A convocação da Sessão Extraordinária da Câmara de Toledo para esse dia 19 às 16h, não foi apenas cumprimento formal do Regimento. Foi, sobretudo, um gesto claro de sincronização institucional: Executivo pede urgência, Legislativo responde com agenda e quórum. O relógio político de 2026 já começou a girar.
Extraordinária no nome, estratégica no conteúdo
A pauta é enxuta, mas cirúrgica. Estrutura administrativa, política tributária, habitação popular e ajustes de gestão entram juntos no plenário. Quando temas sensíveis avançam sem ruído, o recado é direto: há alinhamento e método.
Executivo propõe, legislativo organiza
Projetos centrais do Executivo ganham prioridade e tramitação célere. Não há atropelo, há coordenação. A Câmara assume o papel de garantir segurança jurídica enquanto o Executivo prepara o terreno para um ano de execução mais previsível.
Estrutura hoje, entrega amanhã
Reorganizar cargos, ajustar regras fiscais e destravar patrimônio público no fim de 2025 não é pressa: é planejamento antecipado. Quem arruma a casa agora quer menos improviso e mais entrega em 2026.
Quando o plenário anda, a cidade sente
Sessões extraordinárias costumam gerar desconfiança. Desta vez, sinalizam outra coisa: harmonia institucional. Executivo e Legislativo falam a mesma língua quando o objetivo é garantir continuidade administrativa e reduzir ruídos políticos no próximo ano.
2026 começa antes do réveillon
A mensagem é clara: não se governa apenas com discurso de janeiro. As bases legais, administrativas e políticas estão sendo lançadas agora. Alinhamento hoje é governabilidade amanhã.
Solo urbano sai do gabinete e vai para o plenário
Não é detalhe administrativo. Quando parcelamento do solo e zoneamento urbano entram em audiência pública, a Câmara de Toledo sinaliza que a cidade começa a tratar crescimento urbano como política de Estado — e não como decisão de balcão. Os projetos em debate mexem diretamente com o valor da terra, o ritmo da expansão urbana e o custo da cidade para quem mora e para quem investe. A presença da sociedade, agora oficialmente convocada, é o único antídoto contra decisões que, quando tomadas no silêncio, costumam gerar distorções duradouras. Planejamento urbano não é favor técnico: é pacto coletivo.
Zoneamento é poder — e o jogo está aberto
Poucas leis concentram tanto poder quanto as que definem onde pode, onde não pode e quanto pode construir. Alterar regras de parcelamento e uso do solo significa mexer em interesses econômicos pesados, expectativas imobiliárias e estratégias políticas de longo prazo. Ao abrir prazo para sugestões e colocar os projetos sob o crivo público, a Comissão Especial assume um risco calculado: o de expor o debate. Mas também cumpre o rito democrático que costuma faltar quando o assunto é cidade. Quem entende o jogo sabe: zoneamento não é técnico apenas — é profundamente político. E, desta vez, o tabuleiro está visível.
O euísmo estadual
Há políticos que acreditam sinceramente — ou fingem muito bem — que recursos públicos brotam do chão assim que eles desembarcam na cidade. Basta um microfone, um anúncio e pronto: a obra nasce, o dinheiro aparece e a história começa ali, naquele discurso.
Curioso.
Porque, longe do palanque, há quem trabalhe antes da foto. Quem abre portas silenciosamente, constrói pontes políticas e mantém diálogo permanente com quem decide de verdade. Nesse capítulo — que raramente vira manchete — é impossível ignorar o papel de Luiz Ferreira, cuja relação direta e respeitosa com o governador e com secretários como Guto Silva, Alexandre Curi, Sandro Alex e Márcio Nunes faz toda a diferença entre promessa e execução.
Sem essa articulação, talvez os números anunciados fossem outros. Menores, quem sabe. Ou apenas intenções.
Mas, como sempre, na política brasileira, há quem chegue para cortar a fita… e há quem tenha segurado a porta aberta o tempo todo.
Entrevista de sábado
Neste sábado, dia 20, recebo o deputado federal Dilceu Sperafico para falar de números e poder político real.
Quantas sessões participou? Qual seu índice de presença e atuação no Congresso Nacional?

Na conversa, Sperafico também analisa o cenário de 2026, a importância de Toledo eleger um deputado estadual local e comenta os impactos de mais de R$ 57 milhões em emendas destinadas ao município.
Entrevista de sábado I
No próximo dia 27 de dezembro, recebo Gabriel Baierle, presidente da Câmara Municipal de Toledo. Em pauta, um ano turbulento, os resultados da reestruturação do Legislativo, a defesa das sessões itinerantes e o debate — sensível e inevitável — sobre o aumento do número de cadeiras na Câmara.

Cidadania em sua essência.
Do latim civitas, pertencimento à cidade, a política ganha sentido quando se traduz em atitude. Na imagem, o vereador Marcos Zanetti (Cidadania) ao lado do pré-candidato a deputado federal Marcelo Rosa, o Solitário Mudanças, cuja essência é a solidariedade — porque fazer o bem, sem olhar a quem, é a forma mais concreta de exercer a cidadania.

Contas de 2021 a 2024 aprovadas, dúvidas intactas
A Câmara Municipal aprovou, por meio da Resolução nº 142/2025, as contas do Executivo referentes ao exercício de 2024. No papel, tudo regular. No rito, tudo correto. No discurso, superávit e “recursos livres” apresentados como selo de boa gestão.
Mas política fiscal não se resume à assinatura no parecer
A leitura fria dos números sugere que parte desse superávit tem mais de efeito ótico do que de robustez financeira. Recursos classificados como “livres” carregavam, na prática, compromissos futuros, vinculações informais e despesas apenas empurradas no calendário. Não é ilegal — mas tampouco é virtuoso. É contabilidade criativa travestida de prudência.
A aprovação, amparada no parecer técnico do Tribunal de Contas, encerra o processo formal. Não encerra o debate político. Porque regularidade não significa, necessariamente, eficiência; e conformidade legal não é sinônimo de saúde fiscal estrutural.
Fica a pergunta que não coube na resolução: o superávit refletia capacidade real de investimento ou apenas adiamento estratégico de obrigações? Os recursos eram, de fato, livres — ou apenas temporariamente disponíveis?
No fim, as contas foram aprovadas. A narrativa, não.
E em política, quando sobra discurso e falta execução concreta, o balanço pode até fechar… mas a dúvida permanece aberta.





