Dilceu Sperafico. Foto: José Fernando Ogura/AEN

Dilceu Sperafico*

Apesar das dificuldades econômicas, sociais e políticas, do País e do mundo, o Brasil vem adotando medidas inovadoras, importantes e positivas para toda a população atual e o futuro das novas gerações, como é o plano de recuperação da educação. O objetivo é enfrentar e superar os enormes prejuízos de aprendizagem das crianças durante e após a pandemia de Covid-19, que impediu o ensino presencial e impôs dificuldades no estudo à distância para as famílias de menor renda.

Para enfrentar esse desafio, o Brasil lançou plano ambicioso, como é a Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica, apontada pelo Banco Mundial como uma das principais iniciativas globais na área educacional e modelo para outros países que enfrentam dificuldades semelhantes.

Com diversas ações, em diferentes estágios de implantação, o plano tem o objetivo de dar verdadeira guinada no atual sistema de ensino, para que a educação básica realmente contribua para o desenvolvimento sustentável de cidadãos e do País pelas próximas décadas, superando muitos e enormes desafios, como garantir orçamento necessário para sua execução.

A boa notícia é que o Banco Mundial afirma apoiar o projeto com financiamento de 250 milhões de dólares, aprovado em 12 de maio último. Conforme o Ministério da Educação (MEC), parte desses recursos deverão ser direcionados como repasses extras para escolas do Norte e Nordeste do Brasil, que são regiões mais pobres e sofreram impactos ainda maiores durante a pandemia, pela dificuldade em oferecer ensino remoto de qualidade e de maneira adequada.

O plano, anunciado recentemente, no entanto, será direcionado a todas as redes municipais e estaduais de ensino, públicas e privadas, de todo o País. O objetivo inicial é reduzir os prejuízos sofridos com a suspensão das aulas nas escolas, pois o Brasil foi um dos países que manteve as crianças por mais tempo sem acesso às unidades escolares.

Conforme estudo divulgado no mês de maio último pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), esse cenário levou à queda de 9,1% no rendimento e/ou conhecimento médio da geração atingida em sua vida adulta e profissional, caso nada seja feito para recuperar o ensino suspenso.

Esse é o 3º pior resultado entre as economias emergentes e desenvolvidas do chamado G20, formado pelas 20 principais economias do mundo, atrás apenas da Indonésia e México, que apresentaram quedas estimadas de 9,7% e 9,9%, respectivamente, o que não representa nada de promissor para a educação pública e privada nacional.

Conforme especialistas, informações atualizadas confirmam o que se temia da pandemia, pois há casos de escolas de alguns países onde 100% das crianças apresentam nível de aprendizado abaixo do esperado. Para completar, não foram apenas habilidades técnicas que sofreram impacto negativo, pois a saúde mental dos estudantes também passou a necessitar de maior atenção do poder público, como aponta a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME).

Educadores afirmam que já se esperava, em função do distanciamento na pandemia, problemas de caráter socioemocional entre os alunos, mas o problema se manifestou com intensidade maior do que o esperado. Levantamentos apontam salto nas questões de ansiedade e doenças mentais graves, além do crescimento de diagnósticos de autismo, o que preocupa educadores e famílias do mundo inteiro.

*Dilceu Sperafico é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br