Enquanto um ranking de saúde celebra Toledo como o 2º melhor município do Brasil, dados oficiais do Ministério da Saúde apontam desafios significativos para a cidade e mostra a verdade, e, não a mentira.
Recentemente, a cidade de Toledo ganhou destaque nacional (hic) ao ser classificada como o 2º município no Brasil em termos de acesso à saúde, segundo uma publicação da empresa CLP Brasil. No entanto, uma análise aprofundada dos dados oficiais do Ministério da Saúde revela uma realidade bem diferente, colocando Toledo em uma posição muito menos favorável.
A discrepância dos rankings
O entusiasmo da atual gestão de Toledo foi alimentado pela notícia de que a cidade ocupava uma posição de destaque no ranking da CLP Brasil. Este ranking, conforme anunciado, incluiu dados de saúde suplementar(planos de saúde empresarial e individual) e não apenas da saúde pública, o que pode ter influenciado a alta classificação da cidade.
Por outro lado, uma investigação conduzida pelo especialista em saúde pública, conhecido como “urubu-saúde”, revelou que Toledo está na 320ª posição entre os 399 municípios do Paraná em termos de cobertura da atenção primária em saúde. Este dado é proveniente do sistema e-SUS-AB do Ministério da Saúde, que fornece uma visão detalhada e atualizada da situação da saúde pública em todo o país.
Indicadores em números
A análise dos indicadores da saúde pública em Toledo para o ano de 2023 mostra resultados preocupantes:
- Pré-natal (6 consultas): 56%, ocupando a 324ª posição.
- Pré-natal (Sífilis/HIV): 80%, posição 215.
- Saúde Bucal para Gestantes: 55%, posição 308.
- Cobertura Citopatológico: 29%, posição 236.
- Vacinas Polio/Penta: 90%, posição 178.
- Hipertensão (PA aferida): 18%, posição 368.
- Diabetes (Hemoglobina Glicada): 17%, posição 323.
Esses números revelam uma situação crítica em vários aspectos da atenção primária, especialmente em áreas como hipertensão e diabetes, onde a cobertura está extremamente abaixo da média.
Reações e medidas
O contraste entre o ranking da CLP Brasil e os dados do Ministério da Saúde gerou preocupação entre os cidadãos de Toledo, que frequentemente relatam problemas como demora em consultas, exames e tratamentos. A discrepância levanta questões sobre a metodologia utilizada pela CLP Brasil e a precisão dos dados apresentados.
Gostaria de uma boa resposta da administração municipal para esclarecer a situação. Quem sabe uma “nota oficial” para explicar a diferença nos rankings e detalhar as ações que estão sendo tomadas para melhorar a qualidade dos serviços de saúde e não faltar com a verdade.
Toledo: Entre o prestígio e os desafios na saúde pública
Toledo, uma cidade que implantaram o título de destaque no cenário nacional, com sua economia vibrante e infraestrutura que, para muitos, inspira qualidade de vida. Recentemente, essa reputação se estendeu para a saúde, quando um ranking colocou o município como o 2º melhor do Brasil em termos de acesso à saúde. Para quem lê de fora, o título soa como motivo de orgulho. Mas, para quem vive o dia a dia da cidade, será que essa narrativa faz sentido?
A verdade, às vezes, se esconde entre os números. O estudo que alavancou Toledo aos holofotes, realizado pela CLP Brasil (não governamental), pareceu promissor à primeira vista. No entanto, como um espelho que reflete apenas um lado da realidade, o ranking leva em conta, além do Sistema Único de Saúde (SUS), também os planos de saúde particulares. E é aí que mora a grande divergência.
Enquanto se aplaude a inclusão, o contraste aparece quando olhamos para os dados frios e oficiais do Ministério da Saúde. Segundo o sistema e-SUS-AB, Toledo ocupa a 320ª posição entre os 399 municípios do Paraná quando o critério é a cobertura da atenção primária. Não é um dado que se alinha ao brilho da medalha de prata estampada nas manchetes.
E mais: os indicadores de 2023 apontam para uma situação preocupante em áreas essenciais da saúde pública. A cobertura pré-natal completa, fundamental para a saúde das mães e dos bebês, atinge apenas 56%, jogando a cidade para a 324ª posição. Quando falamos em hipertensão, um dos males mais prevalentes da sociedade moderna, a aferição da pressão arterial chega a apenas 18%, posicionando Toledo na lamentável 368ª colocação.
A pergunta que fica é: onde está a saúde pública que o ranking celebrou? Quem vive em Toledo sabe das dificuldades enfrentadas nas filas de espera por consultas e exames. A alta expectativa gerada pela posição no ranking cai por terra quando confrontada com a realidade de quem precisa dos serviços públicos de saúde e, não dos particulares.
A cidade, com certeza, tem seus méritos e potencial. Mas não se pode camuflar a verdade com títulos que não condizem com o dia a dia da população. Uma administração pública séria precisa encarar esses números de frente, com transparência, reconhecendo suas falhas e, principalmente, traçando planos concretos para melhorar. Porque, no fim, a saúde não pode ser medida apenas por estatísticas bonitas e cheia de variantes. Ela se faz nas pequenas vitórias cotidianas: no atendimento digno, no diagnóstico precoce e no tratamento eficaz.
Toledo merece mais do que apenas uma medalha brilhante. Merece uma saúde pública que esteja à altura das necessidades de sua gente. E essa conquista só virá com trabalho sério, comprometido e, acima de tudo, verdadeiro.