O professor Alex Machado, da Escola Nacional de Circo, sediada no Rio de Janeiro, de volta a Toledo, defendeu novamente  um envolvimento maior do poder público e da iniciativa privada para tornar o projeto do Circo da Alegria e a Mostra e Festival como um patrimônio da cidade, garantindo desta forma um melhor aproveitamento social, econômico, cultural e educacional da promoção. Alex acompanha todos os anos as apresentações dos grupos sociais durante a Mostra e dá um retorno sobre aspectos positivos e questões que precisam ser melhoradas para garantir maior evolução do projeto.

“Eu não entendo como este evento ainda não foi tombado como patrimônio do município para permitir um modo e produção efetivos e continuados, com acessos facilitados a recursos públicos e privados. O Circo da Alegria, a Mostra e o Festival são produzidos em Toledo de modo singular. Eles têm um alcance significativo e diferente, não somente pela classe artística, que é a que mais consome, mas também pela comunidade de Toledo, que abraça e apoia o projeto. Eles contribuem, incentivam, doam tempo, comida, serviços, batem à porta oferecendo ajuda. E isso é feito ao longo de todo o ano, não somente durante o Festival. Isso é algo muito positivo que não se encontra por aí”, comentou Alex.

Segundo ele, existe um vínculo comprovado entre a comunidade em torno da escola Anita Garibaldi, onde o projeto está implantado, um interesse pelas produções do circo dentro e fora da escola e ele não entende como um projeto destes, com um envolvimento tão grande, ainda não tomou a proporção de ser algo alavancado pelo poder público e pela iniciativa privada. Para ele, é necessário que governo e empresas entendam o verdadeiro significado de um trabalho como este e a sua contribuição artística, cultural, social, educacional e econômica.

“Um evento como este gera muito trabalho, empregos diretos e indiretos, movimenta a economia local, incentiva a produção artística local, divulga a cidade, entre outras questões”, disse ele, incentivando a ampliação da divulgação pelos veículos de comunicação para tornar o evento conhecido em outras cidades e atrair ainda mais pessoas. “Toledo tem um modo de produção da economia local muito forte. Isso precisa ser estudado, publicado, divulgado”.

Alex Machado, que desde 2013 participa da Mostra  e foi um dos grandes incentivadores da realização do Festival Nacional de Circo, os artistas fazem questão de vir ao evento, mesmo que a coordenação feita pelo Dado Guerra, Paula Bombonatto e Tania PIazetta , não disponha de recursos para o pagamento de cachê e demais despesas. “Ao mesmo tempo que isso é incrível, pois demonstra um encanto e um interesse grandes dos artistas de participar do evento,  a arte não pode depender apenas do amor e da boa vontade de todo mundo”, afirma.

Ele frisa ainda que a arte precisa ser valorizada e tem que ser qualificada e quantificada, com pessoas bem pagas para exercer as suas funções e com um festival bem produzido para que alcance cada vez mais gente, do melhor modo. “A Mostra e o Festival perpassa pelo viés artístico, mas atinge também muitas outras searas, inclusive sociais e econômicas. O município poderia se tornar muito mais conhecido a partir de um evento como este”.

Mostra de Circo

Ao avaliar os trabalhos apresentados durante a Mostra, Alex Machado destacou que os professores trabalharam neste ano com repertórios e modos de criação diferentes, com escolhas acertadas, tanto tecnicamente como cenicamente. Ele observou uma evolução no trabalho dos grupos com escolhas mais adequadas, de acordo com o conhecimento das crianças e adolescentes, ou indicadas para cada parte do espetáculo.

Para Alex Machado, cada projeto social tem as suas características e peculiaridades, mas em todos percebe – se bem trabalhados – as mudanças positivas que provocam na vida das pessoas. “Os projetos sociais circenses mudam a vida da criança, do jovem e do adulto, abrem horizontes, oferecem novas oportunidades, ampliam as possibilidades em diferentes áreas.  O circo é uma forte ferramenta que, se bem trabalhada, pode atingir muitos níveis de crescimento pessoal”, destacou ele, ressaltando que se a pessoa não apresenta habilidades para o palco, pode aprender outras coisas que servem para a sua vida e crescimento pessoal.

“Ele pode aprender a costurar, a se maquiar, a se relacionar melhor com as pessoas, a falar em público, a não ter vergonha de se expressar, a melhorar a sua autoestima, entre outras questões”. Cada projeto tem as suas dificuldades, que não são somente financeiras. Entre elas ele cita a desvalorização profissional  e da arte circense. “O circo não é a linguagem mais aclamada entre as linguagens artísticas, porém quando ele é de serventia para alguns poderes ou certas produções artísticas, culturais e sociais vira um ótimo chamariz, porque ele tem o dom de cativar as pessoas, ocupa um lugar no imaginário simbólico que toca muito as personalidades e os afetos. Não sei porquê não existe um interesse de valorizar este tipo de produção , de evento, de abordagem que o circo pode oferecer”, finaliza.

A XIII Mostra de Circo Social e VI Festival Nacional de Circo de Toledo é uma realização da prefeitura de Toledo, Secretaria de Educação, Escola Municipal Anita Garibaldi/Circo da Alegria e Circo Ático e conta com o apoio das secretarias municipais de Assistência Social, Cultura, Esporte, Comunicação, Administração e outros parceiros.

­­­­­­­­­­­­Jorn. Eliane Cargnelutti Torres (DRT/PR 2537)