Não posso ficar calado ao ver tantas inconformidades na gestão pública. Essa permuta efetuada pelo Município de Toledo com a empresa Mufatto merece ser revista sim. Quais motivos se está tudo acordado e concluso? Respeito aos bens e ao erário público. Se o imóvel estava sendo vendido particularmente por pouco mais de R$ 23 milhões (uma opção em mãos de um empresário de Toledo), por que para o município foi avaliado em R$ 36 milhões? Por que a Promotoria de Proteção ao Patrimônio ficou de fora? Outra pergunta: Qual será a finalidade do espaço permutado? Quanto de dinheiro será gasto para essa finalidade, afinal, é um espaço aberto, sem repartições e sem condições de ser usado de imediato, a não ser que o atual prefeito o aproveite para criar lá uma espécie de “sacolão” ou “mercado popular”?
Vejamos:
Sobre as permutas:
Segundo meu “urubu-transição”, um dos maiores burburinhos no meio dos corretores imobiliários de Toledo envolve a famosa “permuta” de áreas nobres do município, incluindo a antiga sede do Mufatto na Avenida Maripá. Um dos terrenos, localizado na Avenida Cirne Lima, tem valor venal para fins de IPTU lançado em R$ 573.047,93. Contudo, para a permuta, foi avaliado e entregue pelo valor de R$ 1.450.000,00. Já para venda em uma das imobiliárias, o mesmo imóvel foi anunciado por R$ 4.201.115,65, ou seja, um lucro de R$ 2.751.115,65 — mais de 90% em menos de 60 dias.
Mais de 250% de valorização por metro quadrado.
Um dos imóveis permutados na Avenida Cirne Lima foi originalmente avaliado e trocado pelo valor de R$ 1.292.000,00. No entanto, atualmente, a mesma propriedade está sendo anunciada por uma imobiliária pelo preço de R$ 3.200.000,00, o que representa uma valorização de aproximadamente 255% em relação ao valor pago ao município. Há alguma dúvida sobre o impacto dessas permutas?
Aprovado pelo Ministério Público
A manifestação do Ministério Público foi favorável, afirmando não haver impedimentos legais. No entanto, sob a perspectiva da depreciação do patrimônio público e da preservação do erário, tanto a minha análise quanto a de diversos corretores indicam que não houve um equilíbrio adequado nos valores envolvidos. Por essa razão, entende-se que a Promotoria de Proteção ao Patrimônio também deveria ter se manifestado, assegurando maior rigor na defesa do interesse público.
Auditorias e CPIs incomodam muita gente?
Pelos resultados das manifestações nas redes sociais sobre o tema levantado aqui, parece que sim. Muita gente saiu da toca. E isso que foi apenas uma sugestão deste colunista. Imagino se isso realmente vier a acontecer. Teremos, sem dúvida, grandes mudanças no destino de muitos políticos.
A inércia dos fiscais do povo
Em tempos de crise, em que o povo se vê desamparado diante de escândalos financeiros, a sensação de impotência é quase um destino inevitável. Em Toledo, a história se repete, só que agora o enredo envolve uma permuta que não passa despercebida. Aparentemente simples, a troca de imóveis entre o município e a empresa Mufatto levanta questões que mais parecem mistérios de um roteiro policial. Entre números, avaliações inflacionadas e interesses pouco claros, surge uma dúvida desconcertante: o que está por trás dessa permuta? E, mais importante, quem está de olho no que é de todos nós?
A perplexidade é inevitável. Como é possível que um imóvel, cuja venda particular estava sendo negociada por pouco mais de R$ 23 milhões, tenha sido avaliado em R$ 36 milhões para o município? A pergunta, simples e direta, reverbera na mente de quem ainda acredita que a transparência é a única moeda que deve circular no erário público. Mas a realidade, como sempre, parece muito mais sombria. Não bastasse essa discrepância numérica, o Ministério Público diz não ter visto óbice sobre o caso. A Promotoria de Proteção ao Patrimônio, que deveria garantir que os bens públicos fossem preservados, observou à distância, como quem finge não perceber a situação.
A cada novo número, a história ganha contornos ainda mais estranhos. Imóveis avaliados a preços inferiores ao mercado, mas que, após a permuta, são revendidos por valores exorbitantes. Não estamos falando de uma simples negociação, mas de um processo que levanta questionamentos sérios sobre a preservação do patrimônio público. Um terreno repassado pelo município por um valor de R$ 1.450.000,00, em mãos privadas, está sendo anunciado por mais de R$ 4 milhões. Onde está o equilíbrio? Onde está a vigilância? Onde estão os fiscais do povo? Nem estou relacionado os demais seis terrenos que serviram de moeda de troca, imaginem as cifras deles todos juntos?
E o mais curioso é que, mesmo com tantos indícios de irregularidades, uma onda de desinteresse parece ter se instalado entre aqueles que deveriam ser os guardiões dos nossos recursos. Será que os preços inflacionados, os lucros exorbitantes e a perda do patrimônio público são apenas mais uma página de um livro que ninguém quer ler? Ou será que, por detrás dessa história, existe algo mais?
A indignação cresce, mas o que resta é o vazio da ausência de respostas. Enquanto o povo paga impostos, sofre com a falta de serviços básicos e vê seus recursos sendo desperdiçados em transações questionáveis, a inércia dos fiscais do povo ecoa nas ruas. E, como sempre, a única certeza é que, mais uma vez, a conta vai cair sobre os ombros da população.
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