Nesta quarta-feira, 19, Toledo realizou uma ação especial em alguns pontos da cidade contra o golpe do falso advogado. Todas as subseções da OAB-PR se uniram para orientar a sociedade e os profissionais da advocacia sobre como os golpistas atuam e quais medidas tomar para não se tornar vítima.
O panfletaço ocorreu das 10h às 14h, com foco em conscientizar tanto os advogados — que receberam instruções sobre as orientações a repassar aos clientes — quanto a população em geral, sobre como identificar e combater o golpe.
O evento contou com divulgação de material informativo, incluindo um card da OAB-PR e da Comissão de Prerrogativas da seccional, com fundo preto e letras vermelhas e brancas, ilustrado com a figura de uma pessoa encapuzada segurando um celular, simbolizando o golpista. A iniciativa reforça a importância da união da advocacia e da sociedade no combate a fraudes e golpes envolvendo falsos advogados.
GOLPES – O presidente da OAB Subseção Toledo, Fabiano José Bordignon, disse que o golpe do falso advogado explora dados públicos de processos judiciais para enganar pessoas. Que os golpistas usam informações como nomes, números de processos e tipos de ação para criar perfis falsos e contatar clientes, alegando a necessidade de pagamentos adiantados (custas, taxas) para liberar valores ou agilizar o processo. Ele menciona ainda que as vítimas, confiando na informação, transferem dinheiro sem confirmar com seus advogados reais, caindo no golpe.
“Qualquer pessoa que propõe uma ação judicial pode ter dados sensíveis expostos nos processos eletrônicos. Isso não é um defeito, mas uma peculiaridade que facilita, por exemplo, que advogados busquem informações sobre devedores. O problema é que os golpistas se aproveitam disso: eles obtêm números de processos, nomes de advogados, das partes e a natureza da ação. Com esses dados, criam perfis falsos no WhatsApp e entram em contato com clientes, dizendo que o processo terminou, que o juiz vai assinar o alvará ou que vai sair um precatório, mas que é necessário antecipar o pagamento de custas de mil, dois ou três mil reais. Muitas vezes, a pessoa até tem a ação judicial, mas não confirma com o advogado e acaba fazendo o Pix diretamente para o golpista. Em alguns casos, a própria pessoa não precisaria pagar nada, pois é beneficiária da assistência judiciária gratuita. É uma forma de engenharia social: os golpistas abusam da confiança do juridicionado para convencê-lo a pagar falsos valores, prometendo agilizar o processo ou o pagamento do alvará”, explica.


IMPACTO – Para o Dr. Fabiano Bordignon, essa ação foi planejada para ocorrer em todo o Paraná, com o objetivo de causar impacto real. “Hoje (quarta-feira) nos reunimos e dividimos em grupos; cada grupo foi para um determinado local: frente de mercados, bancos, agências do INSS, Correios, Praça Willy Barth. A ideia era conversar com a população, alertar: ‘Olha, nós advogados estamos pedindo que você tome conhecimento disso e tome cuidado. Não aceite pressões para pagar custas ou qualquer despesa para que seu processo ande, para que seu alvará seja expedido ou para que o juiz despache uma audiência virtual”.
VALORES – Ele disse que em alguns casos, os golpistas chegam a falsificar ofícios assinados por juízes e os enviam pelo WhatsApp para convencer as pessoas. “Nesta quarta-feira, os colegas das comissões estiveram em diversos pontos da cidade justamente para causar impacto e chamar atenção. É um trabalho de formiguinha, mas precisa ser feito; se não for, a situação se espalha. Vale lembrar que os valores pedidos pelos golpistas não são altos — geralmente de R$ 1.500 a R$ 4.000 — e muitas vezes não chamam atenção, porque a pessoa tem dinheiro a receber bem maior, como R$ 50.000, R$ 60.000 ou mais. Em alguns casos, sequer há despesa, pois o cidadão é beneficiário da assistência judiciária gratuita; e quando existe, o pagamento não é feito por Pix, mas por guias judiciais, que podem ser verificadas. O advogado faz essa verificação e a parte também pode conferir no campo do sacador: o nome de quem paga, o nome de quem recebe e o valor. Se houver diferença, por exemplo, se o beneficiário não for o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná ou os dados forem divergentes, é preciso ficar alerta: não é verdadeiro. É fundamental conscientizar a população sobre esses cuidados”, enfatiza o presidente da OAB Subseção Toledo, Fabiano Bordignon.





