Ficou definido no seminário “Oeste Sustentável”, realizado em Toledo, um tripé para a sustentabilidade na região embasado em três princípios: o social, o ambiental e o econômico. Esses três fatores precisam ser integrados para que a sustentabilidade de fato aconteça.
Social: Englobará de modo especial nesta etapa inicial os produtores de proteína animal dos municípios de Toledo, Nova Santa Rosa, Quatro Pontes, Marechal Cândido do Rondon, Entre Rios do Oeste e Pato Bragado, proporcionando-lhe melhores condições de vida, como saúde, segurança e de trabalho.
Ambiental: Com foco na preservação dos recursos naturais da região atendida, de modo especial a água e o solo que são utilizados pelas pelos produtores e indústrias em suas unidades de produção e transformação.
Econômico: Relacionado com a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Neste aspecto o programa permitirá a ampliação da cadeia de produção de proteína animal com sustentabilidade – transformando passivos em ativos econômicos e ambientais (créditos de carbono); ampliação significativa dos ganhos econômicos nas unidades de produção; redução dos custos de produção com a destinação e tratamento adequados dos dejetos e/ou resíduos da produção agropecuária; e melhoria significativa das receitas municipais.

“Nós temos que pensar na geração de energias limpas, e o Oeste dispõe de um potencial gigantesco para a geração de biogás, biometano e da biomassa. As energias limpas e renováveis estão no contexto desse século XXI, e muitos países buscam modificar suas fontes energéticas, valendo-se, por exemplo, da energia eólica e fotovoltaica”, pondera o promotor Giovani Ferri, que também indaga: “E por que não gerar energia limpa, biomassa, biogás e metano dos dejetos da suinocultura e da avicultura?”
Sobre a recente inauguração da Frimesa, maior frigorifico de abates de suínos da América do Sul, em Assis Chateaubriand, Dr. Giovani Ferri afirma ser louvável a iniciativa do seminário para alinhar desde o começo a gestão dessa cadeia produtiva, não só da proteína animal, como também seus dejetos. “Isso será muito positivo para todo o Paraná”, afirma o promotor de Justiça, que também é o coordenador regional do Gaema (Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente).

Perguntei a Patrick Dahlemann, chanceler (governador) do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental o porquê de a Alemanha estar interessada em investir nos projetos sustentáveis do Brasil. Ele respondeu que “há décadas já existe essa intenção e troca intensiva do nosso estado com o Brasil. Precisamos ampliar nossos projetos e tecnologias, pois temos que fortalecer a energia verde e o prazo de uso do petróleo (combustível fóssil)”. “Nosso país tem prazo para acabar e fazer essas parcerias com o estado e com a cidade de Toledo. [Isso] É garantia de ambiente sustentável”, disse Patrick.

O Oeste do Paraná tem o maior “poço de petróleo verde” do mundo e isso ascendeu a importância da região. A Alemanha, nova matriz ambiental e econômica, dentro de suas necessidades, precisa eliminar os combustíveis fósseis até o ano de 2030, e essa fonte que eles precisam está aqui no Oeste do Paraná. Nós temos um problema [a falta de descarte racional e adequado dos dejetos suínos] e os alemães têm a tecnologia e os recursos que necessitamos, afirmara Neudi Mosconi, responsável pela gestão de grande programa sustentável do Brasil.
“Esse seminário teve como objetivo a unidade e agregação de todos esses setores, para que cada um faça sua parte, e que as cooperativas, os agentes públicos, a Amop, a Acamop e os governos abracem esse projeto, essa nova matriz econômica que já provou sua viabilidade em todos os contextos, inclusive, sendo vista como uma nova Prati-Donaduzzi, uma nova BRF e uma nova Frimesa”, disse Mosconi.
Ampliação de plantel restrito

Para Renato Tracht, diretor da Fundação para o Desenvolvimento Sustentável, Científico e Tecnológico de Toledo (FUNTEC), um dos grandes entraves de nossas agroindústrias é o fator aumento da produção. “A cidade de Toledo tem um grande problema que se chama ‘restrição na ampliação de plantel’, por não mais haver espaço físico para a expansão de novos aviários e chiqueirões”, disse.
“Portanto, esse seminário veio para buscar soluções com esse passivo ambiental, e cito aqui uma informação que me é nova, de que um dos valores agregados na nossa produção é o dejeto de suínos”, complementa. “Esse é nosso caminho: lucrar com os passivos da própria produção da proteína animal”, afirma Renato.