Os dados foram anunciados nesta quarta-feira (25) no encerramento do Projeto Ver a Cidade. Foto: TCE-PR

Mangueirinha, Iretama, Turvo, Apucarana e Toledo são os municípios que lideram o ranking; ao todo, 217 obras municipais estão paralisadas no Paraná

No encerramento do Projeto Ver a Cidade, realizado nesta quarta-feira (25 de setembro), em Curitiba, o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), conselheiro Fernando Guimarães, destacou que um dos produtos obtidos com a atuação de estudantes de Engenharia Civil de universidades estaduais, supervisionados pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), foi a atualização dos dados sobre a situação de obras paralisadas nos municípios paranaenses

As informações declaradas pelas próprias prefeituras ao TCE-PR, reunidas no Portal Informação para Todos (PIT), chegaram a apontar mais de 1.080 obras nesta situação. Mas o trabalho identificou efetivamente 217 obras, num valor contratado de quase R$ 287 milhões. O projeto envolveu dez visitas técnicas, 1.083 intervenções remotas e 820 inspeções realizadas pelo Crea-PR.

O levantamento mostrou que a região com mais obras paralisadas é a Oeste, com 41; seguida da Norte-Central, com 31; Noroeste, com 29; Centro-Ocidental, com 26; Centro-Sul, com 225; Metropolitana de Curitiba (que inclui o Litoral), com 22; Sudoeste, com 19; Norte Pioneiro, com 18; e Sudeste, com 6. A região Centro-Oriental não registrou obra paralisada.

Os três municípios com maior número de obras paralisadas – seis – são Mangueirinha (Sudoeste), Iretama (Centro-Oeste) e Turvo (Central). Depois aparecem Apucarana (Norte) e Toledo (Oeste), com cinco obras cada.

Consulta realizada pela Gazeta de Toledo junto à Coordenadoria de Comunicação do TCE-PR aponta que as obras paralisadas em Toledo são:

– 12 unidades habitacionais no Bairro Santa Clara*

– 08 unidades habitacionais no Loteamento Miotto*

– Reforma do Centro de Eventos de Vila Nova

– Construção de creche no Jardim Da Mata

– Ciclovia na área rural, junto a OT-007, que liga os distritos de Novo Sobradinho e Vila Nova à sede do Município

*As unidades habitacionais, apesar de estarem localizadas em áreas distintas, formam um condomínio que seria destinado a idosos de baixa renda (Recanto Feliz 2), mas que teve a construção interrompida porque dezenas de pessoas sem-teto invadiram as casas quando estavam em fase de acabamento.

Redes

“Hoje ninguém faz mais nada sozinho. Somos uma rede social, uma rede de instituições e de pessoas e, quanto mais nos unirmos e fizermos propostas como esta, mais avançaremos”, destacou Guimarães na abertura do evento, realizado pela manhã, no auditório da Secretaria de Estado da Administração e da Previdência (Seap-PR), situado no Palácio das Araucárias, no Centro Cívico.

“Este é um momento muito importante para nós, para toda a sociedade, porque possibilita que ela enxergue o gestor público como algo transformador, que efetivamente resolve esta situação de obras paralisadas em nossos municípios”, destacou o presidente do Crea-PR, Clodomir Ascari.

“Este projeto representa, ao final, um profissional de Engenharia mais bem formado e a fiscalização aponta caminhos para os governos encontrarem uma solução, priorizando a conclusão dessas obras”, destacou o reitor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Alexandre Almeida Webber.

Já o reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Leandro Vanalli, enfatizou a importância do projeto do TCE-PR para o aprimoramento do currículo dos alunos de Engenharia Civil, possibilitando o contato prático e direto com a realidade que vão enfrentar após concluir o curso.

Um dos participantes foi o estudante da Unioeste Nicolas Carvalho de Souza, que considera importante que o projeto tenha prosseguimento. “Que venha mais gente participar, porque são muitas obras por todo o estado, para que possamos ampliar as visitas, dando respostas ainda melhores para os municípios, já que é o cidadão que paga pela execução destas obras.”

O projeto

Projeto Ver a Cidade é resultado de uma parceria firmada entre o TCE-PR, o Crea-PR, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti-PR) e as quatro instituições estaduais paranaenses de ensino superior que oferecem o curso de Engenharia Civil: UEL (Universidade Estadual de Londrina), UEM (incluindo os campi de Maringá e Umuarama), UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) e Unioeste, campus de Cascavel.

Os objetivos da iniciativa foram integrar mais um segmento da sociedade ao processo de controle social, uma das metas da atual gestão do TCE-PR, trazendo a academia para dentro da instituição; e ampliar a fiscalização das obras públicas cadastradas como paralisadas junto ao Tribunal pelos municípios, buscando sua retomada e conclusão.

A fiscalização foi feita de duas formas:  presencial, com inspeções de dez obras selecionadas em cada região; e virtual, com a análise da conformidade da documentação registrada pelas prefeituras sobre as obras no portal do TCE-PR. Neste ano participaram 12 estudantes de Engenharia Civil e dois professores orientadores de cada campus participante, num total de 70 pessoas

O projeto também garantiu aos estudantes de Engenharia Civil a experiência de fiscalizar obras públicas em sua cidade e região, assim como aprender responsabilidade e ética profissional, contribuindo e agregando prática à sua formação. Ao mesmo tempo, estimula a formação de novos engenheiros de obras públicas, segmento que vem encontrando deficiência de profissionais.

A perspectiva para 2025 é que o projeto tenha continuidade, com a inclusão de instituições de outras regiões, inclusive Curitiba, e de caráter particular, em função do interesse despertado pelo projeto, que também vem servindo de referência para outros tribunais de contas.

Com informações da Coordenadoria de Comunicação do TCE-PR.