Mais uma vez, os autoproclamados “injustiçados do kit-propina” tentaram transformar o tapetão da Justiça em trampolim de salvação. Deram com a cara no muro jurídico. O Tribunal de Justiça do Paraná, por meio do desembargador substituto Marcelo Wallbach Silva, negou o pedido de liminar que buscava suspender os efeitos das deliberações da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e do plenário da Câmara de Toledo.
Em bom português: a lei vale para todos — inclusive para quem tenta reinterpretá-la ao sabor da conveniência política.
Regimento não é papel de bala
O TJPR foi didático. Deixou claro que leis e códigos internos existem para serem cumpridos, não manipulados. Os vereadores alegaram “cerceamento de defesa” por falta de intimação pessoal dos advogados — argumento que, segundo o Tribunal, não encontra respaldo nem no Código de Ética e Conduta da Câmara.
A Justiça lembrou ainda que o representado deve acompanhar os canais oficiais da Casa. Traduzindo: quem não lê o Diário Oficial, não pode reclamar depois.
Interna corporis — e fim de papo
A decisão foi cirúrgica ao lembrar que o Judiciário não se mete em assuntos interna corporis, ou seja, de competência exclusiva do Legislativo.
Em outras palavras: o Judiciário não serve para blindar mandato de quem se enrola nas próprias condutas éticas.
Enquanto isso, a Câmara segue aplicando o que manda o regimento, a Lei Orgânica e o bom senso — aquele mesmo que parece ter abandonado alguns gabinetes há tempos.
Em manhã de sanções e recados políticos
Em manhã de sanções de inúmeras leis criadas pelos vereadores e também pelo Executivo, o prefeito Mario Costenaro não apenas assinou papéis, mas aproveitou a coletiva para mandar seus recados — com a costumeira diplomacia, mas com entrelinhas que falam alto.
R$ 160 milhões — o “tesouro” que não é tão tesouro assim
O prefeito iniciou a fala destacando o tal número mágico: R$ 160 milhões “deixados” (hic) nos cofres do município.
Parece um mar de dinheiro, mas segundo ele, trata-se de um oceano cheio de ilhas de restrição. Do total, apenas R$ 38 milhões seriam recursos livres, e mesmo esses, “já comprometidos”.
Ou seja: Toledo tem, mas não pode. O caixa está cheio, mas amarrado.
Costenaro fez questão de reforçar que a gestão tem trabalhado para “normatizar e regularizar situações”, o que, na tradução política, significa tentar desatar os nós burocráticos deixados ou criados pelo recente “passado”, afinal, ele esta trabalhando com orçamento da antiga gestão.
Entre uma lei que “desafetas áreas” e outra que “ajusta associações”, o prefeito aproveitou para mostrar que, apesar das dificuldades, há intenção de colocar ordem na casa.
No fundo, foi um discurso mais contábil que político — mas com um recado velado: há quem confunda saldo de conta com dinheiro de verdade.
Capital de tudo — do Agro à Cultura, passando pelo Social

Em seguida, Costenaro tratou de reforçar a autoestima toledana.
“Dizem que Toledo era capital da Cultura… Era? Não, continua sendo!”, rebateu o prefeito, que aproveitou para acrescentar mais títulos: capital do Agronegócio, do Trabalho, do Social e de referências regional, estadual e nacional.
Faltou pouco para decretar feriado municipal em homenagem à versatilidade da cidade.
O tom foi de orgulho, mas com sutil alfinete político:
entre o “era” e o “é”, ficou evidente o recado aos que vivem de nostalgia — Toledo quer ser lembrada pelo que faz hoje, não só pelo que foi um dia.
E para dar corpo ao discurso, citou o projeto Florir Toledo, premiado em Curitiba, destacando o engajamento social e ambiental do programa.
De quebra, elogiou o secretariado, o Legislativo e as entidades civis — um raro momento de harmonia institucional, ainda que soasse como discurso de quem tenta blindar a gestão de ruídos e disputas internas.
Eixão do desenvolvimento — promessa com mapa e bússola

Por fim, Costenaro retomou o tema que virou espécie de mantra da atual administração: o Eixão do Desenvolvimento.
Falou do Biopark, das pontes estaiadas, das ligações viárias, e de como tudo isso estaria dentro de um grande projeto “integrado e sustentável”.
Bonito no papel, poético no microfone — mas o contribuinte anda mesmo é curioso pra saber quando tudo sai do PowerPoint e aparece no chão.
O prefeito fez questão de agradecer os parceiros e reforçar o discurso da integração da cidade — aquela Toledo que “precisa se conectar a si mesma”.
Mas o tom final soou quase simbólico: “Estamos construindo pontes”.
Que assim seja — e que elas liguem mais que discursos e intenções.
OAB na linha de frente contra os golpistas digitais
A OAB de Toledo mostra que o debate público também precisa acompanhar o ritmo dos crimes digitais. A entidade promove um encontro aberto à comunidade para tratar de um tema que já tirou o sono de muita gente: os golpes e fraudes que se multiplicam em ritmo de aplicativo. Especialistas em direito digital, segurança bancária e investigação criminal vão expor as novas táticas dos golpistas — inclusive as mais recentes, via WhatsApp, que agora chegam até às contas bancárias.
O evento, gratuito e aberto ao público, pretende unir advocacia, instituições financeiras e cidadãos em um mesmo propósito: blindar a população diante das novas artimanhas virtuais.
Do “golpe do amor” ao “golpe do advogado” — o crime se modernizou
O debate promovido pela OAB Toledo promete abrir os olhos até dos mais experientes. Entre os temas, destaque para o “Golpe do Falso Advogado”, que será detalhado pela presidente da Comissão de Direito Bancário da entidade. A Polícia Civil também marca presença para explicar os desafios das investigações e a dificuldade de recuperar valores desviados.
Já o presidente da Comissão de Direito Digital, Bruno Schmidt, vai orientar sobre os direitos das vítimas e o que fazer quando o dano já aconteceu. A discussão é oportuna: em tempos em que o celular virou carteira e cofre, informação e prevenção são os melhores antivírus.





