Por Marcos Antonio Santos
A região Oeste do Paraná, incluindo Toledo, tem potencial de 12 mil vagas de emprego. E boa parte pode ser ocupada pelos imigrantes e refugiados, e muitos deles são acolhidos pela Embaixada Solidária, idealizada pela jornalista Edna Nunes. Ela disse que desde 2014, a Embaixada, onde as histórias de seres humanos se encontram, já atendeu 32 países “temos a maioria do Haiti, Venezuela, África, Cuba, e, agora, Argentina. Somos a principal porta de entrada para os migrantes e refugiados na região Oeste”.
“A empregabilidade é que atrai essas pessoas para cá, e, ao mesmo tempo, o Oeste do Paraná precisa dessa mão de obra, que não está mais disponível. Eu tenho visto isso na construção civil e indústria, então, é a lei do ganha-ganha; eles precisam porque seus países estão em crise, e a nossa indústria se desenvolveu tanto, que precisa de mão de obra extra. É um movimento que todo país desenvolvido passou: que é a importação dessa mão de obra”, ressalta Edna.
NOVA OPORTUNIDADE – Para o presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), empresário Rainer Zielasko, essas 12 mil vagas precisam ser preenchidas, e ao mesmo tempo as pessoas precisam ser acolhidas, principalmente os imigrantes. “Hoje, essas pessoas chegam no Oeste do Paraná e temos que ter estruturas para recebê-las e acolhê-las, e também mostrar qual a maneira de trabalhar na região para que eles se sintam em casa e possam reconstruir suas vidas. E vagas para trabalho, têm”.
“Os imigrantes tinham muita dificuldade para conseguir os documentos, e conseguimos um convênio com a Polícia Federal, hoje já estamos cadastrando as pessoas nas empresas. Não precisa mais agendar, porque temos uma parte das vagas destinada aos imigrantes para se fazer a documentação. E com tudo correto podem começar a trabalhar. As pessoas estão podendo voltar a ter a sua dignidade por meio do emprego, e na sequência oferecemos o acolhimento necessário para que elas realmente tenham um recomeço mais digno e possam sonhar em construir uma vida aqui na nossa região”, relata Rainer Zielasko.
Edna Nunes comenta que a Embaixada Solidária tem uma parceria com a Cáritas Diocesana de Toledo para normalizar a vida do imigrante e da família. “Desde uma documentação, montagem de um lar solidário, o ensino do idioma, as barreiras jurídicas e culturais. Depois desse desafio transposto, eles são preparados e encaminhados para o mercado de trabalho. Resolvemos praticamente 50% até que essa rotina se normalize, e o próximo encaminhamento resolve os outros 50%, que é o trabalho e renda”.

De acordo com a agente da Cáritas Diocesana, Aline Rocha, a entidade em parceria com a PUC e a Embaixada Solidária, auxilia no processo de documentação de migrantes e refugiados. “Por isso que é tão importante a parceria com a Polícia Federal, a meta é possibilitar que esse trabalhador migrante esteja pronto para o mercado de trabalho”.
VIDA NOVA – A haitiana Iscardely Nicollas disse que onde morava era tudo muito complicado. “Trabalho e escola eram muito difíceis, então chegamos ao Brasil para ter uma oportunidade melhor para conseguir trabalhar. Eu fui muito bem-recebida na Agência do Trabalhador. Aqui no Brasil, eu encontrei a esperança de uma vida melhor”.

Sonho realizado; é o que conta o venezuelano, formado em engenheira civil, Miguel Angel, que em menos de duas semanas obteve um novo endereço e emprego. “Fui na Embaixada Solidária para procurar emprego, e depois eles me encaminharam, agora, eu consegui trabalho. Acredito que terei uma vida melhor aqui no Brasil”.
Com toda a sua simplicidade e gratidão, o haitiano Therody Estimable menciona que não tem palavras para dimensionar a sua felicidade de ter encontrado o seu primeiro emprego na Fiasul, em Toledo. “A Fiasul é uma referência para todos os estrangeiros. A primeira vez quando cheguei na empresa, não sabia falar nem bom dia. Quando tem alguma palavra que eu não sei, sempre alguém me ajuda. Mudou tudo na minha vida, e agora, posso ajudar a minha família lá no Haiti”.

SINE – O diretor da Agência do Trabalhador (Sine/Toledo) Rodrigo Souza conta que de janeiro a abril deste ano foram contratados por intermédio da agência, 96 pessoas. “Essa maneira de atender os imigrantes tem funcionado muito bem, e atendemos com exclusividade. Temos uma atendente somente para receber os migrantes com um contato humano, de proximidade. Hoje, em Toledo, são 800 vagas abertas, perto de 45% aceitam imigrantes; Copacol, BRF, Fiasul, são empresas que mais contratam essa mão de obra ligada aos imigrantes”.
Nos quatro primeiros meses de 2023 em todo o Paraná foram admitidos 1.483 imigrantes. Rodrigo Souza confirma que com 96 contrações no período, Toledo está em 5º lugar no estado que mais contrata. “O que diferencia Toledo de outras cidades são as diversidades das vagas, nos outros lugares a maioria é somente no setor de produção. Aqui, conseguimos empregar em vários lugares, além das indústrias, também no setor de serviços”, diz. Em Toledo, no ano passado, foram realizados 400 encaminhamentos de imigrantes, em média três por pessoa e 70 imigrantes foram contratados.
A agente de atendimento personalizado do Sine, Aline Bonetti afirma que acompanha de perto todo o processo de empregabilidade dos imigrantes. “Contamos também com o currículo TOP, no idioma do país do migrante, para fazer um atendimento mais atencioso para as necessidades que eles precisam. Após ao atendimento presencial, monitoramos outras vagas para ver o que melhor se encaixa ao perfil do imigrante”.

O resultado dessas parcerias vai além de uma vaga de trabalho. Transcende a perspectiva de recomeço, de empregabilidade e da oportunidade em uma terra com muitas pessoas querendo fazer o bem, de ajudar os imigrantes e refugiados, que saíram dos seus países de maneira forçada, que encontram aqui um Sol brilhante todos os dias.