O estudo do IBGE revela que a taxa de analfabetismo neste grupo é quatro vezes superior à da população sem deficiência
Segundo o Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um dado alarmante sobre a educação no Brasil foi revelado: 2,9 milhões de pessoas com deficiência (PCDs) com 15 anos ou mais são analfabetas. Esse grupo faz parte de um total de 13,6 milhões de brasileiros com deficiência nessa faixa etária.
Isso representa 21,3%, o que é quatro vezes maior do que a registrada entre as sem deficiência, cuja taxa de analfabetismo é de 5,2%. Vale ressaltar que, fora os quase 4 milhões de PCDs considerados no levantamento, o país possui mais aproximadamente 5,4 milhões que estão na faixa de 2 a 14 anos.
Isso evidencia que o problema pode ser ainda maior se forem considerados os desafios educacionais que já começam na infância.
Baixa escolaridade
O cenário educacional revela um abismo que se amplia em todos os níveis de ensino. Apenas 7,4% dos indivíduos com deficiência com 25 anos ou mais concluíram o ensino superior, percentual muito inferior aos 19,5% da população sem deficiência.
A diferença se repete no ensino médio, em que 17,8% das PCDs finalizaram essa etapa, contra 33,9% das que não possuem deficiência. No ensino fundamental, o quadro também é desigual: apenas 11,8% desse público têm essa etapa concluída, enquanto 14,3% sem essas limitações atingiram esse nível.
Nota-se que 63,1% das pessoas com deficiência com 25 anos ou mais não possuem instrução formal, ou não concluíram o ensino fundamental. Este número é praticamente o dobro dos 32,3% observados entre aqueles sem deficiência. Outro dado preocupante revelado pelo IBGE é que cerca de 3 milhões de pessoas com deficiência no Brasil são analfabetas.
Inclusão escolar
Quando se observa a taxa de escolarização, ou seja, a proporção de indivíduos que estão frequentando a escola, os números indicam que a inclusão ainda enfrenta desafios.
Cerca de 3 milhões de pessoas com deficiência no Brasil são analfabetas, conforme aponta o IBGE. Entre crianças de 6 a 14 anos com deficiência, 92,6% estão matriculadas, um percentual inferior aos 98,4% das crianças sem deficiência. Essa diferença se torna ainda mais evidente na faixa etária de 15 a 17 anos, onde 79,4% dos jovens com deficiência frequentam a escola, em comparação com 85,5% daqueles sem deficiência.
A pesquisa considerou quem possui grande dificuldade ou impossibilidade de enxergar, ouvir, caminhar, segurar objetos pequenos, além de limitações mentais que impactam na comunicação, no trabalho, nos cuidados pessoais e na educação.
Infraestrutura e investimentos são necessários
Os dados revelados pelo IBGE reforçam a importância de investimentos em infraestrutura, na formação de profissionais capacitados e no acesso a tecnologias assistivas para reduzir os índices de analfabetismo.
Nesse contexto, o uso de recursos como softwares de leitura de tela, que transformam textos digitais em áudio, permitindo que pessoas com deficiência visual naveguem pela internet, leiam livros e acessem conteúdos educacionais, é fundamental.
Ademais, teclados adaptados também são importantes. Eles possuem tamanhos diferenciados, teclas ampliadas ou sistemas sensíveis ao toque, facilitando o uso por indivíduos com limitações motoras ou dificuldades de coordenação.
Além disso, o acesso a uma impressora adaptada para braille é importante. Isso porque esse tipo de equipamento permite a produção de livros, apostilas, atividades e outros materiais em braille, garantindo que estudantes com deficiência visual possam acompanhar os mesmos conteúdos que os demais colegas.
Formação e acessibilidade
Outro ponto essencial é a capacitação constante dos professores e das equipes pedagógicas, que precisam estar preparados para aplicar metodologias inclusivas e utilizar as tecnologias assistivas de forma eficiente dentro da sala de aula.
A acessibilidade arquitetônica, com rampas, sinalização adequada, piso tátil e mobiliário adaptado, também faz parte desse processo. Sem esses elementos, o ambiente escolar se torna excludente e pouco receptivo para quem mais precisa de suporte.
Fonte: Assessoria