Além de fraudar licitações, a quadrilha teria desviado recursos destinado ao combate a pandemia do novo coronavírus

Desvios de recursos públicos, através de um esquema de fraudes em licitações, fizeram com que a Polícia Federal deflagrasse uma grande operação na região Oeste do Paraná na manhã desta quarta-feira (07/10).

As investigações indicam que até licitação relacionada ao combate da pandemia causada pelo coronavírus foi manipulada pela organização criminosa que possui vínculos entre a prefeitura de São Miguel do Iguaçu, empresários da região e um laboratório farmacêutico de Missal.

Mais de 100 ordens judiciais estão sendo cumpridas e ao menos 06 pessoas foram presas até o momento. A ação executada pela Delegacia da Polícia Federal de Foz do Iguaçu recebeu o nome de “Operação Apocalipse” e tem como propósito desarticular uma organização criminosa inserida na prefeitura de São Miguel do Iguaçu.

O prefeito da cidade, Cláudio Dutra, foi preso em 23/09 pela Polícia Civil durante investigações que apuram fraudes de mais de R$ 8,6 milhões em licitações. Veja a matéria sobre a prisão do prefeito em https://gazetadetoledo.com.br/prefeito-de-sao-miguel-do-iguacu-e-preso-em-operacao-que-investiga-fraudes-em-licitacoes/

Nesta quarta-feira, na operação da PF, estão sendo cumpridas 130 ordens judiciais, sendo duas de prisão preventiva, quatro de prisão temporária, 51 mandados de busca e apreensão e 44 ordens de afastamento de sigilo bancário e fiscal.

Além destas medidas, por meio de 30 ordens específicas, foi realizado o bloqueio de ativos financeiros e a constrição patrimonial na ordem de 20 milhões de reais.

As referidas ordens foram expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que tem jurisdição nos estados da região Sul do Brasil. A investigação tramita nesse Tribunal porque um dos investigados possui foro por prerrogativa de função.

As investigações revelaram indícios de práticas delitivas perpetradas por uma organização criminosa especializada no cometimento de fraudes em licitações, desvio de recursos públicos, falsidade e uso de documentos e lavagem de capitais dos ativos ilicitamente angariados.

De forma resumida, o esquema criminoso iniciava por meio de fraudes em processos licitatórios das secretarias de relacionadas à saúde pública, limpeza urbana e esporte e cultura.

As investigações demonstram que as empresas selecionadas, algumas delas apenas de fachada, estavam relacionadas, direta ou indiretamente, a um empresário. Com os contratos em vigor, foram realizadas inúmeras manobras ardilosas que possibilitaram o desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito daqueles que foram identificados como os supostos líderes da organização criminosa. Essas práticas possibilitaram uma exponencial evolução patrimonial de alguns investigados, cujos bens estavam ocultados em nome de laranjas.

No período de 2013 a 2020, em 25 procedimentos licitatórios, foram movimentados mais de R$ 60 milhões de verbas públicas por meio de 25 contratos celebrados com as empresas do grupo.

De acordo com a PF, foram encontrados robustos elementos que indicam que até o procedimento licitatório relacionado ao combate da pandemia causada pelo coronavírus foi manipulado pela quadrilha.

A operação, batizada de “Apocalipse”, tem seu nome relacionado ao padroeiro da cidade onde os fatos foram praticados, Arcanjo Miguel, que é reportado no livro de Apocalipse como um guerreiro na luta contra o mal.