Foto: Arquivo/Gazeta de Toledo

Da Redação

Ex-servidor da prefeitura de Toledo que foi denunciado a cerca de três anos pela Gazeta de Toledo, deve ser julgado pelo Judiciário pelos crimes cometidos contra a administração pública.

Uma série de irregularidades foi cometida por um guarda municipal, que a época dos fatos ocupava um cargo em comissão e respondia pela frota do Município. As denúncias chegaram à Gazeta de Toledo através de um leitor que em viagem à Santa Catarina viu o referido servidor acompanhado por mulheres em uma praia local. O que chamou a atenção foi a utilização de um veículo oficial da prefeitura durante o “passeio”.

O caso Duster

As apurações feitas durante as publicações das matérias aqui veiculadas, referindo-se ao “caso Duster”, como foi batizado, mostraram que Claudiomir José Ferreira forjou um itinerário que supostamente iria passar por Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, onde ele alegou que iria buscar documentos. As câmeras das concessionárias, instaladas ao longo das rodovias e nas praças de pedágio, registraram o trajeto percorrido demonstrando outro percurso.

Além dos comprovantes de pagamento de pedágio e das imagens que obtivemos com exclusividade, como as que aparecem nessa matéria, comprovaram que além de não passar por Curitiba e nem chegar ao Rio Grande do Sul, o funcionário público incorreu em outro ato grave: ele descaracterizou o veículo oficial, retirando os adesivos que identificavam o Renault Duster branco com o emblema da prefeitura de Toledo.

Imagens das câmeras das rodovias, que publicamos com exclusividade, comprovaram a mentira do servidor, que usou dinheiro e carro da prefeitura para passear. Foto: Arquivo/Gazeta de Toledo

Graças às publicações feitas com exclusividade pelo jornal, o Ministério Público tomou conhecimento e acionou a prefeitura, cobrando os ritos processuais em casos de suspeita de improbidade. Uma sindicância foi instaurada pela prefeitura, resultando na abertura de um PAD (Processo Administrativo Disciplinar), que culminou com a exoneração do servidor municipal em novembro de 2020. Uma das constatações que o levaram a ser expulso da administração pública foi a de que sua artimanha causou prejuízo aos cofres públicos, uma vez que ele forjou a viagem no intuito de receber as diárias pagas pelo Município.

Denúncia do Ministério Público

Nesta terça-feira (15), o Ministério Público do Paraná (MPPR) anunciou que, por meio da 4ª Promotoria de Justiça de Toledo (Proteção ao Patrimônio Público), ajuizou ação civil pública por ato de improbidade e ofereceu denúncia criminal por peculato contra o ex-servidor por ter utilizado o carro da prefeitura para fins particulares em janeiro de 2018.

Segundo consta nos autos do MPPR, “o servidor, que era guarda municipal e exercia a função gratificada de coordenador da frota de veículos do Município, alegou que precisava viajar para Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre para regularizar, nos Departamentos de Trânsito locais, as documentações de veículos doados à Prefeitura pela Receita Federal. Para isso, retirou um carro do pátio da Prefeitura sem registro no controle da frota e requisitou R$ 1.520,00 para diárias e despesas de viagem”.

A investigação do Ministério Público quebrou o sigilo telefônico e requisitou as informações das concessionárias de pedágio, conforme descrito em nossas matérias, para confirmar que o denunciado não se dirigiu aos Detrans dos municípios citados. Ele dirigiu-se diretamente a Porto Belo, no litoral catarinense, onde pernoitou, indo em seguida para a cidade de Garuva, onde abandonou o veículo após problemas mecânicos.