Por Fernando Braga
Luis Adalberto Beto Lunitti Pagnussatti, ou simplesmente Beto Lunitti, amarga pela quinta vez, em sua trajetória política, uma derrota na disputa pela Prefeitura de Toledo.
Em 2000, Lunitti perdeu para Derli Donin; em 2004 e 2008 foi derrotado por José Carlos Schiavinato; em 2012 foi eleito pela primeira vez, derrotando João Poletto; em 2016 perdeu para Lucio de Marchi; em 2020 venceu novamente a eleição, disputada contra Lucio de Marchi; e em 2024 foi derrotado novamente, concorrendo à prefeitura contra Professora Nelsi (PT) e Mario César Costenaro (Republicanos), o vencedor do pleito.
Historicamente ligado à esquerda, que em Toledo nunca emplacou uma candidatura ao Executivo, Beto Lunitti tentou uma manobra arriscada em 2024. Ele e seu vice, Ademar Dorfschmidt, tentaram se travestir de políticos de direita, filiando-se ao partido do governador Ratinho Jr (PSD) e ao partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), respectivamente. Porém, a estratégia não deu certo em uma cidade com o eleitorado majoritariamente conservador e que sabe identificar quem é de direita.
Antes mesmo do início da campanha, partidários do prefeito Lunitti já publicavam pesquisas que o colocavam na frente na corrida pela prefeitura. Ao longo da campanha, outras pesquisas contratadas pelo grupo político que apoia Lunitti também mostravam sua suposta liderança. Contudo, na reta final as últimas pesquisas apontavam empate técnico entre Lunitti e Costenaro (essas eram as pesquisas que realmente apontavam um quadro próximo da realidade). As chamadas pesquisas de consumo ou pesquisas internas, que são feitas sem o registro na Justiça Eleitoral (e por isso não podem ser publicadas) e servem apenas como termômetro para os coordenadores de campanhas e marqueterios políticos, também mostravam empate técnico entre Beto e Mario. As demais pesquisas, que davam longa vantagem ao atual prefeito, não condiziam com a realidade, como vimos nas urnas. Mario César Costenato venceu Beto Lunitti por apenas 621 votos, ou seja, estavam de fato tecnicamente empatados.
Com o futuro político idenfinido, Beto e Ademar ficam mais distantes de realizarem o sonho de chegar à Alep. É notório o desejo que ambos têm de serem eleitos deputados estaduais. Porém, a insatisfação do eleitor toledano com a atual gestão municipal pode deixá-los cada vez mais distantes da Assembleia Legislativa.
O resultado desta eleição demonstra que a população, de um modo geral, não se esqueceu que no último ano epidemiológico Toledo bateu o triste recorde em número de infeccões e em número de mortos pela dengue (44 óbitos no total), enquanto a Prefeitura pouco fazia para combater a epidemia (sequer solicitou o fumacê ao Ministério da Saúde); não se esqueceu que o prefeito trabalhou para eleger como Presidente da Câmara um aliado que possui um longo histórico de ações juduciais e até uma prisão por porte ilegal e disparos de arma de fogo; não esqueceu que o Aeroporto Municipal, além de perder o único o voo da Azul Linhas Aéreas, está fechado há quase um ano, sem nenhuma operação comercial; não se esqueceu que a Expo Toledo foi riscada do calendário oficial do Município (há quatro anos não temos este que sempre foi um dos maiores eventos agropecuários do estado, realizado justamente na cidade que tem o maior Valor Bruto de Produção Agropecuária do Paraná); e também não se esqueceu que quase duas centenas de moradores de rua vagam pela cidade, atrapalhando comerciantes e pondo em risco a segurança da população (durante o período de campanha, ações da Prefeitura retiraram os moradores de rua de locais visíveis, como a Praça Willy Barth e a Praça Getúlio Vargas, esparramando-os para outras localidades onde são menos vistos, como por exemplo no Parque João Paulo II, onde cerca de 20 pessoas em situação de rua têm passado as noites).
Agora, Toledo inicia novo capítulo em sua história política, com a quinta derrota de Beto Lunitti.