A força da união dos trabalhadores levou mais de 10 mil servidores públicos do estado para a manifestação realizada nesta segunda-feira (29) em Curitiba, que cobrou do governador Ratinho Junior (PSD) a promessa de pagar a data-base e atender outras pautas das categorias. O protesto teve início na Praça Santos Andrade e seguiu em caminhada pelas ruas da capital até o Palácio Iguaçu, onde uma comissão de lideranças foi recebida pelo vice-governador, Darci Piana.

De acordo com a coordenadora do Fórum das Entidades Sindicais (FES), professora Marlei Fernandes, após mais de duas horas de reunião, o governo recuou do discurso de que não pagaria a data-base. Ficou encaminhado que, a partir desta terça-feira (30), um grupo de trabalho com representantes dos servidores, governo e deputados, vai debater os números para definir o percentual de reposição nos rendimentos do funcionalismo para esse ano e as demais reivindicações. “Foi acertado que não será votada a reposição dos servidores de outros poderes, como Legislativo e Judiciário, sem colocar em votação também a nossa”, disse. 
Marlei acrescentou que o dia de paralisação não deverá ser registrado como falta. Ela explica que essa demanda foi colocada em discussão e o governo aceitou debater no grupo de trabalho a forma de reposição. “Falamos também do mínimo regional, da situação deficitária do serviço público em todas as áreas, da necessidade de concurso público, da Paranaprevidência, da jornada dos profissionais da educação, do adoecimento e da perícia médica, dos problemas das universidades e todas as demais necessidades urgentes do serviço público”, relatou.

Para o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, a iniciativa do governador Ratinho Junior em reproduzir políticas e ilegalidades contra o funcionalismo é o motivo da revolta dos trabalhadores. “O conjunto de insatisfações, reforçado pela memória do 29 de abril de 2015, trouxe milhares de servidores para a rua no dia de hoje. A gente considera uma data muito importante e que devemos manter esse estado de vigilância permanente, de mobilização, para conseguirmos respostas dos itens centrais e principalmente resistir a qualquer tentativa de retirada de direitos das nossas categorias”, comentou.

Além da capital, houve protestos nas principais cidades do estado, como Maringá, Londrina, Cascavel e Foz do iguaçu. Escolas e universidades fecharam as portas. A adesão também contou com as categorias da segurança pública, da saúde e do meio ambiente. No total, cerca de 30 sindicatos participam da mobilização.
Os servidores públicos do Paraná estão com os salários congelados desde 2016 e, segundo o DIEESE, as perdas já somam 17,02%. De acordo com o economista Cid Cordeiro, os trabalhadores estão deixando de receber o equivalente a dois meses de salário por ano.

Além de cobrar o pagamento da data-base, a manifestação se posicionou contra a reforma da Previdência e fez memória do Massacre do Centro Cívico, como ficou conhecida a trágica repressão policial ocorrida no dia dia 29 de abril de 2015, em frente a sede do governo do estadual. Centenas de professores, que protestavam contra a retirada de direitos, ficaram feridos após serem alvejados pela Polícia com bombas de gás, spray de pimenta e balas de borracha. A ação foi ordenada pelo ex-governador Beto Richa (PSDB).

Fonte: Assessoria