Por Marcos Antonio Santos
Algumas pessoas, por falta de orientação, ou até mesmo por opção, insistem em dormir no relento e no frio. Um senhor, arredio e desconfiado, que tem a sua ‘casa’ em uma calçada no centro de Toledo, não quer nem saber de ir para um abrigo. “Não quero é dormir na cadeia. Estou nesse lugar há 50 dias, e quando eu precisar, uma assistente social de Cascavel me leva para o Hospital Uopeccan. Não insista, não quero brigar com você”. Ele se preparava para acordar na manhã dessa quinta-feira, 15, quando os termômetros de rua marcavam apenas 9°C. Para se afugentar do frio, ele tinha a proteção do seu carrinho cheio de quinquilharias e se cobria com uma manta simples, ao seu lado podia se visualizar uma panela castigada pelo tempo, que ainda reservava um pouco de sopa, que claro, deveria estar congelada.

CASA DE PASSAGEM – Para pessoas sem um lar, a exemplo desse senhor, em Toledo existe a Casa de Passagem, que recentemente completou um ano. Nesse período de funcionamento, a Casa já abrigou cerca de 400 pessoas de muitas nacionalidades, as quais recebem o suporte necessário enquanto buscam um recomeço para suas vidas – algumas delas já superaram a situação de rua em que se encontravam antes de serem encaminhadas ao equipamento público.
A secretária municipal de Assistência Social, Solange Silva dos Santos Fidelis disse que a Casa de Passagem é um serviço de alta complexidade destinado a pessoas em situação de rua e desabrigo por abandono, migração e ausência de residência ou pessoas em trânsito e sem condições de autossustento. “Tem como objetivo o acolhimento provisório afim de contribuir para a promoção social e garantia de direitos socioassistenciais e está atribuído ao Departamento de Proteção Social Especial de Alta Complexidade da Secretaria Municipal de Assistência Social de Toledo, além da parceria com Secretaria de Segurança por meio da Guarda Municipal de da Secretaria da Saúde”, diz.

“O serviço oferece as pessoas necessitadas, além do acolhimento e alimentação; atendimento, psicossocial, encaminhamentos para os demais serviços públicos, conforme as necessidades; oficinas, capacitação e encaminhamento para o mercado de trabalho via Agência do Trabalhador, contribuindo com a promoção da autonomia, possibilitando assim, a superação da situação de rua”, relata Solange.
Segundo a secretária, a Casa de Passagem tem capacidade para acolher 29 pessoas, sendo dessas vagas, 21 masculinas e 8 femininas. “A Casa foi inaugurada em 05 de maio de 2022 e até o momento foram realizados 385 acolhimentos de dez nacionalidades. Para acessar a Casa de Passagem é necessário que a pessoa busque pelo atendimento da Equipe Especializada em Abordagem Social no CREAS II – Rua Porto União, 921, Jardim Porto Alegre, telefone (45) 3196-2630 – para que a partir do atendimento observando os protocolos, encaminhará à Casa de Passagem”.

Solange comenta que considerando que muitas pessoas em situação de rua, não permanecem ou não desejam acessar esse serviço da Casa de Passagem, “ elas permanecem em acompanhamento pela equipe Especializada em Abordagem Social do CREAS II, onde recebem atendimento técnico, orientações, encaminhamentos entre os quais, para serviços de saúde e para o mercado de trabalho, acesso benefício eventual kit higiene, regularização de documentos pessoais, roupas, cobertor, e acesso aos restaurantes populares, além da realização do Cadastro Único visando o benefício do Programa Bolsa Família”.
No período do inverno, como já ofertado em anos anteriores, a Secretaria de Assistência Social realizará em parceria com outras Secretarias Municipais entre as quais, Saúde, Desenvolvimento Humano, Segurança e Mobilidade Urbana, Meio ambiente, a Ação Integrada de Proteção ao Frio Intenso. “Será ofertado as pessoas em situação de rua, local para pernoite, alimentação, higiene pessoal, cobertor e roupas, durante os dias mais frios deste inverno”, diz a secretária municipal de Assistência Social, Solange Fidelis.