Celebramos neste domingo a Solenidade dos apóstolos São Pedro e São Paulo. Dois seguidores de Cristo, dois apóstolos, dois mártires, diferentes entre si, porém unidos no amor a Jesus Cristo e seu evangelho. Foram martirizados em momentos diferentes, porém manifestaram o mesmo testemunho da fé, por isso são, para nós, exemplos de vida e seguimento. Suas vidas, fé, testemunho, sofrimentos e amor ao evangelho sejam estímulos para cada um de nós hoje.

A liturgia de hoje nos oferece uma descrição, não só dos dois apóstolos, colunas fundamentais da fé cristã, mas também do início da Igreja. Pedro e Paulo, no contexto de nossa celebração, não são apenas dois indivíduos que responderam ao chamado de Cristo, mas simbolizam a resposta afirmativa de toda Igreja ao projeto de amor de Deus Pai.

Através do Novo Testamento nós podemos reconstruir o itinerário de suas vidas e perceber sua resposta ao chamado divino. Pedro era um pescador da Galileia, trabalhava com o pai, Jonas, e o irmão, André, no lago de Tiberíades. Neste contexto de vida foi chamado por Jesus e se tornou discípulo. Foi colocado por Jesus Cristo como o chefe da Igreja que nascia. Por isso a cátedra de Pedro foi edificada sobre o seu túmulo onde hoje está a Basílica de São Pedro, símbolo da unidade da Igreja Católica. Pedro continua sendo a rocha sobre a qual Cristo vai construindo misteriosamente sua Igreja, o sinal da unidade para todos os que invocam o nome do Senhor.

Paulo fez um caminho diferente. Foi chamado por Jesus no caminho de Damasco. A partir daquele dia sua vida se transformou e passou de perseguidor da Igreja nascente a um apaixonado por Jesus Cristo: “O amor de Cristo me impele” (2Cor 5,14). Paulo anunciava a mensagem de Jesus em todos os lugares, aos judeus e aos pagãos. Por onde passava fundava novas comunidades.

Acompanhando a história desses dois homens, podemos perceber Deus traçando o seu plano de salvação e contando com a generosidade humana para concretizá-lo. A Igreja é a comunidade daqueles que se unem a Pedro ao proclamar a fé em Jesus Cristo, “A quem iremos Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna”. Quem edifica a Igreja é Cristo.  É ele que escolhe livremente Pedro e o destina a ser coluna da Igreja. Nós conhecemos a fragilidade de Pedro, seu medo, mas também sua generosidade em deixar tudo para seguir Jesus. Por isso, ele é um instrumento nas mãos de Deus e se torna símbolo da unidade: “onde está Pedro, ali está a Igreja” (Santo Ambrósio).

Neste dia vamos rezar por toda a Igreja espalhada pelo mundo de modo especial pelo nosso Papa Francisco: que os exemplos dos Apóstolos e dos primeiros cristãos que foram fieis a Cristo estimulem uma fidelidade cada vez mais profunda ao Evangelho. Rezemos também por aqueles que sofrem perseguição por causa de sua convicção religiosa e testemunho: que eles encontrem apoio e proteção em meio aos riscos que correm por professar sua fé e amar a Igreja.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo