Nesta semana, a policial penal Ângela Patrícia Hartmann se tornou a primeira gestora da Cadeia Pública de Toledo. Foto: Fernando Braga

Por Fernando Braga

Um acontecimento histórico marcou, nesta semana, a gestão das unidades prisionais que compõem a Regional de Cascavel do Departamento de Polícia Penal, sobretudo a Cadeia Pública de Toledo, que passa, pela primeira vez, a ser comandada por uma mulher.

Designada para chefiar a unidade de Toledo, a policial penal Ângela Patrícia Hartmann, que até então atuava no SOT (Setor de Operações Táticas), assumiu sua nova missão nesta segunda-feira (13).

A nova gestora prisional passa a responder pela gestão administrativa e também pela segurança e ordem da Cadeia Pública de Toledo.

A nova gestora falou sobre sua carreira e o desafio que tem pela frente.

A gestão da unidade de Toledo será um desafio para a Ângela Hartmann, que considera a tarefa recompensadora profissionalmente. Foto: Fernando Braga

Perfil

A policial penal Ângela Patrícia Hartmann é servidora de carreira dos quadros do DEPPEN (Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná). Desde 2020, quando ingressou na carreira, já desempenhou diversas atividades no sistema prisional. Lotada em Cascavel, ela trabalhou na antiga PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel), que depois de renomeada passou a se chamar PIMP (Penitenciária Industrial Marcelo Pinheiro), onde conheceu o processo da área operacional. Posteriormente, deixou os trabalhos internos e passou a acompanhar a movimentação externa dos detentos que estão em trânsito pelo estado ou sendo conduzidos para atendimentos em unidades de saúde e fóruns da região.

Ângela já atuou em revistas de mulheres que chegam à prisão para visitar os presos, uma vez que a PIMP é destinada à população carcerária masculina. Também passou pelo setor administrativo e depois seguiu na área operacional atuando de forma mais significativa em escoltas.

O pioneirismo da policial penal começa antes de fazer história no comando da Cadeia Pública de Toledo. Antes de se tornar a primeira mulher a assumir a gestão carcerária em Toledo, Ângela Patrícia foi a primeira mulher a integrar o SEP (Setor de Escolta Prisional) da Regional de Cascavel.

Com o passar do tempo, uma reestruturação do DEPPEN transformou o SEP em SOT (Setor de Operações Táticas), onde a policial penal se manteve até ser nomeada para a nova função esta semana.

O perfil da policial penal Ângela Hartmann, como aponta sua atuação profissional, demonstra aptidão para o setor operacional. Apesar disso, ela possui uma importante experiência na área administrativa, que agora lhe será muito útil.

Trajetória

Apesar de exercer seu ofício em uma unidade prisional de Cascavel, Ângela é bem conhecida em Toledo, sobretudo na área da Segurança Pública, pois durante muitos anos ela integrou os quadros de outra corporação, a Guarda Municipal.

Antes de ser aprovada em concurso da Polícia Penal, ela foi agente da Guarda Municipal de Toledo. A trajetória é compartilhada com seu marido, Rogério Lima. Através de concurso, o casal trabalhou na GM e posteriormente, por meio de outro concurso, ingressou na Polícia Penal do Estado do Paraná.

À Gazeta de Toledo, Ângela contou que ingressou na Guarda Municipal em 2011. Tempos depois, fez o concurso para o DEPPEN. Contudo, apesar da aprovação no certame, o Governo do Paraná demorou para chamar todos os aprovados e ela só foi convocada em 2020.

Desafio

A nova missão é encarada como um desafio para a nova gestora prisional. “Apesar de ser diferente do trabalho que eu realizava, estou confiante”, diz. A policial penal tem a sua disposição em Toledo uma equipe experiente, formada por servidores concursados e terceirizados.

A equipe dará todo o respaldo à nova gestora, que pela primeira vez trabalhará com pessoas privadas de liberdade que se enquadram em um perfil diferente. Boa parte da população carcerária que se encontra na prisão toledana é formada pelo que o DEPPEN classifica como GTT (gays, travestis e transexuais). Há também presos que não se enquadram neste perfil.

“Estou um pouco apreensiva para entender todo o funcionamento desta unidade. Terei que desenvolver meu jeito para lidar com essa nova realidade. É um desafio enorme. Mas acho que no final, será uma experiência recompensadora profissionalmente”.

Por fim, a gestora Ângela Patrícia Hartmann revela um de seus anseios no comando da Cadeia Pública de Toledo. “Essa unidade é tida como modelo, é uma referência no Paraná, e vamos tentar mantê-la com esse destaque”.