Ato em frente ao Núcleo Regional de Educação. Foto: Gazeta de Toledo

Por Marcos Antonio Santos

Mais um capítulo da luta pela permanência do Sistema de Assistência à Saúde (SAS) se manter em Toledo foi escrito nessa quinta-feira, 10. Professores, servidores aposentados e representantes dos sindicatos realizaram um ato em frente ao Núcleo Regional de Educação (NRE) e depois se reuniram com o Chefe do NRE, José Carlos Guimarães.  A iniciativa da manifestação foi da APP Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública, que defende Toledo como sede por ter a melhor infraestrutura.

Os servidores estão revoltados e indignados com o processo licitatório (pregão), de nº 45, estabelecendo que o Hospital Beneficente Moacir Micheletto, de Assis Chateaubriand, que fez o menor preço, seria o responsável a atender a mais de 15 municípios da região, abrangendo um público de aproximadamente 11 mil pessoas.  Atualmente os servidores são atendidos pela Hoesp (Hospital Bom Jesus).

NRE – Segundo José Carlos Guimarães, o Núcleo não tem poderes para tomar nenhuma decisão sobre a permanência do SAS em Toledo, e sugeriu que os sindicatos agendem uma reunião com a Secretaria da Administração e Previdência do Paraná (SEAP). “O motivo por vocês estarem aqui é pelo grande número de professores que utilizam o SAS, mas a Educação não é responsável por esse sistema, a SEAP e a responsável e faz a gestão do SAS. Precisamos marcar uma reunião com a SEAP e discutir com eles a legalização desse processo licitatório. Podemos mediar e orientar qual o departamento, que os servidores poderão falar na SEAP. Interferir nesse processo, a Educação não pode”, afirma.

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Guimarães recebeu os servidores para uma reunião no NRE. Foto: Gazeta de Toledo

O professor Guimarães relatou que antes de receber os servidores teve uma reunião com representantes do hospital de Assis, que disseram que homologando a licitação os serviços seriam descentralizados. “A intenção deles é descentralizar o SAS, fazer o atendimento em Assis, também em Santa Helena e uma parceria com o Hospital Regional de Toledo, que ainda não inaugurou”.

SINTEOESTE – O coordenador-geral em Toledo e região do Sinteoeste, Alfonso Klein, lembra que o Hospital Regional ainda não foi inaugurado. “Faz quantos anos que esperamos esse hospital ser inaugurando em Toledo? Agora vai ser inaugurado de hoje para manhã a força? Para atender os caprichos de um contrato de trabalho com o Hospital Micheletto, que não comporta nem o atendimento de Assis. Mesmo se o HR estivesse funcionando, não atenderia a demanda do SAS”, avalia.

Alfonso Klein disse que eles não podem aceitar a transferência do atendimento do SAS para Assis Chateaubriand, e eles têm motivos para estarem indignados. “Não é uma questão de tamanho de município e de distância, o problema está na condição técnica de atendimento do Hospital Moacir Micheletto, que não comporta o atendimento de todos os nossos trabalhadores de Toledo e região. Como pode um hospital que comporta 1.000 atendimentos, passar a receber 11 mil a partir de outubro? Temos muitos motivos para ficarmos revoltados e indignados com essa possibilidade de transferência”, afirma.

No ato, a representante do Sinteoeste, Kelly dos Santos, apresentou alguns dados da 20ª Regional de Saúde, da estrutura do Bom Jesus e do Moacir Micheletto. “O Bom Jesus tem 215 leitos e o Micheletto possui 62 leitos. No hospital de Toledo, o atendimento é misto; particular e SUS. O hospital de Assis está cadastrado sendo 100% SUS”. O Bom Jesus faz cerca de 4 mil consultas por mês pelo SAS no Pronto-Socorro, fora as demandas por especialidades médicas. São cerca de 5 mil exames laboratoriais e de 80 internamentos por mês.

MOBILIZAÇÃO – A professora e presidente do Núcleo Sindical de Toledo, Marilene Alves de Abreu disse que o ato não foi apenas uma ação da APP Sindicato, mas de outros sindicatos da região e do Paraná. “É uma mobilização conjunta de vários sindicatos fazendo essa defesa para que o SAS permaneça em Toledo. O prejuízo com certeza virá, começando pelo transporte, a distância de Toledo a Assis; 50 km e a estrada é ruim. As pessoas em casos de emergência, vão procurar o SUS, em Toledo, ao invés, de ir até Assis para serem atendidas pelo SAS. Toledo é uma regional em saúde e não entendemos essa transferência. O processo de licitação ainda não está completo”.

Mobilização é de vários sindicatos e servidores. Foto: Gazeta de Toledo

A presidente do Núcleo Sindical, de Assis, professora Rita Krug Dias, alertou que a transferência do SAS para Assis é muito preocupante. “O Hospital Micheletto comporta o SUS e com o SAS irão sobrecarregar os atendimentos. Não é apenas os servidores de Toledo que irão para Assis, é de toda a região. Queremos a permanência do SAS em Toledo. Em Assis não tem todos os médicos e assistência médica que tem o Bom Jesus.  A APP Sindicato quer uma melhoria do SAS, porque em muitas vezes temos que utilizar o SUS. Estamos lutando por melhorias, em Assis somente irá piorar. E Toledo é polo regional. Essa mudança é uma jogada política e não houve nenhuma discussão com os servidores por parte do deputado Estadual Marcel Micheletto”.

A secretária dos aposentados do Núcleo da APP Sindicato de Assis, Alice Ranucci, comenta que é muito estranho a saída do SAS, de Toledo. “Não tem explicação, Assis não tem estrutura para suportar uma demanda de saúde, a exemplo de Toledo. Em Assis, qualquer problema maior é transferido para o Bom Jesus, ou Cascavel. Qual o objetivo de tirar daqui e levar para Assis e depois manter um contrato com o Hospital Regional? Não sabemos de qual cabeça saiu essa ideia. É inviável, não dá nem para discutir”.

Para a professora aposentada Marlete Ferreira, moradora de Assis, o Hospital Micheletto não tem estrutura para atender os 11 mil servidores do SAS. “Seguramente não! Hoje, somente temos um hospital em Assis, e não é apenas a população da nossa cidade, é de toda a região. E não temos profissionais de todas as áreas médicas. Em Toledo tem a estrutura física do hospital, lá não. Já precisei vir a Toledo e fui muito bem atendida no Bom Jesus”.