Da Redação
Um caso, não muito incomum, de desentendimentos entre motoristas de aplicativos e motoristas de táxis, foi registrado em Toledo, na noite deste domingo (08), quando uma mulher foi interpelada por dois homens e acabou procurando a Delegacia de Polícia Civil para registrar queixa depois ter sido intimidada e coagida ao tentar fazer uma corrida.
Divergências – e até brigas – já foram registradas diversas vezes, em várias cidades brasileiras, e é até compreensível que no segmento de transporte de passageiros haja uma certa disputa por clientes. Entretanto, o que se viu ontem, em Toledo, foi uma situação que ultrapassa o limite do bom-senso. O caso aconteceu na rodoviária de Toledo, local que mantém serviço de táxi 24 h.
Apesar de haver carros disponíveis naquela praça de táxi, o caso não pode ser visto como uma mera disputa por clientes, pois a passageira – por sua própria vontade – acionou uma motorista mulher, via app, para busca-la (algumas empresas disponibilizam mulheres motoristas para atender passageiras que prefiram a companhia feminina).
O que se deu foi que um taxista, vendo que uma mulher que havia desembarcado na rodoviária estava defronte ao terminal correndo os olhos em busca de um carro, parou seu veículo na frente dela e abriu a porta. A mulher, achando que seria o carro que ela tinha chamado pelo aplicativo, entrou no banco de trás e disse aonde pretendia ir. O taxista saiu com o carro, iniciando a corrida, enquanto a motorista de aplicativo estava lá na frente da rodoviária aguardando sua cliente.
Percebendo que a mulher que a chamou não estava ali, a motorista ligou para a passageira, avisando que a aguardava. A passageira, surpresa por descobrir que não embarcou no carro que solicitou, pediu para o taxista retornar, já que havia acontecido um engano.
O homem, que já tinha dirigido por cerca de duas quadras, não aceitou interromper a corrida, mas a passageira insistiu e ele teve que leva-la de volta à rodoviária. Quando a motorista de aplicativo acenou e se identificou, começou a confusão. O taxista que teve que cancelar a corrida, e um colega seu, que também trabalha naquela praça, abordaram a mulher e tentaram coagi-la para não seguir com a cliente. Em meio a ofensas, eles chegaram a alegar falsamente que ela estaria trabalhando de maneira irregular, clandestina, sem autorização para realizar o transporte de passageiros.
Na presença da cliente, a condutora mostrou que estava devidamente regularizada, apresentando, inclusive, seu alvará para exercer a atividade. Ainda assim, ela foi intimidada pelos dois homens, que queriam que ela fosse embora. Iniciou-se uma discussão acalorada e a motorista passou a ser agredida verbalmente. Um dos homens chegou a partir pra cima dela, com o dedo em riste, apontando para o seu rosto.
A situação só não se agravou porque outros motoristas de aplicativos chegaram para a socorrer a mulher que estava sendo intimidada e ofendida. Os motoristas de aplicativo são unidos e em prol da segurança, utilizam um dispositivo para acionar os colegas em casos de furto, roubo, agressão ou mesmo uma discussão com um cliente que se recuse a pagar pelo serviço prestado. Graças a esse dispositivo de segurança, a motorista acionou seus colegas, que logo chegaram para prestar apoio.
Na presença dos outros motoristas, os taxistas acalmaram os ânimos, que estavam acirrados, e foram embora antes que a polícia pudesse ser acionada.
A motorista, muito nervosa com o acontecido, pediu à sua cliente que solicitasse, via aplicativo, outra pessoa para fazer a corrida, pois não estava em condições de prestar um bom serviço no estado em que se encontrava.
A passageira seguiu para seu destino com outro carro de aplicativo e a motorista foi embora, para tentar se acalmar. Na manhã desta segunda-feira (09), a mulher se dirigiu à 20ª SDP e registrou um Boletim de Ocorrência contra os taxistas que foram agressivos.
Ouvimos os responsáveis pelo aplicativo local e soubemos que as imagens das câmeras de segurança da rodoviária foram solicitadas para serem apresentadas à Polícia Civil, que poderá constatar o relato feito pela motorista e confirmar a identidade dos dois taxistas, que deverão comparecer à delegacia.
Os responsáveis pelo aplicativo também informaram que irão acionar as autoridades municipais para que fiscalizem os profissionais que trabalham com transporte de passageiros, tanto os motoristas de aplicativos, como os de táxis. É necessário, de acordo com eles, que o motoristas de aplicativos sejam fiscalizados, para averiguar se estão obedecendo a normas e trabalhando de maneira regular.
Os pontos de táxis também precisam ser fiscalizados, pois alguns taxistas não estariam observando a legislação municipal que regulamenta a atividade. Como exemplo das possíveis irregularidades, um dos taxistas que intimidaram a motorista, segundo informação que nos foi repassada, não estaria mantendo em seu automóvel os sinais identificadores exigidos por lei (seu carro não estaria caracterizado conforme as determinações da normativa municipal).
