Em entrevista exclusiva à Gazeta de Toledo, Isabelle Costa, acadêmica do Curso de Engenharia Civil da UTFPR de Toledo e estagiária da EMDUR – Empresa de Desenvolvimento Urbano de Toledo e o professor Ricardo Schneider, venceram 201 concorrentes do Brasil, a disputa pelo 7º prêmio do Instituto 3M de inovação social e tiveram o mesmo projeto sobre o “reaproveitamento de resíduos vítreos” que eles chamaram de solução ambiental e geração de renda, aprovado e premiado no CFDD do Ministério da Justiça e Segurança Pública com o valor na ordem de R$ 2,93 milhões de reais. 

Onde nasceu a ideia?

Isabelle e o professor coordenador Ricardo Schneider explicam que a ideia surgiu a partir da observação de que “os resíduos de vidro geralmente deixavam de ser recolhidos pelos catadores” que limpavam os contêineres instalados próximo ao campus da UTFPR de Toledo que não levavam as garrafas e em pesquisa realizadacom os mesmos, disseram que esse material além de pesado não tinha valor comercial e nem destinação (comprador).  Em busca de mais informações, constatam poucas alternativas para a reciclagem desses materiais na região, que apenas uma empresa chamada Tolevidros que fabrica trituradores estava adiantada no que se refere à destinação dos residuais de vidros com projeto semelhante que inclui não só vidro como o EPS (descarte). Os estudos e pesquisas apresentaram números bastante preocupantes do descarte de vidros. Toledo produz cerca de 100 toneladas dia de residuais de lixo que são recolhidos e entre eles, 8% são vidros dos quais 2% vão para o aterro sanitário de Toledo e aí, decidimos, então, desenvolver soluções para o reaproveitamento desse material reciclável na construção civil” e não deixar degradando o meio ambiente.  O Professor e orientador, Ricardo Schneider,afirma que a proposta o do projeto premiado tem como foco o reaproveitamento desses materiais vítreos para produção de compostos vidro-cimento e fará a diferença no futuro e na construção civil. “Em resumo, a ideia é reciclar esses resíduos transformando-os em pó de vidro e substituir uma parte da areia utilizada para fazer concreto por esse material”.

Maquina de triturar e peneirar vidros- Tolevidros

Substituir a areia que é finita

Bem objetiva em suas teses, Isabelle Costa, disse que os resíduos de vidros comerciais após a reciclagem serão utilizados na construção civil de maneira sustentável e com baixo custo. A possibilidade de aplicar vidros nas massas de cimento para a construção civil, vencedora da 7ª edição do Prêmio Estudante Universitário do Instituto 3M de Inovação Social, foi apresentada a multinacional 3M do Brasil e a estudante que defendeu Toledo recebeu um prêmio de R$ 50 mil reais para o desenvolvimento do projeto. O projeto foi escolhido pelos jurados entre cinco finalistas, selecionados a partir de 201 concorrentes enviados por estudantes universitários de todo o país. Esse projeto que foi orientado pelo professor Ricardo Schneider, teve seu início com a acadêmica Mayra Branco que realizou estudos e ensaios juntamente com Tássia Fochesato e o professor Carlos Balestra que formaram o grupo de pesquisa sobre o tema. O estudo consistiu em analisar a resistência mecânica de corpos de prova de concreto com porcentagens diferentes de substituição da areia por vidros triturados de forma a ficar semelhante a areia e os resultados formam mais que surpreendentes, pois no composto com 25% foram bem satisfatório, houve ganho na resistência a compressão e a melhora na consistência do concreto que é favorável para ser empregado nas construções civis, concluiu Isabelle.

O prefeito Lúcio de Marchi, diretor Técnico da EMDUR engenheiro civil Rodrigo Salles, recepcionaram Isabelle Costa, Michele Detoni Zanette, Ricardo Schneider e Rodolfo Vertuan diretor do campus Toledo.

As premiações e seus destinos

As premiações representam a possibilidade de aplicar os resultados e dar continuidade aos estudos de pesquisas em demandas sociais como alternativas de destinação de materiais vítreos. O concurso é realizado anualmente e procura reconhecer e apoiar a implantação de projetos inovadores voltados à tecnologia social, com estímulo ao desenvolvimento e busca por soluções aos problemas ambientais, de forma simples e inovadora. O projeto apresentado e que conquistou o prêmio da 3M, fez também ser reconhecidos, a acadêmica do Curso de Engenharia Civil, Isabele Costaprofessor coordenador Ricardo Schneider e a UTFPR,  por unanimidade na Reunião do CFDD (Conselho Federal de Direitos Difusos) no dia 23 de maio de 2019 que aprovou a liberação na ordem de três milhões de reais (R$ 2.938.777,62) Á UTFPR, que serão aplicados na aquisição de equipamentos de grande porte como Difratômetro de Raios-X, Microscópio Eletrônico, LIBS e Analisador de tamanho de partículas, entre outros, para o desenvolvimento do projeto.

Equipe recebendo a premiação da 3M

“Da finita areia ao vidro, do vidro a areia novamente”.

Essa frase dita pela acadêmica Isabelle Costa traduz a nossa existência “do pó vieste, ao pó retornaras”, mais ou menos isso que desenvolvemos, disse Isabela, uma “reversão” através dessa metodologia simples e sustentável, aplicáveis à reutilização de vítreos ou outros resíduos que podemos ajudar na preservação sustentável. “Se o vidro vem da areia, aqui, transformamos o vidro novamente em areia”, vidro esse que é descarte e jogado na natureza podem levar mais de cinco milhões de anos para se decomporem.  Concluindo, no lixo estamos promovendo soluções e produtos com maior valor agregado, possibilitando, assim, o fortalecimento e a construção de uma cadeia regional de reciclagem do vidro, afirmou Isabelle.

De “concreto”

O projeto, que já está em andamento, conta com grande apoio e interesse da Prefeitura de Toledo, através do prefeito Lucio de Marchi a qual fomenta e apoia todas as atividades no aterro municipal assim como da EMDUR – Empresa de Desenvolvimento Urbano de Toledo que tem em sua superintendência Lídio Michels e como diretor técnico o engenheiro civil Rodrigo Salles.  Além da importância para o campus  da UTFPR –  de Toledo, o valor do prêmio permitirá a construção de um laboratório de pesquisa em resíduos sólidos que seja referência nesse tipo de pesquisa. “A ideia é viabilizar a construção de um laboratório na UTFPR de Toledo dedicado ao estudo e desenvolvimento de metodologias de processamento de resíduos, que possa colocar a região como referência nesse tipo de atividade”, finaliza o professor e orientador do projeto, Ricardo Schneider. 

Compósitos-vidro cimento

Produção de Bancos

Blocos para residências

Placas  com 40 de EPS (isopor de sucatas) –  30% de granalhas de vidros que pesa cinco vezes menos que a base tradicional de cimento, pedra e ferragens.

Qual o objetivo principal do projeto?

Para os acadêmicos e professores esse projeto tem como finalidade beneficiar comunidades carentes. A metodologia desse trabalho parte de uma premissa simples “do pó viemos e ao pó voltaremos”, nossa ideia é reciclar as garrafas, potes, embalagens, para-brisas de carros, transformando-os novamente em areia. Ou seja, queremos fazer uma “areia de vidro”, conhecida como pó de vidro, que pode ser utilizada em compósitos de cimento (ou no concreto), e utilizar isso para realizar construções de pequeno porte, meios-fios e calçadas em comunidades carentes. Podendo de quebra, gerar mais renda para os catadores que vão realizar os processos de reciclagem.  Esse projeto também teve a participação de Tassia Fochesato e Carlos Balestra como coparticipantes.

Links relacionados: 

Entrevistas ao vivo Gazeta de Toledo 
https://www.facebook.com/GazetaToledo/videos/
449539852477133/

Apresentação cientifica:
https://gazetadetoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/06/POSTER-ISA-2.pdf