Foto: Divulgação/Unioeste

A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), por meio de dois projetos de pesquisa em execução na Argentina, está contribuindo para o controle de pragas da erva-mate. Os projetos são desenvolvidos em parceria com o Instituto Nacional de Tecnología Agropecuária (INTA), e financiados pelo Instituto Nacional da Erva-Mate (INYM). No total, estão sendo aplicados R$ 100 mil em recursos.

De acordo com o professor Luis Francisco Angeli Alves, do curso de Ciências Biológicas e do Programa de Pós-graduação em Conservação e Manejo de Recursos Naturais, ambos  no Campus de Cascavel da Unioeste, as atividades são desenvolvidas 100% na Argentina, nos laboratórios do INTA-EEA Montecarlo e em campo, em áreas do INTA e também em áreas de produtores orgânicos vinculados à Cooperativa Agrícola Mixta de Montecarlo.

O foco dos projetos está em duas das principais pragas da erva-mate: ampola e broca, embora existem espécies de  ácaros que são pragas da cultura. Todas de ampla ocorrência em todas as regiões produtoras de erva-mate no Brasil, Argentina e Paraguai. Apesar disso, atualmente não há financiamento público para pesquisa com erva-mate no Brasil. Até o momento, todas as ações desenvolvidas em relação à pesquisa de controle de pragas têm sido feitas com recursos próprios.

Foto: Divulgação/Unioeste

Luis explica que além da geração de conhecimento e soluções inovadoras para o controle de pragas da erva-mate, o projeto prevê a transferência da tecnologia para o produtor, por meio de capacitação e treinamento, tanto teórico, como em campo, com técnicos do INYM e da Cooperativa de Montecarlo, bem como produtores da província. “O projeto não teria saído do papel sem o esforço da pesquisadora, bióloga Dra. Maria Elena Schapovaloff, lotada na Estação Experimental Agrícola de Montecarlo, província de Misiones, Argentina”, comentou. Ambos ocupam a posição de coordenadores do projeto, que ainda conta com uma equipe, composta por um pesquisador e técnicos de apoio do INTA, um agrônomo da Cooperativa e, em breve também contará com uma estudante de doutorado da Universidad Nacional de Misiones (UNAM). Além disso, é uma oportunidade para integrar estudantes da Unioeste no projeto, para o desenvolvimento de seus trabalhos de conclusão de curso, tanto de graduação como de pós-graduação. Isto porque, existe um convênio firmado entre a Unioeste e o INTA que prevê esse tipo de parceria, que inclui visitas técnicas e treinamentos realizados na Unioeste e no INTA.

O trabalho é uma continuidade de outro projeto desenvolvido no biênio 2018-2019, também financiado pelo INYM. Na etapa atual, o trabalho será realizado em laboratório para em fase posterior em campo para validar os resultados obtidos preliminarmente.

Erva-mate

Planta eclética, a erva-mate nativa do Brasil, Argentina e Paraguai, consolidou uma extensa cadeia produtiva, que já movimenta cerca de 1,2 bilhão de dólares ao ano. O consumo da planta, com nome científico de Ilex paraguariensis, já não se restringe mais à cuia utilizada para o chimarrão, principal hábito relacionado à cultura no Sul do Brasil. Os diversos produtos e possibilidades de aplicações da planta vêm crescendo significativamente no Brasil e no mundo.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a erva-mate é bastante consumida na forma de chimarrão e chá, em especial nos estados do Sul do país, a cada dia aumenta o interesse do mercado internacional pelas propriedades da erva-mate, como teor de cafeína, teobromina e saponina. “Existe um amplo espaço para ocupar neste mercado, mas também é possível desenvolver novos produtos, como chás, energéticos e outras bebidas, cosméticos e produtos de limpeza tendo a erva-mate como matéria-prima. Crescem as oportunidades do mercado de erva-mate e melhorias no sistema de produção podem auxiliar o produtor a se tornar mais competitivo”, ressalta a Embrapa.

Historicamente, a erva-mate tem sido fundamental para a economia de muitos municípios do Sul do Brasil e, atualmente, é o principal produto não madeireiro do agronegócio florestal na região. O setor ervateiro, que já teve um ciclo econômico no qual era chamado de “Ouro Verde”, passou por um longo período de estagnação, com consequente queda nos investimentos e no desenvolvimento de tecnologias. Atualmente, embora sem retomar as dimensões do passado áureo, o mercado ervateiro vem mostrando reação positiva e a descoberta do potencial da erva-mate pelo mercado internacional se mostra uma oportunidade de desenvolvimento.

Por tratar de uma planta cuja composição química possui compostos de interesse e propriedades benéficas ao organismo, é possível vislumbrar muitas aplicações que podem vir a ampliar o mercado para a erva-mate e também a aumentar o valor agregado do produto.

A erva-mate é nativa do Brasil e praticamente a metade da matéria-prima advém de ervais considerados nativos, ou seja, ervais cujas plantas se desenvolveram em ambientes de florestas nativas. No entanto, o cultivo intencional de erva-mate também é realizado em monocultivos, em consórcio com árvores sombreadoras ou mesmo em adensamentos de ervais nativos. Para esses plantios comerciais, estão disponíveis algumas cultivares de erva-mate, registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para plantio em algumas regiões produtoras.

Fonte: Mara Vitorino/Unioeste