Um grupo de 52 alunos de quatro diferentes nacionalidades celebrou, no último sábado (14), a conclusão do curso de língua portuguesa promovido pela Escola de Língua Portuguesa para Migrantes, em Toledo. A cerimônia, realizada no Auditório Dom Anuar Battisti, no câmpus local da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), representou mais do que o encerramento de uma etapa educacional.
Vindos do Afeganistão, Egito, Haiti e Venezuela, os formandos frequentaram 10 encontros ao longo de três meses, totalizando 40 horas de atividades letivas conduzidas pelas professoras Ruth Marie Nicolas e Alice Baranhas. Para obter o certificado, os participantes, que foram divididos em três turmas, precisaram alcançar pelo menos 75% de frequência e um rendimento igual ou superior a 70%.
Além do aprendizado da língua portuguesa, o curso ofereceu um espaço de escuta, partilha de vivências e fortalecimento da autonomia dos alunos. Essa foi a primeira cerimônia do gênero realizada em 2025 e reuniu amigos, familiares e representantes de instituições envolvidas na iniciativa.
Antes da entrega dos certificados e da fala das autoridades, os convidados foram presenteados com uma apresentação cultural emocionante: uma dança típica haitiana executada por Scardeli Nicolas e sua filha Emily. Entre as autoridades presentes estavam o vice-prefeito Lucio de Marchi; o bispo da Diocese de Toledo, Dom João Carlos Seneme; o diretor do câmpus da PUCPR, Ricardo Lopes; e a secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Sheila Maria Rodrigues Delava – também compareceram o vereador Sérgio Japonês e a presidente da Embaixada Solidária, Edna Nunes.
Durante sua fala, Lucio de Marchi fez questão de saudar o trabalho da equipe da Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social (SDHS), com destaque para o setor de Políticas para Imigrantes e Outros Grupos Vulnerabilizados, coordenado por Késsi Rudek. “Toledo é um pedacinho do chão brasileiro que cresce e precisa de mão de obra, precisa de pessoas que venham até aqui para buscar os seus sonhos. Dos 5.570 municípios do Brasil, esse é um dos que mais se desenvolvem, e o município recebe vocês de braços abertos”, destaca o vice-prefeito, dirigindo-se aos formandos. “Vejo nas escolas quantas crianças de diferentes etnias e países em nossa rede municipal de ensino. Que bom que vocês vieram para Toledo! Que a gente possa criar uma grande harmonia entre todos os povos aqui representados. Parabéns aos professores e a todos que se envolveram nesse processo de formação tão importante para o desenvolvimento humano”, cumprimenta.
Ricardo chamou a atenção para o impacto transformador do domínio da língua no cotidiano de quem se estabelece em um novo país. “Cada pessoa que deixa sua terra natal enfrenta não apenas barreiras físicas e culturais, mas também os muros invisíveis do preconceito e da discriminação. Mesmo diante dessas adversidades, os migrantes nos mostram que a esperança é uma chama que não se apaga facilmente”, destaca o diretor-geral da PUCPR/Toledo. “Aprender o idioma do país que os acolhe é muito mais do que uma habilidade prática; é uma porta aberta para oportunidades, pertencimento e conexão. Cabe a todos nós, enquanto sociedade, criar condições que incentivem esse aprendizado e combater a xenofobia, promovendo políticas inclusivas e valorizando a diversidade que os migrantes trazem para as nossas comunidades”, analisa.
Dom João Carlos lembrou, em sua fala, que a doutrina judaico-cristã reserva especial atenção a três grupos: os órfãos, as viúvas e os imigrantes, reafirmando o compromisso da Igreja com os mais vulneráveis. “Hoje, ao celebrarmos essa conquista, pedimos que Deus nos mantenha atentos às necessidades uns dos outros, para que possamos viver como irmãos e irmãs, unidos pela dignidade, pela solidariedade e pela bênção do Deus da vida”, exorta o bispo de Toledo. “É uma alegria poder acolher aqueles que vêm em busca de um novo sentido para suas vidas, trazendo suas famílias e desejando transformar este país em seu novo lar. Ao entregar este diploma, partilhamos com vocês um gesto de carinho e uma possibilidade concreta de inserção, por meio do conhecimento da língua e da cultura”, avalia.
Sheila enfatiza que os imigrantes são agentes ativos do desenvolvimento de Toledo e que ações de acolhimento e formação como essa são fundamentais para garantir a inserção plena dessas pessoas na sociedade. “Hoje olhamos para a chegada dos imigrantes e dizemos: graças a Deus que eles estão vindo! As nossas indústrias aumentaram a produção e precisam de mais colaboradores. Os imigrantes estão presentes na produção, no comércio e nos serviços. Por isso, o poder público tem o compromisso de oferecer cada vez mais políticas públicas de inclusão”, salienta a titular da SDHS. “Este curso é uma forma de preparar os imigrantes que estão chegando ao nosso município para conseguir um emprego, ter acesso à saúde, se localizar melhor e se sentir bem em Toledo. Quando a pessoa não fala a língua, tudo fica mais difícil: o atendimento, a convivência em comunidade e até a prevenção de problemas de saúde”, observa.
A Escola de Língua Portuguesa para Migrantes é uma iniciativa que resulta da parceria entre Prefeitura de Toledo, PUCPR e Cáritas Diocesana, com o objetivo de fortalecer o processo de acolhimento e integração de estrangeiros que vivem no município. A ação faz parte de uma política pública permanente de inclusão social, que reconhece a diversidade cultural como um dos pilares da identidade local.
Fonte: Secom/Pref. de Toledo