Por Marcos Antonio Santos
Os atuais problemas com os moradores de rua em Toledo estão longe de uma solução, mesmo depois do lançamento realizado pela prefeitura, na semana passada, da campanha com o foco de não se destinar esmolas as pessoas em situação de rua. Além dos semáforos e a rodoviária, outro local em Toledo onde os moradores de rua gostam de ficar é no gramado da Catedral Cristo Rei, em frente à Praça Willy Barth. Essas pessoas se deparam com a complexidade da vida no dia a dia; a fé religiosa, bebida, fome, crimes e a decisão de deixar para trás o lar e a família.
No último domingo, 3, durante a missa das 8h, na Catedral, os presentes à cerimônia religiosa se surpreenderam quando um distinto morador de rua, com sua mochila e aparentando 60 anos de idade subiu ao altar e deixou algo na mesa de altar. Após a Eucaristia, ele retornou e retirou em cima da mesa uma correntinha, que com a sua fé desejou que o objeto fosse abençoado. E na mesma porta que entrou, ele saiu para novamente ganhar as ruas da cidade.
De acordo com o padre Hélio Bamberg, pároco da Catedral Cristo Rei, a situação dos moradores de rua é bem difícil, mas é preciso ter o princípio do acolhimento do ser humano e da sua dignidade. “Tem muitas pessoas infiltradas, até mesmo traficantes, mas a grande maioria são de pessoas que não se ajustaram sociologicamente no lar. Outros não tem para onde ir, eles também gostam de ir e vir, como todos nós, porém temos que acolhemos e criar uma estrutura que seja possível, mas também que tenham disciplina e que se comportem”, afirma.
Segundo o padre Hélio, muitas pessoas em situação de rua não gostam e ficar na Casa de Passagem, e ele disse que é preciso oferecer uma nova estrutura para essas pessoas. “A meu ver temos que ter um espaço com estrutura e banheiros. Vejo que os restaurantes, do centro da cidade, entregam marmitas para os moradores de rua. E também tem aqueles que oferecem comida para eles durante a noite. É preciso ter uma vigilância maior onde eles se concentram, principamente na Catedral e no Jardim Porto Alegre. Temos que acolhê-los e ao mesmo tempo que eles se comportem e que seja de forma condizente com a situação social de todo o ser humano”, menciona o padre Hélio Bamberg.
RESTAURANTES POPULARES – A campanha: ‘Esmola não dá dignidade! ’, visa que a população evite dar esmolas para os moradores de rua, principalmente nos semáforos. Para o secretário de Segurança e Mobilidade Urbana, Christian Guilherme Goldoni, sem esse dinheiro as pessoas de rua não iriam passar fome. Ele enfatiza que elas podem se alimentar nos Restaurantes Populares da cidade. “Nesses locais a comida é barata. Também é disponibilizado para eles alimentação por meio da assistência social. Falta de comida não será motivo para eles roubarem e furtarem. Temos ainda pessoas, infelizmente, que vão aos supermercados e compram garrafas de bebida alcoólica e entregam para os moradores de rua somente para ver o caos social. Temos que amenizar esses danos, o que não pode acontecer é a sociedade contribuir mais com esse caos social; é o que está acontecendo”.
Em alguns casos, em Toledo, já foram registrados cidadãos agredindo moradores de rua que cometeram alguma infração. Para o secretário, nesses casos é preciso acionar as forças de segurança. “Tem que se informar a segurança, seja estadual, (por meio do telefone 190), Guarda Municipal (153), de forma que tenhamos toda uma capacidade de resposta. O exercício do direito com as próprias mãos se torna crime, a pessoa que fez essa agressão também pode ser responsabilizada. Os moradores que estão brigando entre eles devem ser informados para serem tomadas as providências. Não podemos sair da legalidade para cair na ilegalidade”, informa o secretário Christian Goldoni.
O enfretamento da problemática das pessoas em situação e rua em Toledo demanda investimentos nas áreas de assistência social, de saúde e de segurança pública.
