Formada em grande parte por solo de característica arenosa e pastagens degradadas por conta da dificuldade de equilíbrio nutricional, a região de Amambai (Sudoeste de Mato Grosso do Sul), vem recebendo por parte de alguns produtores uma boa dose de incentivo e investimento, que com o tempo pode mudar a realidade da produção, especialmente a pecuária, que apesar de extensiva, tem grande potencial de produtividade.

Um dos produtores que vem puxando a fila para essa mudança é Alberto Eduardo Rings, proprietário da Fazenda Lagoa Serena, um tradicional pecuarista da região com pelo menos 45 anos de experiência na atividade. Engenheiro agrônomo por formação, ele conta que observou nos últimos anos uma degradação ainda mais acentuada das áreas de pastagem, localizadas em regiões de solo mais fraco, composto em sua maioria por baixo teor de argila. “Optamos por fazer uma cultura intermediária para que o pasto, que entra na sequência, se beneficiasse dos resíduos como fertilizantes e corretivos. Por isso, experimentamos utilizar o sorgo na forma de plantio direto em cima do pasto, o que acabou nos dando um excelente resultado”, celebra Rings.

A grande sacada, conforme o pecuarista, é que além de fazer a reciclagem de nutrientes necessária para a nutrição do pasto, o sorgo serve como alimento para o gado depois de cortado. Na Fazenda Lagoa Serena é utilizado em forma de composto energético. “É a nossa matéria-prima para silagem, que serve de alimentação tanto para o gado de corte como para o confinamento”, esclarece o produtor, acrescentando que nos dias atuais é preciso se reinventar na atividade agropecuária. “O momento é de transformação, para fazer uma pecuária moderna e produzir a maior quantidade de carne possível por hectare, agregando valor”, alerta.

Conforme o ‘seo’ Alberto, muito embora seja o primeiro ano da experiência, que culminou com um período de estiagem, os resultados foram satisfatórios, ficando acima das expectativas. “Poderia ter sido melhor, mas ainda assim foi bom e acreditamos que para o próximo ano vamos melhorar”, garante ele, que iniciou o projeto em uma pequena área da fazenda de 1.300 hectares.

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Antes do sorgo, a cana-de-açúcar também entrou no esquema da propriedade, sendo destinada exclusivamente para a alimentação dos animais. A cultura agora complementa o sistema junto com híbrido.

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Aliado à oferta de comida, o investimento em genética é outro fator que alavanca os resultados da fazenda. Além da tradicional raça Nelore, ele cria e faz cruzamento com touros da raça Brahman. Formado por um cruzamento de quatro outras raças: Gir, Nelore, Guzerá e Krishna Valley, que tem sua origem nos Estados Unidos e recentemente foi introduzido ao Brasil. “Mas é preciso ter comida, não só genética”, observa Rings, que desenvolve também o sistema de fecundação in vitro (FIV). Uma estratégia que melhora a raça e o desempenho dos animais. “Temos sêmens importados e doadoras de excelente qualidade. Com isso conseguimos fazer um gado puro a partir da fecundação”, explica ‘seo’ Alberto, que se divide entre a cidade de Maringá (Norte do Paraná), onde vive com a família, e Amambai (Mato Grosso do Sul), onde faz a gestão da propriedade ao lado do filho Marcos Eduardo Rings, seu braço direito. 

O caminho escolhido pelos Rings serve como exemplo e pode ser a solução para o incremento de produtividade pecuária, na opinião do médico veterinário João Aurélio Maciel, da Coamo em Amambai. “O crescimento dos resultados na fazenda é eminente porque o planejamento é bem feito. Este é o caminho para melhorar a atividade pecuária nesta região que sofre com estiagem e solo muitas vezes fraco”, orienta o veterinário, reforçando a importância de se produzir volumoso para alimentação do rebanho. “O gargalo é a produção de comida e o solo exige bastante. Custa investimento, mas o resultado vem”, diz.

Fonte: COAMO