Por Eliseu Langner de Lima
Nossa cidade juntamente com outras 17 viviam cheia de esperanças, ansiavam por um futuro mais saudável quando, em 2012, as primeiras pedras do Hospital Regional foram colocadas. Nossos políticos, com discursos inflamados e promessas grandiosas, juravam um hospital moderno e eficiente, um símbolo de progresso que traria alívio e cuidados à população. As pessoas acreditaram, votaram, confiaram. Mas por trás das palavras eloquentes, escondia-se um cenário obscuro e desilusão.
Os anos passaram, e o hospital, que deveria ser um farol de esperança, tornou-se um exemplo claro de como as péssimas gestões puderam enraizar-se profundamente nas promessas políticas. Desde o início, o projeto enfrentou problemas judiciais, alterações estruturais e modificações de projeto devido a erros graves, comprovados por perícias. Cada atraso, cada novo aditivo contratual, revelava a extensão do problema: superfaturamento, desvios de recursos e uma rede de cumplicidade que incluía o ex-e-atual prefeito, secretários, engenheiros e empresários.
Em 2014, um aditivo ao contrato original revelou um superfaturamento de mais de um milhão de reais. A população, que esperava a inauguração definitiva do hospital, hoje, assiste perplexa ao desenrolar de um escândalo de corrupção levantado não por esse jornal, sim, pelas denúncias enviadas ao então Juiz Sergio Moro que, culminou nesse processo onde, obtivemos embasamento jurídico nas pericias cientifica do Policia Federal para torna-la pública.
A cada nova descoberta, ficava claro que o hospital, mesmo que sendo inaugurado, era menos sobre saúde e mais sobre fins ilícito, problema esse que merece mais aprofundamento, ainda mais, agora com tantos aditivos (emendas) já aprovados. Os valores superfaturados na obra física, comprovados por laudos periciais, foi um golpe direto nos cofres públicos e, por consequência, no bem-estar da população. Se faz mais que necessário, fiscalizar com muito rigor os “custos” de sua manutenção, pois, há nelas muitas “variantes”.
O clímax dessa tragédia ocorreu em 2019, quando a justiça finalmente agiu. A 1ª Vara da Fazenda Pública de Toledo decretou a indisponibilidade de bens do ex-prefeito e de outros dez réus. Mas, apesar das decisões judiciais, o hospital permaneceu uma promessa não cumprida. Problemas estruturais impediram seu funcionamento, e a obra, que deveria estar a serviço da saúde pública de forma completa, continua a ser um monumento que necessita ser vigiado constantemente.
A cada dia, novas revelações emergem. Lá atrás, o Ministério Público do Paraná descobriu que os envolvidos haviam liberado a obra sem as devidas vistorias, tudo para garantir a liberação de R$ 887 mil à construtora antes do encerramento do convênio entre a União e o Município. Sem as licenças necessárias, o prédio não pôde ser inaugurado, e o prejuízo aos cofres públicos continuava a crescer, somando mais de R$ 2,2 milhões.
Agora, em 2024, o Hospital Regional de Toledo é um lembrete constante do fracasso das promessas políticas, mesmo estando atendendo, não é “porta aberta” e sua eficiência tanto humana quando a equipe é visto como um símbolo de incompetência. O custo total da obra ultrapassou R$ 40 milhões, e as investigações ainda revelarão novas camadas de irregularidades.
A população de Toledo, que outrora acreditou nas palavras dos políticos, agora aguarda justiça. Cada nova investigação, cada nova decisão judicial, é um passo em direção à verdade e à responsabilização dos culpados. Mas a cicatriz deixada pela corrupção é profunda, e a confiança nas instituições públicas foi severamente abalada.
Em um cenário ideal, o Hospital Regional de Toledo seria um local de cura e esperança. Mas, enquanto a justiça não é plenamente realizada, ele permanece um símbolo de promessas vazias e de uma corrupção que envergonha e enfraquece a sociedade. Faço esse lembrete amargo de que, para cada promessa não cumprida, há uma comunidade que sofre, esperando pelo dia em que a verdade prevalecerá e a saúde pública será verdadeiramente uma prioridade pública e não de grupos.