Da Redação
De acordo com o 11º Boletim de Conjuntura Econômica do Município de Toledo, uma parceria entre a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT) e o Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)/Campus de Toledo, a quantidade de estabelecimentos industriais em Toledo teve seu crescimento desacelerado durante a pandemia da Covid-19, mas não comprometido.
Desde o início de 2018 até o final de 2021, os estabelecimentos industriais aumentaram sistematicamente de 1.029 para 1.118, representando crescimento de 8,65% no período, com resultados positivos para quase todos os ramos de atividade.
Apesar de modesto, o aumento médio de 2,16% ao ano ainda é quase o dobro do crescimento paranaense neste intervalo de tempo. Os ramos de atividade que mais sofreram cortes foram as indústrias Têxtil, Produtos Minerais Não-metálicos e Papel e Gráfica, com reduções de 12, 10 e 7 empresas, respectivamente. Há um movimento claro de retração de empregos e empresas destes três ramos industriais no Paraná na última década, inclusive precedendo a crise de 2015.
Provavelmente, as causas estão relacionadas a um aumento da competitividade da concorrência externa. O ramo produtivo da Metalurgia também foi importante para Paraná e Toledo na criação de empresas industriais no passado recente, mas tem sentido dificuldades desde 2016. Em 2018, o total de empresas aumentou em 10 e, mesmo assim, o segmento fechou o quadriênio com menos empresas do que começou (99).
No Paraná, o setor teve cortes, inclusive no número de empregos, desde 2015. Há sinal de recuperação a partir de 2020 e, em Toledo, em 2021, mas ainda nenhum dos lugares voltou aos patamares pré-crise econômica de 2015. Dentre os ramos produtivos mais afortunados, destaca-se a Indústria da Construção Civil, com saldo positivo de 76 novas organizações, fazendo deste o ramo industrial que mais criou empresas no município no período, repetindo uma tendência que se verifica há pelo menos duas décadas em todo o Paraná. Por conta disto, para cada nova empresa se criaram 2,84 novos empregos no município e 13,82 no estado, ou seja, o crescimento em Toledo foi bem menos intenso e menos concentrado, com mais espaço para pequenas novas empresas.
Outro ramo que está entre os maiores geradores de empresas e empregos industriais no Paraná desde 2000 foi a Indústria Mecânica. Ao final de 2021, essa atividade contava com 17 estabelecimentos a mais que em 2018. O período da pandemia foi desfavorável para o ramo, que já variava em menos de 6 plantas ao ano desde 2017, mas o efeito não foi duradouro.
Em Toledo, o aumento da atividade se concentrou em 2021, com 120 novas empresas, sendo o terceiro maior agregado de estabelecimentos industriais no município.
O Boletim ressalta que, apesar de possuírem maior concentração de empresas, os setores mencionados não são os mais importantes para a economia de Toledo em emprego ou produto. As indústrias que mais empregam no município são a Química e a de Alimentos, dominadas por grandes empresas. Entre 2018 e 2021, a Indústria Química aumentou em 5 estabelecimentos e a Indústria de Alimentos permaneceu estável, ao mesmo tempo que juntas foram responsáveis por mais da metade dos novos empregos do setor secundário. Há mais de 20 anos, os segmentos concentram cerca de 70% da mão-de-obra industrial do município. ‘Alimentos e Bebidas’ é um ramo de atividade historicamente forte no Paraná.
Em Toledo, no período de 2004 a 2019, o total de estabelecimentos saiu de 58 para 149, ápice da série histórica, e em 2021 caiu para 138. Apesar de bem-sucedido no número de empregos, o período 2018-2021 pode ser caracterizado como especificamente ruim para a abertura de empresas do ramo em Toledo, já que no passado recente não se verificou a mesma tendência.
Segundo o Boletim de Conjuntura Econômica do Município de Toledo, existem sinais mais claros da influência da crise brasileira de 2015 sobre a indústria do que da pandemia de coronavírus, pois os segmentos que mais sofreram cortes já apresentavam sinais de desaceleração ou retração de estabelecimentos anos antes de 2020.
O Brasil como um todo ainda não foi capaz de recuperar as taxas de crescimento que possuía há dez anos atrás, e o mesmo ocorreu em alguns ramos de atividade produtiva em Toledo e no Paraná. Há ainda novas barreiras à entrada em setores prósperos, como Alimentos e Bebidas, que continuam crescendo em empregos, mas estacionaram no número de empresas.
É possível que as empresas consolidadas tenham obtido alguma vantagem competitiva no período, como acesso a tecnologias melhores, linhas de financiamento para capital de giro e investimentos e fidelização de clientes, o que tornou o mercado mais difícil para as novas empresas.
BOLETIM – O Boletim de Conjuntura Econômica é fruto de uma parceria entre a ACIT e o Núcleo de Desenvolvimento Regional da Unioeste. Seu objetivo é fornecer informações sobre a economia municipal de forma clara e objetiva. As suas informações se destinam aos cidadãos, empresários e gestores públicos. Os dados apresentados são de fontes oficiais e de organizações públicas e privadas. A periodicidade do Boletim é de até quatro edições anuais, conforme divulgação dos dados oficiais.
Nesse volume, o Boletim apresentou dados sobre informações sobre a arrecadação do microempreendedor individual na Receita Federal do Brasil (RFB), dados do Produto Interno Bruto (PIB), síntese dos dados da cesta básica, dentre outros.