Por Marcos Antonio Santos

Neste domingo, 12, será comemorado o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais (o profissional que produz a informação), e neste ano o tema é: Inteligência Artificial e Sabedoria do Coração: por uma comunicação plenamente humana.

“O Papa Francisco deixa claro que a Igreja Católica não é contra a inteligência artificial, muito pelo contrário, apoia e estimula. Porém, a IA ainda é algo que está sendo construída, talvez muitos não tenham a dimensão do tamanho. Passamos pela primeira onda com as redes sociais, que está ao alcance das nossas mãos, as pesquisas que fazemos nos buscadores dos nossos celulares que depois recebemos várias propagandas, isso é um reflexo de como a IA entra no nosso dia a dia. O Papa disse que não podemos cair no pântano da ignorância, que sempre nos desafiemos a criar algo novo. A criatividade é um dom recebido por Deus”, afirma o padre André Boffo Mendes, coordenador diocesano da Ação Evangelizadora e assessor da Pastoral da Comunicação de Toledo.

CELEBRAÇÃO – No sábado, 4, durante uma missa celebrada por Dom João Senene e o padre André, na Catedral Cristo Rei, e de um almoço oferecido a imprensa da cidade e região pela Diocese de Toledo e a Pastoral da Comunicação (Pascom), foi apresentada a mensagem escrita pelo Papa Francisco para comemorar o Dia Mundial da Paz. Todos os anos o Santo Padre envia ao mundo essa carta que é lida e divulgada próximo ao dia da Festa Litúrgica da Ascensão do Senhor, que este ano será neste domingo, 12.

MENSAGEM – Em um trecho da carta, Francisco menciona que: “Cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração. O próprio corpo, criado para ser lugar de comunicação e comunhão, pode tornar-se instrumento de agressão. Da mesma forma, cada prolongamento técnico do homem pode ser instrumento de amoroso serviço ou de domínio hostil. Os sistemas de inteligência artificial podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações. Por exemplo, podem tornar acessível e compreensível um património enorme de conhecimentos, escrito em épocas passadas, ou permitir às pessoas comunicarem em línguas que lhes são desconhecidas. Mas simultaneamente podem ser instrumentos de «poluição cognitiva», alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras. Basta pensar no problema da desinformação que enfrentamos, há anos, no caso das fake news e que hoje se serve da deep fake, isto é, da criação e divulgação de imagens que parecem perfeitamente plausíveis, mas são falsas (já me aconteceu a mim também ser objeto delas), ou mensagens-áudio que usam a voz duma pessoa, dizendo coisas que ela própria nunca disse”.

RESPONSABILIDADE – De acordo com Dom João, o papel da igreja é sempre alertar para que todos utilizem a IA com responsabilidade e ética. “O Papa alerta nessa mensagem que a IA seja uma ponte entre a sociedade, que seja usada para o bem. Para a igreja, o desejo é que seja uma ferramenta para levar a palavra de Jesus a todos os lugares”.

Com as tecnologias, as redes sociais e as facilidades das mídias eletrônicas, todos são comunicadores, e não somente os jornalistas. Dom João disse que é preciso ter cuidados, porque hoje se tem respostas para tudo. “As informações por serem rápidas também são superficiais, por isso precisamos de temas que tenham profundidade para que as pessoas possam se sentirem membros da igreja e da sociedade, e que deem seu parecer, mas com responsabilidade”, afirma.

ELEIÇÕES 2024 – Padre André disse que em breve a Igreja Católica irá lançar e distribuir uma cartilha orientando as pessoas sobre as eleições municipais deste ano. E ele faz um alerta para que as pessoas não acreditem em campanhas falsas. “Estamos nos aproximando do período de eleições e o Papa Francisco chama a atenção para as fake news e deep fake, que podem produzir informações que não condizem com a realidade, por isso sempre a importância de identificar as fontes, se é de uma mídia confiável, e isso vale para todas as realidades”.

Para o padre André, a inteligência artificial que se produz pode ter também espiritualidade. “ Nas nossas comunidades religiosas formamos agentes para que eles comuniquem, que postem nossos conteúdos nas redes sociais, que façam proximidade das transmissões das programações das paróquias e a própria Pascom também estimula para que se utilizem as ferramentas para produzir conteúdos inéditos. Que possamos ter critérios para se alinhar o que é produzido com a doutrina da igreja, ou seja, a importância de sempre utilizar as fontes. A IA é uma forma de processar algoritmos e organizar as informações de maneira veloz, porém o ponto inicial é a criatividade. A IA pode nos enriquecer nas ferramentas para fazer com que a espiritualidade cresça nas pessoas”, menciona padre André Boffo.

Papa Francisco encerra a mensagem dizendo que a resposta não está escrita; depende de nós. Compete ao homem decidir se há de tornar-se alimento para os algoritmos ou nutrir o seu coração de liberdade, sem a qual não se cresce na sabedoria. Esta sabedoria amadurece valorizando o tempo e abraçando as vulnerabilidades.