Dilceu Sperafico. Foto: José Fernando Ogura/AEN

Por Dilceu Sperafico*

O desmatamento ilegal, a contaminação do solo e dos recursos hídricos e o uso de combustíveis fósseis, são, sem dúvida alguma, ameaças muito graves à natureza e à própria sobrevivência da humanidade, mas há ainda problemas tão ou até mais sérios, como é o caso da poluição pelos plásticos.  

De acordo com levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), anunciado ainda antes da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-26), realizada entre os dias 1º e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, os plásticos já representam 85% do lixo marinho e até 2040 esse volume assustador deverá triplicar, com a poluição causada por esses materiais não degradáveis sendo duplicada até 2030.

Para se ter ideia da gravidade da situação, que por alguma razão desconhecida raramente é citada por ambientalistas e ongs mais radicais, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), as emissões de gases causadas por plásticos devem subir para 6,5 de gigatoneladas até 2050, causando péssimas consequências para a saúde humana, economia, biodiversidade e estabilidade do clima.

[bsa_pro_ad_space id=17] [bsa_pro_ad_space id=15]

A solução apontada por especialistas da organização para a estabilização e redução dessa tragédia ambiental é investir em energias renováveis e acabar com os subsídios oferecidos à produção e consumo dos combustíveis fósseis. Os responsáveis pelo levantamento do Pnuma acreditam ainda ser possível reverter essa crise, desde que haja vontade política e ação urgente, de parte de autoridades e da população.

O relatório revelou que em 2015 as emissões de gases de efeito estufa causadas por plásticos eram equivalentes a 1,7 gigatoneladas de CO2, mas a projeção atual é que até 2050 esse volume cresça quase 400%. Isso porque, segundo os especialistas, até algumas alternativas para a crise desse material também são nocivas ao meio ambiente, incluindo os plásticos biodegradáveis.

Para os pesquisadores, a solução seria a suspensão imediata do consumo de plástico com a eliminação de falhas do mercado, como os altos preços de materiais reciclados e a falta de esforços para o manejo do lixo causado pelos plásticos, pois sobram argumentos científicos sobre a urgência de ações de proteção dos oceanos poluídos.

Isso porque, conforme já destacamos, atualmente os plásticos já representam 85% do lixo marinho e até 2040 esse volume deverá triplicar, porque a cada ano até 37 milhões de toneladas de lixo acabam sendo levadas aos oceanos, o que significa 50kg do material para cada metro de área litorânea.

Em consequência dessa poluição assustadora, plânctons, mariscos, pássaros, tartarugas e mamíferos enfrentam graves riscos de sufocamento, intoxicação, problemas de comportamento e fome, colocando em risco a vida marinha, que é fundamental para a estabilidade do clima do planeta.

O levantamento destacou ainda que o corpo humano também é vulnerável à poluição por plásticos, já que partículas são ingeridas durante o consumo de peixes, de bebidas e até do sal comum. Os microplásticos podem também penetrar nos poros e/ou serem inalados quando estão suspensos no ar.

De acordo com o relatório, os impactos dessa poluição para a economia mundial até 2040 poderão atingir perdas de 100 bilhões de dólares anuais para as empresas e consumidores, caso não se exija de imediato que a indústria assuma todos os custos do manejo do lixo de plástico.

*O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br