Dilceu Sperafico*

            As devastações de florestas, por desmatamento irregular e/ou incêndios criminosos ou não, como ocorrem há décadas na Amazônia, tanto em território brasileiro como em quase uma dezena de outros países sul-americanos, além da Europa e Estados Unidos, representam, sem dúvida alguma, verdadeiras tragédias para a natureza e a própria vida, mas precisamos nos conscientizar que não são os únicos atentados contra os recursos naturais e o equilíbrio ambiental.

            No Brasil, por exemplo, há pouco tempo se dizia que o rompimento de barragens de rejeitos de mineradoras, nos municípios de Mariana Brumadinho, ambos em Minhas Gerais, se tratavam dos maiores desastres ambientais da história do País, pois mataram centenas de pessoas, desalojaram milhares de famílias, destruíram cidades e vilas e causaram prejuízos econômicos de bilhões de reais.

            Em ambos os desastres, vale lembrar, milhares de trabalhadores perderam, além da vida de familiares e patrimônio pessoal, construído ao longo de uma existência, seus empregos e as prefeituras as principais fontes de arrecadação, ficando sem recursos para prestação de serviços básicos aos seus habitantes, em área prioritárias como saúde, educação, assistência social, habitação, infraestrutura urbana e rural, esporte, cultura e assim por diante.

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            Todo esse conjunto de tragédias humanas, ambientais e econômicas, no entanto, perderam importância e atualidade no atual noticiário de grandes jornais, revistas de circulação nacional, emissoras de rádio e televisão e redes sociais, cedendo espaços para repetidas imagens de queimadas de matas, sem citação de localização, data de registro, culpados e/ou beneficiados pela sua ocorrência, danos proporcionais causados à região afetada e providências tomadas para a proteção da natureza e punição exemplar dos verdadeiros responsáveis.

            Além disso, não se pode omitir ou esquecer os gravíssimos danos ambientais causados por aglomerados urbanos do mundo inteiro, que vão da devastação de antigas matas nativas, à contaminação do solo, rios, nascentes e do ar, queima de combustíveis fósseis, emissão de poluentes industriais e todos os demais males decorrentes da reunião de multidões em áreas restritas, como favelas, sem nenhuma preocupação com a causa ambiental e/ou sanitária.

            Prova disso, é que milhões de pessoas, em cidades de pequeno, médio e grande porte do Brasil e do mundo, não contam com redes de distribuição de água tratada, coleta e tratamento de esgotos, destinação correta de lixo doméstico e outros resíduos e programas de preservação da saúde de moradores, incluindo crianças e idosos, e todos os demais problemas denunciados diariamente pela população, sem qualquer solução efetiva de parte do poder público.

            A preocupação com a preservação dos recursos naturais, incluindo florestas, cursos d’água e atmosfera, na verdade, já está chegando ao consumo de combustíveis fósseis por aeronaves de passageiros, ao ponto de países europeus desestimularem o uso do transporte aéreo, além dos crescentes riscos do acúmulo de resíduos de eletrônicos, em cidades do mundo inteiro.

            Diante disso, só nos resta a alternativa de fazer a nossa parte, na destinação do lixo doméstico e material reciclável, redução do uso de plásticos, uso de transportes alternativos, limpeza de vias públicas e conscientização preservacionista entre nossos familiares e semelhantes.

*O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado. E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

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