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Dom João Carlos Seneme, Bispo da Diocese de Toledo. Foto: Divulgação

Neste domingo (13/07), estamos diante de uma das parábolas mais belas, mas também mais desconcertantes, que Jesus já contou (Lc 10,25-37). As parábolas, em si, são narrativas nas quais Jesus toma aspectos da vida cotidiana e, ao colocá-los diante da nossa atenção e imaginação, tenta abrir uma brecha em nosso coração – justamente para que nossa imaginação consiga vislumbrar o impossível de Deus que se realiza nas possibilidades da nossa vida.

Jesus, propositadamente, não dá respostas prontas, nunca oferece soluções fáceis; Ele nos conta histórias para que, dentro delas, possamos reencontrar quem somos, redescobrir nossa própria história e adquirir um olhar capaz de ver onde Deus se insere dentro dessa nossa vida.

A cena é conhecida: um homem é atacado na estrada e fica caído, meio morto. Dois homens religiosos, um sacerdote e um levita, passam, veem o homem e não param, passando adiante. Quem se compadece é um samaritano – alguém visto com desconfiança pelos judeus. Ele para, vê o homem, se aproxima, gasta tempo e recursos com aquele ferido. Jesus, então, pergunta: “Quem foi o próximo do homem caído?” A resposta não é teórica, mas prática: o próximo é quem tem misericórdia.

Essa parábola nos leva a refletir que, muitas vezes, colocamos fronteiras na prática do amor e da misericórdia: “Devo amar quem pensa diferente de mim? Quem não faz parte do meu grupo? Até o inimigo”? Jesus nos ensina que o verdadeiro amor não escolhe a quem amar. O próximo é todo aquele que Deus coloca no nosso caminho. Amar como Cristo é ultrapassar barreiras, acolher até os que o mundo despreza.

Há dois gestos que o samaritano faz: ele não passa adiante e ele sente compaixão. Eis o desafio: exercitar, na nossa vida, a arte da compaixão. Não passar adiante, mas viver essa compaixão que, no Evangelho, significa “ser tocado até as entranhas”, sentir dentro de nós a dor, as perguntas e as feridas da vida do outro – e cuidar delas. Ele se aproximou, tocou, curou. A compaixão cristã nasce quando deixamos de viver centrados em nós mesmos e abrimos espaço para a dor do outro. Não basta sentir, é preciso agir com ternura.

Vivemos todos num mundo ferido e todos precisamos ser curados. Mas isso só é possível se permanecermos atentos uns aos outros, se não estivermos absorvidos apenas por nós mesmos, por nossos compromissos, agendas lotadas, nossas correrias – inclusive as religiosas –, negligenciando aqueles que nos pedem atenção.

Em vez de perguntar: “Quem devo amar?”, Jesus nos leva a perguntar: “De quem eu posso me aproximar hoje”? A fé nos impulsiona a sair de nós mesmos, ir ao encontro, cuidar. Somos chamados a viver a “espiritualidade do caminho”: sair do templo, ir em direção à estrada da vida, onde tantos estão feridos, esperando por compaixão.

Essa parábola é um convite à conversão: deixar que o amor transforme nosso olhar, nossas escolhas e prioridades. Ser cristão é fazer da fragilidade do outro uma missão de amor. E o rosto de Deus, muitas vezes, se revela naqueles que encontramos à beira da estrada.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo

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Edição nº2787 – 08/07/2025

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