O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, durante sessão plenária do Senado para analisar a Medida Provisória (MP) 871/19, que busca coibir fraudes no INSS.

O Senado aprovou, na noite deste segunda-feira, (3), a Medida Provisória (MP) 871/2019, que visa a combater as fraudes no sistema previdenciário. A MP foi aprovada no último dia antes de perder sua validade e segue para sanção presidencial. Em uma segunda-feira, dia atípico para votações em plenário, 68 senadores registraram presença. Destes, 55 votaram a favor da MP e 12 contra. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não registrou voto.

O texto aprovado nesta segunda-feira estabelece um programa de revisão dos benefícios com indícios de irregularidades e autoriza o pagamento de um bônus para os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para cada processo analisado fora do horário de trabalho. A proposta também exige um cadastro para o trabalhador rural feito pelo governo, e não mais pelos sindicatos, como é feito hoje e restringe o pagamento de auxílio-reclusão apenas aos casos de pena em regime fechado.

O texto prevê ainda que o INSS terá acesso a dados da Receita Federal, do Sistema Único de Saúde (SUS) e das movimentações do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O acesso aos dados médicos pode ainda incluir entidades privadas por meio de convênio. O governo avalia que a medida vai economizar R$ 10 bilhões por ano. No alvo, estão indícios de irregularidades em auxílios-doença, aposentadorias por invalidez e Benefícios de Prestação Continuada (BPC).

Caso haja algum indício de irregularidade, o beneficiário terá 30 dias para apresentar defesa, sendo 60 dias para o trabalhador rural, para o agricultor familiar e para o segurado especial. Se não apresentar a defesa no prazo ou ela for considerada insuficiente, o benefício será suspenso, cabendo recurso em até 30 dias.

Acordo para votação

O bloco de oposição do Senado, composto por Rede, Cidadania, PDT e PSB, fez um acordo com o líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE), para registrar quórum e não obstruir a votação da MP. O acordo foi alinhavado em reunião, na tarde desta segunda. Participaram da reunião senadores da oposição, além de Bezerra e do secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.

Os senadores da oposição se mostraram insatisfeitos com o prazo considerado curto para que os trabalhadores rurais e pescadores se cadastrem junto ao Ministério da Economia e validem o tempo de serviço. Para viabilizar a votação, eles, conseguiram um compromisso do governo para alterar os prazos para cadastramento no texto da reforma da Previdência.

Com o acordo, o governo incluirá na reforma um dispositivo que aumenta o prazo para cadastramento dos trabalhadores rurais e pescadores, caso pelo menos 50% desses trabalhadores não se cadastrem em um prazo de cinco anos.

“Acertamos, os senadores da oposição, a contribuir com o quórum e sem pedido de verificação. Se ao longo de 5 anos não for viabilizado o cadastramento de pelo menos 50% dos trabalhadores rurais e pescadores do país, o prazo será renovado até um prazo exequível a ser atingido”, disse o líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Em sua fala no plenário, Fernando Bezerra garantiu o cumprimento do acordo por parte do governo. “Quero garantir o acordo, que foi apreciado pelo deputado Samuel Moreira [PSDB-SP], relator da reforma na Comissão Especial. E ele acordou com o conceito da proposta de criarmos um gatilho. O governo teve abertura para negociar, flexibilizar e atender muitas as preocupações colocadas”.

Quórum mínimo

O quórum mínimo para garantir a votação, de 41 senadores, foi atingido após as 17h, horário previsto por Bezerra para que isso ocorresse. Apesar dos oposicionistas selarem o acordo, ainda persistiam senadores contrários à MP como chegou da Câmara. 

Alguns senadores se queixaram do trecho que tira os sindicatos do processo de cadastramento previdenciário de trabalhadores rurais. Para eles, a exclusão dos sindicatos no processo dificulta que os trabalhadores rurais façam o cadastro, uma vez que precisam se deslocar, muitas vezes de localidades afastadas, para postos do INSS. “Estamos colocando sindicatos como se fossem organizações criminosas. E isso não é verdade”, disse Eliziane Gama (Cidadania-MA).

Durante as falas, senadores de vários partidos trouxeram à tona novamente a insatisfação com a Câmara dos Deputados, por entregarem ao Senado uma MP às vésperas do vencimento. Vários senadores afirmaram que não são “carimbadores” das decisões vindas da Câmara e criticaram o pouco tempo para apreciação dessa e de outras medidas provisórias. Fonte: EBC

fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil.

SENADORES QUE VOTARAM A FAVOR DA MP 871:

Nome Partido UF
Alessandro Vieira CIDADANIA SE
Alvaro Dias PODE PR
Antonio Anastasia PSDB MG
Arolde de Oliveira PSD RJ
Carlos Viana PSD MG
Chico Rodrigues DEM RR
Ciro Nogueira PP PI
Confúcio Moura MDB RO
Daniella Ribeiro PP PB
Dário Berger MDB SC
Eduardo Braga MDB AM
Eduardo Girão PODE CE
Eduardo Gomes MDB TO
Elmano Férrer PODE PI
Esperidião Amin PP SC
Fernando Bezerra Coelho MDB PE
Flávio Arns REDE PR
Flávio Bolsonaro PSL RJ
Izalci Lucas PSDB DF
Jarbas Vasconcelos MDB PE
Jorge Kajuru PSB GO
Jorginho Mello PL SC
José Maranhão MDB PB
José Serra PSDB SP
Juíza Selma PSL MT
Lasier Martins PODE RS
Leila Barros PSB DF
Lucas Barreto PSD AP
Luis Carlos Heinze PP RS
Luiz do Carmo MDB GO
Mailza Gomes PP AC
Major Olimpio PSL SP
Mara Gabrilli PSDB SP
Marcelo Castro MDB PI
Marcio Bittar MDB AC
Marcos do Val CIDADANIA ES
Marcos Rogério DEM RO
Nelsinho Trad PSD MS
Omar Aziz PSD AM
Oriovisto Guimarães PODE PR
Plínio Valério PSDB AM
Reguffe Sem Partido DF
Renilde Bulhões PROS AL
Roberto Rocha PSDB MA
Rodrigo Cunha PSDB AL
Rodrigo Pacheco DEM MG
Romário PODE RJ
Rose de Freitas PODE ES
Sérgio Petecão PSD AC
Simone Tebet MDB MS
Styvenson Valentim PODE RN
Tasso Jereissati PSDB CE
Telmário Mota PROS RR
Vanderlan Cardoso PP GO
Wellington Fagundes PL MT

SENADORES QUE VOTARAM CONTRA A MP 871:

Nome Partido UF
Angelo Coronel PSD BA
Eliziane Gama CIDADANIA MA
Humberto Costa PT PE
Jaques Wagner PT BA
Otto Alencar PSD BA
Paulo Paim PT RS
Paulo Rocha PT PA
Randolfe Rodrigues REDE AP
Renan Calheiros MDB AL
Rogério Carvalho PT SE
Veneziano Vital do Rêgo PSB PB
Zenaide Maia PROS RN

SENADORES QUE PREFERIRAM FAZER TURISMO E NÃO TRABALHAR:

Nome Partido UF
Acir Gurgacz PDT RO
Cid Gomes PDT CE
Fabiano Contarato REDE ES
Irajá PSD TO
Jader Barbalho MDB PA
Jayme Campos DEM MT
Jean Paul Prates PT RN
Kátia Abreu PDT TO
Maria do Carmo Alves DEM SE
Mecias de Jesus PRB RR
Soraya Thronicke PSL MS
Weverton PDT MA
Zequinha Marinho PSC PA


* Colaborou Kariane Costa, da Rádio Naciona