essa aparição consolidou a Brasília amarela como um símbolo da cultura pop brasileira dos anos 90.
Em Toledo, quem possui uma Brasília amarela é Claudiney de Oliveira Monteiro. Ele também confirma que participará do 4º Encontro Internacional de Veículos Antigos.
“Este será o quarto encontro de veículos antigos, para comemorar o Dia Mundial do Fusca. Começou pequeno e foi ganhando grande proporção, tornando-se um encontro internacional. Já há presença confirmada de veículos de países vizinhos, devido ao vínculo de amizade e às viagens feitas a esses países com nosso grupo de veículos antigos, agora oficial Veteran Car Club de Toledo. A expectativa é muito grande para ser um dos maiores encontros já realizados em nossa região e até em nível nacional. Com tudo isso, também terá a participação da minha Brasília amarela 1978, que se tornou a Brasília mais conhecida da região. Ela fez história ao longo dos 25 anos que me acompanha nesses eventos e no meu dia a dia. Já estou preparando ela, deixando tudo em ordem para estar presente neste megaevento. Como se trata de um veículo antigo, ainda requer cuidados especiais, mas vou continuar cuidando e conservando cada dia mais para que esteja sempre apta a rodar pelas estradas deste mundo afora”, conta Claudiney de Oliveira Monteiro.
O Amor e as Memórias de um Carro Antigo – Especialmente, a Brasília
Há algo mágico nos carros antigos — algo que vai além da lataria, do cheiro de banco gasto e do barulho do motor engasgando nas manhãs frias. É como se cada curva da lataria guardasse uma lembrança, cada amassado escondesse uma história, cada acelerada carregasse uma emoção. E entre todos esses clássicos que cruzaram os tempos, há um nome que desperta sorrisos e saudade: a Brasília.
A Brasília não era só um carro — era um membro da família. Foi banco traseiro de viagem em férias de verão, foi assento de amassos escondidos, foi silêncio companheiro em noites de chuva e estrada. Seus faróis redondos pareciam sorrir, e seu ronco rouco era música para os ouvidos de quem a conhecia de verdade.
Quem já dirigiu uma Brasília sabe: ela não corria, ela passeava. Não era feita para pressa, mas para presença. Para o domingo no interior, para o abraço do vento nas janelas abertas, para os filhos que dormiam deitados no banco de trás, sem cinto, mas com todo o amor do mundo ao redor.
Ela ensinava paciência — o motor a ar exigia cuidado, escuta, e carinho. Ensinava humildade — não era um carro para ostentar, mas para compartilhar. E ensinava valor — porque mesmo com simplicidade, ela levava sonhos no porta-malas e esperança no tanque.
Hoje, ver uma Brasília rodando pelas ruas é como encontrar um velho amigo. É impossível não sorrir. Quem viveu aqueles tempos sente uma pontada no peito — de saudade boa, de um tempo em que tudo parecia mais simples, mais verdadeiro.
E assim, entre o cheiro de gasolina e o som do rádio antigo, o amor pelos carros clássicos segue vivo. A Brasília, com sua alma de lata e coração de estrada, segue sendo símbolo de uma época — e de um amor que nunca enferruja.
Fotos: arquivo pessoal
