
Por Marcos Antonio Santos
A ajuda de pessoas que não têm desprendimento material, mas que se dispõem a colaborar com crianças refugiadas da guerra na África, é fundamental para aliviar o sofrimento dessas crianças e promover um futuro mais digno para elas. Muitas dessas crianças vivem em condições extremamente precárias, sendo privadas de direitos básicos, como alimentação, educação e um ambiente seguro. No entanto, mesmo sem grandes recursos materiais, indivíduos com empatia e desejo de ajudar podem fazer a diferença de várias maneiras.
Anderson Douglas dos Reis, morador de Toledo, teve a oportunidade de viver essa rica experiência recentemente. Ele ficou de 2 a 22 de janeiro de 2025 no campo de refugiados no Malawi, no Dzaleka Refugee Camp.
Anderson, que é produtor rural, conta um pouco dessa aventura do bem. “Eu me encontrei lá na África com 12 caravaneiros de lugares diferentes, sendo 11 professores de pedagogia. Eu não sabia o que iria encontrar por lá. Não sabia o que tinha lá, o que era. Só via em filmes e algumas reportagens. Já fazia dois anos que essa ideia de viajar para a África estava na minha cabeça. Não sei se foi um chamado ou se foi Deus. Só sei de uma coisa: nunca mais vou esquecer aquele povo. Aquelas crianças. E o quanto estamos muito bem aqui no Brasil. Estamos no paraíso. Ajudei as professoras na sala de aula, com as crianças. Ajudei na agricultura. As crianças lá, com quatro anos, já têm que aprender a plantar, mexer com a terra, para poder se garantir no futuro”.
O Dzaleka Refugee Camp, localizado no Malawi, é um dos maiores campos de refugiados da região da África Austral. Fundado em 1994, o campo abriga milhares de refugiados que fogem de conflitos e perseguições, especialmente de países como Somália, República Democrática do Congo e Etiópia, além de outros lugares afetados pela violência e instabilidade política.
VOLUNTÁRIO
De acordo com Anderson, ele pagou sua passagem e a estadia da caravana. “Fiquei no alojamento onde eram servidas três refeições: café, almoço e jantar. O banho era com caneca, pegava a água em um balde. Se chovesse um ou dois dias, ficávamos sem energia. Lá, a energia é solar, e não há rede elétrica nem água encanada. Em uma contagem realizada em 2022, eram 70 mil pessoas no campo de refugiados. Hoje, deve ter mais de 80 mil pessoas. Muitas crianças, a maioria órfãs. Não tem nada. Fogão, geladeira, cama. Só o barraco de lona fornecido pela ONU (Organização das Nações Unidas)”, relata.
Ele menciona que, quando se inscreveu na caravana Fraternidade sem Fronteiras, nem sabia o que estava fazendo. “Apenas sei que tinha um chamado”.

POBREZA
Segundo Anderson, ele conseguiu chegar enfrentando todas as dificuldades. “Muita dificuldade. A África não é fácil, é muito pobre. Policiais querendo tomar suas coisas, pedindo dinheiro para tudo. Conheci a Fraternidade sem Fronteiras e o fundador Vagner Moura. Eu e o nosso diretor Evaldo vimos com nossos próprios olhos o que eles fazem por aquele povo, com tão pouco, apenas com doações. Conheci também a escola Ubuntu e vi o trabalho que eles fazem. Todos são voluntários, sem ganhos. É difícil de entender, a gente chega lá e tenta fazer o que pode. Tentei adotar uma criança, mas logo recebi a informação de que refugiados não podem ser adotados”.
FIM DA LINHA
Quando o campo ganha o status de refugiado, é o fim da linha. “Dzaleka, traduzindo, significa: Fim da linha. Não pode trabalhar ou sair do campo. O governo não aceita. Então, todo aquele povo vive com $5 dólares (R$ 29,00, cotação dessa sexta, 7) que a ONU oferece a eles por mês. Já fizemos um projeto de arrecadação. Foi muito bom, teve até uma doação de um jogador de futebol famoso, mas ele pediu para não divulgar o nome dele. Agora estamos fazendo mais dois projetos: rifas para arrecadar dinheiro para as crianças no Malawi. Eu volto em julho para terminar mais um projeto”, finaliza Anderson Reis.
APOIO
A solidariedade de pessoas que se preocupam com o bem-estar dessas crianças, a exemplo de Anderson, pode se manifestar em ações simples, mas impactantes, como o apoio psicológico, a mobilização de grupos para arrecadação de recursos ou até mesmo a disseminação de informações que ajudem a sensibilizar a sociedade sobre a situação dos refugiados. Muitos voluntários, por exemplo, oferecem seu tempo e conhecimento para auxiliar em tarefas que não exigem recursos financeiros, como o apoio educacional, a organização de campanhas de arrecadação de roupas e alimentos, e até a ajuda com a logística de distribuição de ajuda humanitária.
CONDIÇÕES DE VIDA
As condições de vida em Dzaleka são extremamente difíceis. O campo enfrenta uma infraestrutura limitada, com acesso restrito a água potável, energia elétrica e serviços médicos adequados. Além disso, a educação, embora oferecida, é muitas vezes insuficiente devido à falta de recursos, infraestrutura escolar e professores capacitados. Muitas crianças têm dificuldades em continuar seus estudos e sonham com um futuro melhor, mas enfrentam obstáculos para alcançar essa meta.
A segurança alimentar também é uma preocupação constante, já que os alimentos fornecidos são limitados e não atendem completamente às necessidades nutricionais da população. Os refugiados muitas vezes dependem de organizações humanitárias para suprir suas necessidades básicas.
Dzaleka é um símbolo das dificuldades enfrentadas pelos refugiados, mas também da força e da determinação humana diante da adversidade. Mesmo com a falta de recursos materiais, o apoio das pessoas e organizações tem sido fundamental para garantir que, apesar das circunstâncias desafiadoras, os refugiados, especialmente as crianças, possam encontrar um caminho para a recuperação, dignidade e esperança.
Serviço:
Ajuda às crianças refugiadas do Malawi
Rifas:
Contato: Anderson Reis
Telefone: +55 (45) 9960-6602
Instagram: Anderson Douglas Reis https://www.instagram.com/anderson.douglas.reis?igsh=MnBuZGFjNG9qcnA5&utm_source=qr










Fotos: arquivo pessoal
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